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quarta-feira, 30 de abril de 2008

terça-feira, 29 de abril de 2008

Terça-Feira Luminosa

Eis uma máxima sábia: "No dia da felicidade, esquecemos todos os males" (Si 11,25). Hoje foi esquecida a sentença lançada sobre nós, melhor, não foi esquecida mas anulada! Este dia apagou completamente qualquer lembrança da nossa condenação. Outrora, o parto passava-se na dor; agora, o nosso nascimento é sem sofrimento. Outrora não éramos senão carne, nascíamos da carne; hoje o que nasce é espírito, nascido do Espírito. Ontem, nascíamos simples filhos dos homens; hoje nascemos filhos de Deus. Ontem, éramos os rejeitados dos céus sobre a terra; hoje, Aquele que reina nos céus faz de nós cidadãos do céu. Ontem a morte reinava por causa do pecado; hoje, graças à Vida, é a justiça quem toma o poder.

Um único homem abriu-nos outrora as portas da morte; hoje, um único homem traz-nos de novo à vida. Ontem, perdemos a vida por causa da morte; mas hoje a Vida destruiu a morte. Ontem, a vergonha fazia-nos esconder debaixo da figueira; hoje, a glória atrai-nos para a árvore de vida. Ontem, a desobediência tinha-nos expulsado do Paraíso; hoje, a nossa fé faz-nos entrar nele. De novo nos é oferecido o fruto da vida para que o saboreemos tanto quanto quisermos. De novo a nascente do Paraíso, cuja água nos irriga pelos quatro rios dos evangelhos (cf Gn 2,10), vem refrescar todo o rosto da Igreja...

Que devemos fazer agora, senão imitar, nos seus saltos jubilosos, as montanhas e as colinas das profecias: "Montanhas, saltai como carneiros; e vós, colinas, como cordeiros!" (Sl 113,4) Vinde, pois, gritemos de alegria no Senhor! (Sl 94,1) Ele quebrou o poder do inimigo e ergueu o grande troféu da cruz...
Digamos, pois: "Grande é o Senhor nosso Deus, um grande rei em toda a terra!" (Sl 94,3; 46,3) Ele abençoa o ano coroando-o com os seus benefícios (Sl 64,12) e reune-nos num coro espiritual, em Jesus Cristo, nosso Senhor, a quem pertence a glória pelos séculos dos séculos. Amen!
São Gregório de Nissa

São Basílio


Hoje celebramos São Baílio, Bispo de Zakholmsk.
São Basílio nasceu em uma família piedosa, no séc. XVI, em Popo, distrito da Herzegovina. Ao se tronar adulto, São basílio deixou o seu lar para abraçar a vida monástica. Por sua piedade notória, foi eleito bispo de Zakholm e Skenderia. O santo no exercício do seu episcopado deu provas de sua santidade por meio dos muitos milagres que ele operou, belo bom pastor que ele foi e por sua sabedoria. São Basílio morreu em paz e foi enterrado na cidade de Ostrog na Chernogoria, fronteira com a Herzegovina.

O Milagre do Fogo em Jerusalém



Milhares de fiéis ortodoxos lotaram a Igreja da Ressurreição (Santo Sepulcro) na noite do sábado durante a Vigília Pascal, para celebrar a ressurreição de Cristo e para ver o Milagre do Fogo Sagrado (ver na coluna ao lado os vídeos da cerimônia). A cidade de Jerusalém também teve suas ruas tomadas por fiéis das Igrejas Coptas (do Egito e Etiópia) e da Igreja Assíria que acorreram para ver a cerimônia sagrada.

O Milagre do Fogo Sagrado ocorre desde o século VIII e atualmente é motivo de "orgulho" dos Ortodoxos, pois, desde a separação entre a Igreja do Oriente e do Ocidente, o milagre só acontece nas cerimonia ortodoxa e, por esta causa, cristãos de outras igrejas disputam (às vezes de maneira tumultuada) um lugar na Igreja.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Segunda-Feira Luminosa

A partir do momento em que nosso Senhor ressuscitou dos mortos e os apóstolos foram revestidos com a força do alto pela vinda do Espírito Santo (Lc 24,49), eles ficaram cheios de certeza a propósito de tudo e receberam o perfeito conhecimento. Então, foram até às extremidades da terra (Sl 18,5), proclamando a Boa Nova que nos vem de Deus e anunciando aos homens a paz do céu, eles que possuíam - todos por igual e cada um em particular - o Evangelho de Deus.

Assim, Mateus, no meio dos Hebreus e na sua própria língua, publicou uma forma escrita do Evangelho, enquanto Pedro e Paulo evangelizavam Roma e aí fundavam a Igreja. Após a morte deles, Marcos, discípulo de Pedro e seu intérprete (1Pe 5,19), transmitiram-nos também por escrito a pregação de Pedro. Por seu lado, Lucas, companheiro de Paulo, consignou num livro o Evangelho pregado por este. Por fim, João, o discípulo do Senhor, o mesmo que tinha repousado sobre o seu peito, publicou também ele o Evangelho, durante a sua estadia em Éfeso...

Marcos, intérprete e companheiro de Pedro, apresentou assim o início da sua redação do Evangelho: «Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. Tal com está escrito nos profetas, "eis que envio o meu mensageiro diante de ti para preparar o teu caminho"»... Como se vê, Marcos faz das palavras dos santos profetas o início do Evangelho, e aquele que os profetas proclamaram como Deus e Senhor, Marcos põe-no logo a abrir como Pai de nosso Senhor Jesus Cristo... No fim do Evangelho, Marcos diz: «E o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi levado aos céus e sentou-se à direita de Deus». É a confirmação da palavra do profeta: «Oráculo do Senhor ao meu senhor: Senta-te à minha direita e eu farei dos teus inimigos escabelos para os teus pés» (Sl 109,1).

Santo Ireneu de Lyon

domingo, 27 de abril de 2008

CRISTO RESSUSCITOU!



Cristo ressuscitou! Em verdade ressuscitou!
Cristo ressuscitou! Em verdade ressuscitou!
Cristo ressuscitou! Em verdade ressuscitou!

Tu desceste ao mais profundo da terra
e partiste os ferrolhos eternos
que detinham os cativos, ó Cristo
e, ao terceiro dia, como Jonas do ventre da baleia,
tu saíste do tumulo.

Cristo ressuscitou dos mortos!

Permanecendo selada a pedra do tumulo,
dele te levantaste, ó Cristo,
tu que, ao nascer, não havias violado o seio da Virgem
e abriste-nos as portas do Paraíso.

Cristo ressuscitou dos mortos!

Meu Salvador Vítima viva e não imolada
que, como Deus te ofereceste voluntariamente a teu Pai,
Tu que ressuscitando do tumulo,
ressuscitaste contigo Adão e toda tua linhagem.

Cristo ressuscitou dos mortos!

É o sol anterior ao sol, outrora descido ao túmulo,
que, antecedendo a aurora, as virgens portadoras de aromas
procuravam ao romper do dia.
Diziam elas entre si;
“com os nossos aromas vamos ungir o corpo
vivificante e sepultado,
a Carne que ressuscita Adão caído
e que está deitado em seu Sepulcro.

Vamos apressemo-nos, como os magos,
e ofereçamos como dons os aromas
Àquele aquele que está envolto
não em faixas, mas em um sudário
e choremos e gritemos: Senhor levanta-te
tu que concedes a ressurreição aos que sucumbiram.

No santo e grande Domingo de Páscoa,
nós festejamos a vivificante Ressurreição
de Nosso Senhor, Deus e Salvador Jesus Cristo.

Descendo Cristo, só para lutar com o inferno,
dele subiu levando numeroso espólio, fruto de sua vitória.
A Ele a glória e o poder, pelos séculos dos séculos. Amém.

Testemunhas da Ressurreição de Cristo,
adoremos o Senhor Jesus, o Único Santo, o único sem pecado.

Nós veneramos a tua cruz, ó Cristo,
nós cantamos e glorificamos a tua santa Ressurreição,
pois Tu és o nosso Deus e nós não conhecemos outro.
É o teu Nome que nós invocamos.

Vinde fiéis adoremos todos a santa Ressurreição de Cristo,
pois eis que a Cruz trouxe a alegria ao mundo inteiro.

Bendizendo eternamente o Senhor,
nós cantamos a sua ressurreição,
pois tendo aceito a Cruz por nós,
pela morte Ele venceu a morte. (3 vezes)

Jesus, tendo saído do túmulo como havia predito,
concedeu-nos a vida eterna e a sua grande misericórdia.

Homilia de São João Crisóstomo

Discurso catequético sobre a Páscoa de nosso Pai entre os Santos, João Crisóstomo.

Quem tiver piedade e amor a Deus, regale-se nesta gloriosa e brilhante festa; quem for servo bom, entre alegre no gozo de seu Senhor; quem suportou a fadiga do jejum, receba agora a sua remuneração; quem trabalhou desde a primeira hora, receba hoje o seu justo salário; quem veio após a terceira hora, festeje com gratidão; quem chegou após a sexta hora, entre sem hesitar, porque não será castigado; quem atrasou-se até a nona hora, venha sem receio; quem chegou somente na undécima hora, não tenha medo por causa de sua demora, porque o Senhor é generoso, acolhe o último como o primeiro; remunera o operário da undécima hora como o da primeira; cobre um com sua misericórdia e outro com sua graça; a um dá, a outro perdoa; aceita as obras e abençoa a intenção; recompensa o trabalho e louva a boa vontade. Entrai, pois, todos no gozo de nosso Senhor; primeiros e últimos recebei a recompensa; ricos e pobres, alegrai-vos juntos; justos e pecadores, honrai este dia; vós que jejuastes e vós que não jejuastes, regozijai-vos uns com os outros; a mesa é farta, saciai-vos à vontade; o vitelo é gordo, que ninguém se retire com fome; tomai todos parte no banquete da fé; participai todos da abundância da graça; que ninguém se queixe de fome, porque o reino universal foi proclamado; que ninguém chore por causa de seus pecados, porque o perdão jorrou do túmulo; que ninguém tema a morte, porque a morte do Salvador nos libertou a todos.

(O Salvador) destruiu a morte, quando a ela se submeteu; despojou o inferno, quando nele desceu; o inferno tocou seu corpo e foi aniquilado.
Foi isto que profetizou Isaías, exclamando: “o inferno foi aniquilado e arruinado; aniquilado e menosprezado, aniquilado e executado, aniquilado e espoliado, aniquilado e subjugado. Agarrou um corpo e encontrou um Deus; apossou-se da terra e achou-se defronte ao céu; pegou no que viu e caiu donde não viu”.

Onde está tua vitória, ó inferno? Onde está o teu aguilhão, ó morte? Cristo ressuscitou e foste arrasada: Cristo ressuscitou e os demônios foram vencidos; Cristo ressuscitou e os anjos rejubilaram-se; Cristo ressuscitou e a vida foi restituída; Cristo ressuscitou e não ficou morto nenhum no túmulo, porque Cristo, pela sua ressurreição dos mortos, tornou-se primícias de todos os mortos.

sábado, 26 de abril de 2008

GRANDE SÁBADO SANTO



Na Ortodoxia o “Grande Sábado Santo” é assim chamado, não só porque neste dia Cristo estava fisicamente na tumba, mas, também, porque em Espírito desceu ao Inferno para de lá resgatar e levar para o Paraíso os que no Hades se achavam cativos.

As matinas do Grande Sábado Santo (a qual geralmente acontece na sexta-feira à noite para que uma maior número de pessoas possa participar) assume a forma de um serviço funerário para Cristo. O ofício inteiro acontece em volta do Epitáfio (esloveno: Plashchanitza), um ícone na forma de um pano bordado com a imagem de Cristo sendo preparado para enterro. A primeira parte do serviço consiste na leitura do Salmo 118(119) - o salmo mais longo na Bíblia – entremeado pelo canto de hinos (enkomia). O tema predominante do serviço não é tanto um clima de luto, mas de expectativa alerta:


“Hoje Tu santificaste o sétimo dia
que outrora abençoaras ao cessares toda a obra;
Tu reanimas todas as coisas, ó meu Salvador,
e as renovas observando o sábado
e reconquistando tudo para ele.”

Na parte conclusiva do ofício, entoam-se os Louvores da Grande Doxologia, o Epitáfio é levado em procissão realizada em torno do lado de fora do templo, enquanto todos cantam o Trisagion, exatamente como se faz no fim de um ofício funerário Ortodoxo.

Veja os ofícios do Grande Sábado Santo:




sexta-feira, 25 de abril de 2008

GRANDE SEXTA-FEIRA SANTA (HORA NONA)



Mestre e Senhor Jesus Cristo nosso Deus, que Te mostraste paciente diante de nossas faltas, e nos conduziste até a hora presente, onde sobre a Cruz vivificante abriste ao ladrão arrependido a porta do Paraíso. Tu que pela morte destruíste a morte, tem piedade de nós pecadores, teus indignos servos; pois nós pecamos, cometemos a iniquidade, e não somos dignos de levantar os olhos e olhar ao alto, para o céu, tendo abandonado a via da justiça e marchado sobre os desejos de nossos corações. Mas na Tua inefável bondade, concede-nos a Tua graça Senhor, e na Tua infinita Misericórdia, salva-nos, pois nossos dias passam vãmente. Livra-nos da mão do Inimigo, mortifica nossos pensamentos carnais, a fim de que despojados do homem velho, nos revistamos do novo e vivamos por Ti, nosso Mestre e Defensor; concede-nos que ao cumprir-mos os Teus preceitos, alcancemos o Repouso Eterno, lá onde os justos permanecem na alegria. Pois Tu és na verdade a jóia e a alegria daqueles que Te amam, Cristo nosso Deus, e nós Te glorificamos assim como ao teu Pai Eterno e a teu bom e vivificante EspíritO, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.


Oração de São Basílio
Ofico da Hora Nona

GRANDE SEXTA-FEIRA SANTA (HORA SEXTA - MEIO-DIA)

 

Deus, Senhor Todo-Poderoso e artesão de toda criação, que na imensidão de Tua incomparável Misericórdia enviaste Teu Filho único nosso Senhor Jesus Cristo, para a salvação do gênero humano, e que pela sua preciosa Cruz livrou-nos dos ferrolhos eternos, e triunfou sobre os principados e os poderes das trevas, Tu, Senhor amigo dos homens, aceita as nossas orações de reconhecimento e de súplica, pecadores que somos. Protege-nos contra toda queda funesta e tenebrosa, e contra todos aqueles que procuram nos fazer mal, nossos inimigos visíveis e invisíveis. Perfura a nossa carne com os cravos de teu temor, e não inclina nossos corações para palavras ou pensamentos perversos, mas fere a nossa alma de Teu desejo, afim de que todos os dias elevemos nossos olhos até Ti, guiados pela Luz que vem de Ti, e com o nosso olhar posto em Ti, Luz inacessível e eterna, te louvamos e oferecemos uma ação de graças incessante, Pai eterno, assim como ao Teu Filho único e ao Teu Espírito Santo bom e vivificante. Eternamente agora e sempre, e pelos séculos dos séculos. Amém.

Oração de São Basílio, o Grande

Ofício da Hora Sexta

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Tríduo Conclusivo da Semana Santa

O escritor ortodoxo russo, V. llyne, num de seus livros escreveu que o conjunto dos ofícios dos últimos três dias da Grande semana são a “resposta de amor da Igreja Esposa ao amor sacrifical e redentor do Cristo seu Esposo, a recepção solene da cruz, do evangelho, do cálice eucarístico e da glória da ressurreição que ilumina.”

São inúmeros e extensos os temas tratados pelo “próprio” litúrgico desses dias e não é fácil resumi-los. Limitar-nos-emos acenando a alguns textos seguindo os ofícios dia por dia.
O Sinaxário, na Quínta-feíra santa, diz:

“Hoje celebramos o santo Lava-pés, a Ceia mística, a sublime oração e a traição.”

O tropário principal, cantado três vezes nas Matinas, sublinha os dois primeiros temas:

“Enquanto os gloriosos discípulos eram iluminados, na hora do lava-pés da Ceia, o pérfido Judas mergulhava nas trevas da sua avareza e tramava entregar a ti, o juiz justo, nas mãos de juízes iníquos. Olhe só este homem, que por amor do dinheiro acaba se enforcando! Foge (ó fiel) do cobiçoso, que tanto ousou contra o Mestre! Senhor, que és bom com todos, glória a ti!”

Observem a expressão “os discípulos iluminados no Lava-pés;” lembrando que o Batismo no Oriente é chamado o sacramento da “Iluminação,” há quem afirme que na hora em que Cristo lavou os pés a seus apóstolos, estes receberam o sacramento do batismo antes da ceia eucarística.

A divina liturgia (missa) é celebrada conforme o formulário de São Basílio, usado somente dez vezes durante o ano. Ele é mais extenso que o formulário de São João Crisóstomo, usado habitualmente. O evangelho que se proclama é composto de uma série de trechos extraídos dos vários evangelistas, sendo a perícope mais longa do ano e compreende a narração completa da última Ceia, a traição de Judas e a prisão noturna de Jesus, que estava em oração no jardim das Oliveiras. O hino dos Querubins e a antífona da comunhão são substituídas por um canto cujo texto é usado quotidianamente como oração preparatória à comunhão. Eis as palavras:

“Ó Filho de Deus, recebe-me neste dia na tua mística ceia: eu não desvendarei os mistérios aos teus inimigos; nem te darei um beijo como Judas, mas como o ladrão arrependido, eu te peço: lembra-te de mim, Senhor, quando entrares no teu Reino.”

Essa última frase é muito conhecida dos fiéis orientais, usada outrossim como versículo responsorial durante a recitação das Bem-aventuranças evangélicas. Como também “Divinos mistérios” usa-se freqüentemente como sinônimo da eucaristia.

A cerimônia do lava-pés, que se faz logo em seguida, é reservada somente às igrejas catedrais onde o bispo lava os pés de doze sacerdotes; e nas sedes mais importantes, a cada três ou quatro anos durante a Liturgia se faz a santificação do sagrado crisma (myron).

Na noite da quinta-feira santa, antecipa-se o ofício das Matinas da sexta-feira santa, isto é, o Ofício dos Doze Evangelhos da Paixão, com grande participação dos fiéis que escutam a leitura segurando na mão uma vela acesa. O Evangeliário é levado solenemente no meio da igreja, instalado numa estante especial e incensado; e daquele lugar é feita a leitura. Depois de cada evangelho os fiéis cantam:

“Glória à tua compaixão (os eslavos cantam: 'à tua grande paciência'), Senhor!”

Lindos os textos litúrgicos que se intercalam, entre outros apresentamos o que se canta após o quinto evangelho:

“Hoje foi suspenso no madeiro aquele que suspendeu a terra sobre as águas. Com uma coroa de espinhos foi coroado o Rei dos Anjos. Foi envolvido numa púrpura mendaz aquele que envolve o céu em nuvens. Foi esbofeteado aquele que salvou Adão no Jordão. Foi perfurado por cravos o Esposo da Igreja. Foi transpassado pela lança o Filho da Virgem. Adoramos a tua paixão, ó Cristo; oh!, mostra-nos também a tua ressurreição!”

Na Grande sexta-feira não se celebra nem a liturgia eucarística nem a dos Pré-santificados. As Horas de prima, terça, sexta e nona tornam-se Horas régias; cada uma delas se compõe de três salmos completos, três leituras bíblicas e outros hinos litúrgicos. O kontákion repetido a todas as Horas tem um caráter mariano:

“Vinde todos celebrar quem por nós foi crucificado! Ao vê-lo no madeiro Maria dizia: Embora carregues a cruz, tu és o meu Filho e o meu Deus.”

Às Vésperas, em que se fazem três leituras vetero-testamentárias e a leitura do evangelho (composição de trechos tirados de Mateus, Lucas e João), segue-se o rito da Sepultura. O celebrante incensa três vezes cada lado do santo Epitáphion, retângulo de pano que leva pintada e bordada a figura do Cristo Morto, chegando às vezes ao tamanho natural. O Epitáphion, após colocado sobre o altar, é depositado sobre uma mesa (ou túmulo) adrede, preparada no centro da igreja, e onde permanecerá até o início da vigília pascal. O povo vai numeroso venerar o Cristo Morto, colocando flores em profusão e beijando o livro dos evangelhos e as chagas de Cristo, enquanto o rosto dele está coberto por um véu. Cantam-se dois tropários: o primeiro lembra a deposição feita pelo “nobre José” do “corpo imaculado” de Jesus no “sepulcro novo,” enquanto que o segundo é já um prenúncio da ressurreição.

Chega o grande e santo Sábado no qual – citando o que diz o livro litúrgico, — “se celebra o sepultamento do corpo divino e a descida ao reino dos mortos do Senhor, Deus e Salvador nosso Jesus Cristo.” A parte mais característica das celebrações é o ofício das Matinas (= órthros) com os célebres Enkómia, tão queridos pela piedade popular ortodoxa. Em geral tal ofício é antecipado para a noite da sexta-feira santa. É típico das culturas mediterrâneas, ao velar o morto, tecer o elogio, a lamentação e a exaltação do falecido. Junto ao sepulcro do Cristo, representado no Epítáphion, a liturgia sugere elogios e lamentações, intercaladas a versículos do salmo 118 e a outros textos de grande profundeza espiritual e beleza artística, entre os quais numerosos são os de cunho mariano. Além dos dois tropários já cantados no fim das Vésperas, acrescenta-se o seguinte:

“Quando desceste à morte, ó Vida imortal, então o hades foi morto pelo fulgor da tua divindade; quando fizeste ressurgir os mortos das profundezas dos abismos, as potências celestes cantavam: ó Cristo nosso Deus, doador da vida, glória a ti!”

Os temas que mais ocorrem nas celebrações litúrgicas do sábado santo são a morte e a espera, o pranto e o louvor ao Doador da vida. Unida ao ofício das Vésperas, que contém cerca de 15 leituras bíblicas (desde Gênesis, Êxodo, Josué, Isaías, Sofonias, Jeremias, Daniel). está a liturgia eucarística de São Basílio. É uma liturgia batismal; de fato, em lugar do Triságio, antes da epístola, se canta por três vezes um versículo de São Paulo aos Gálatas (3:27): “Vós todos, que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo. Aleluia!”
Não é raro encontrar, nas composições litúrgicas do Oriente, textos que exprimem em forma de diálogo os sentimentos dos protagonistas. Eis um exemplo de como o mesmo Jesus se exprime:

“Não chores por mim, ó Mãe, ao ver no túmulo o Filho que sem sêmen concebeste em teu seio. Ressurgirei, de fato, e serei glorificado e, sendo Deus, elevarei à glória sem cessar os que te exaltam com fé e amor.”

Madre Maria Donadeo
Editora Ave-Maria, O Ano Litúrgico Bizantino

Quarta-feira santa (tarde e noite)

O principal tema da Quarta-feira santa é a necessidade humana de receber a cura e o perdão que adentram nossas vidas quando estabelecemos uma relação com Deus através de Jesus Cristo. Somos lembrados que encontramos o caminho para este relacionamento, acima de tudo, através de uma vida de oração. No sacramento da Unção do Santo Óleo os fiéis são ungidos, e assim, curados física e espiritualmente. Eles também se reconciliam com Deus e uns com os outros a fim de receber o sacramento da Santa Eucaristia instituída por Cristo na Última Ceia.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Acerca das Grandes e Santas Segunda, Terça e Quarta-Feira


A última semana da vida terrena de Cristo é chamada de Semana da Paixão, ou em termos populares de Semana Santa. Os livros litúrgicos denominam os dias dessa semana como “Grande” e “Santo” (por exemplo: A Grande Segunda-feira Santa, a Grande Terça-feira Santa, etc). Diariamente (pela manhã e à tarde) são celebrados ofícios nos dias dessa semana. Os fiéis deixam seus afazeres cotidianos para “subirem a Jerusalém com o Senhor” (Matinas da Grande Segunda-Feira Santa.

Cada dia da semana tem seu próprio tema. O tema da segunda-feira é o da “Figueira Estéril”, a qual por não dar fruto é condenada. A ênfase da terça-feira recai sobre as “Virgens Prudentes e Vigilantes”, as quais, ao contrário de suas irmãs insensatas, encontram-se prontas quando à meia-noite chega o Senhor delas. O enfoque da quarta-feira está no arrependimento da “Mulher Pecadora”. Os ofícios deste dia dão grande ênfase na comparação entre esta mulher, uma pecadora que se salva, e Judas, o “Filho da perdição”. Ela oferece todos os seus bens a Cristo e lhe beija os pés, enquanto Judas, com um beijo sela sua traição a Cristo em troca de dinheiro.

Em cada um desses três dias se faz a leitura dos Evangelhos nos ofícios das Horas Reais, assim como nas Vésperas, onde se celebra a Liturgia dos Dons Pré-Santificados. As leituras do Velho Testamento são retiradas dos livros de Êxodo, Jó e do Profeta Ezequiel. Também o Evangelho é lido nas Matinas, ofício que tradicionalmente é chamado de “Ofício do Esposo”, pois o tema de cada um desses dias é o fim do mundo e o juízo final. É comum celebrar o Ofício do Esposo durante a noite.

"Eis que vem o Esposo no meio da noite.
Feliz o servo que ele encontrar acordado;
infeliz, porém, do que ele encontrar dormindo!
Vê, portanto, ó minha alma, não te deixes vencer pelo sono,
a fim de que não sejas entregue à morte
e fiques fora das portas do reino.
Mas, vigilante, grita: Santo, Santo, Santo és tu, ó Deus!
Pela intercessão da Mãe de Deus, tem piedade de nós!"
(Tropário dos primeiros três dias da Semana Santa).

Durante os três primeiros dias da semana a Igreja recomenda a leitura completa dos quatro Evangelhos, durante os ofícios das Horas Reais, desde o primeiro capítulo até o relato da Paixão de Cristo. Embora isto seja praticamente inviável em se tratando das paróquias, geralmente procura-se ler pelo menos um dos Evangelhos na íntegra, privadamente ou em comunidade, antes do Grande Sábado Santo.
Pe. Alexander Schmemann

Reflexões Sobre a Semana Santa: terça-feira (noite)

A necessidade de um arrependimento sincero e verdadeiro é o cerne do ofício da noite de Terça. A transformação de uma vida de pecado em uma vida de fé e obediência nos é exemplificada na figura da pecadora que recebeu o dom do perdão quando derramou mirra sobre Jesus e lavou Seus pés. O destaque do ofício é o hino de Cassiane. A meditação do evangelho pre diz a aproximação do sofrimento de Cristo e nos recorda de Sua agonia e conflito.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Reflexões Sobre a Semana Santa

Apresentaremos ao longo da Semana Santa reflexões sobre os oficíos diários que são celebrados nas Igrejas Ortodoxas, em textos traduzidos por Ricardo Williams G. Santos e originalmemte publicados no sítio de Ecclesia.

Os ofícios da Semana Santa fazem de nós testemunhas e participantes imediatos dos eventos da Paixão e Ressurreição de Jesus Cristo. Nas leituras do Velho e do Novo Testamento, nos hinos, procissões e celebrações litúrgicas ve mos o cumprimento das profecias messiânicas e as ações pelas quais o próprio Deus, na pessoa de Jesus Cristo, nos dá o perdão de nossos pecados e nos resgata da dor da morte eterna.

Domingo de Ramos
O ofício deste dia nos recorda do início do sofrimento de Jesus. O evangelho descreve a conspiração dos anciãos e sacerdotes para forçar Jesus a dizer que Ele é um herege. Através de parábolas, Cristo nos fala sobre sua traição, julgamento, condenação e execução na cruz. Os hinos desse ofício celebram duas coisas: a primeira, a figura profética de José que, embora um homem virtuoso, sofreu injustamente nas mãos de seus irmãos antes de receber uma grande recompensa, e a segunda, a parábola da figueira, que ao deixar de dar frutos, tornou-se um símbolo da criação decaída, e de nossas próprias vidas, nas quais falhamos ao gerar frutos espirituais.

Segunda-feira Santa (noite)
Essa noite fala sobre a necessidade de vigília e preparação, para que não estejamos despreparados quando formos chamados perante o julgamento no tribunal temível de Cristo para prestar contas de nossos atos em vida. A leitura do evangelho contrasta os esforços dos Fariseus em lograr e desacreditar Jesus contra a forte resistência de Cristo contra sua maldade. Os hinos nos recordam da parábola das dez virgens, que exortam o cristão fiel à manter-se em eterna vigília.

Patriarca Aléxis II Responde a Teólogos e Intelectuais Muçulmanos


O Patriarca Aléxis II publicou sua resposta à carta das lideranças islâmicas (relifgiosos e intelectuais) enviada a todos os chefes e presidentes das igrejas e organizações cristãs. O texto da carta enviada pelos muçulmanos está assinado por 138 teólogos e intelectuais. A resposta Patriarcal foi publicada em em russo e em inglês. Estamos providenciando uma tradução a partir do texto em inglês, por enquanto, divulgamos parcialmente o texto traduzido para o português.

"Agradeço a todos os líderes Islâmicos - religiosos e intelectuais – que se dirigem em carta aberta aos representantes das igrejas e organizações cristãs, inclusive ao Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa.

Os cristãos e os muçulmanos possuem muitos objetivos em comum, e podemos unir nossas forças para os alcançar. Mas esta união não poderá subsistir se não clarificarmos nosso entendimento sobre os valores religiosos um do outro. Partindo deste princípio, recebo com alegria a proposta da comunidade muçulmana de que seja estabelecido um diálogo sincero e aberto com representantes das igrejas cristãs de natureza acadêmica e intelectualmente honesta.

Cristianismo e Islã estão hoje engajados em uma tarefa de grande importância para o mundo. Eles buscam fazer com que a humanidade se conscientize da existência de Deus e da dimensão espiritual do homem e do mundo. Juntos testemunhamos que paz e justiça, moralidade e lei, verdade e amor, são realidades interdependentes.

Como os senhores muito bem afirmam em sua correspondência, cristãos e muçulmanos são concordes de que o maior mandamento é amar a Deus e ao próximo. Ao mesmo tempo, não acredito que identificar certos pontos que são teologicamente basilares para a vida religiosa, seja o suficiente para fixar uma convergência de fé. Qualquer afirmação no Cristianismo ou no Islã não pode ser vista de forma isolada do sistema teológico que cada um elabora. Caso contrário, a identidade religiosa de ambos estará ameaçada, gerando uma confusão da fé de ambos. Penso ser mais frutífero o estudo dos sistemas teológicos de cada um e compará-los.

No Cristianismo é impossível falar sobre amar a Deus e ao próximo dissociado daquilo que cremos sobre Deus. De acordo com a revelação do Novo Testamento, Deus se revela ao homem como Amor. “Quem não ama, não conhece a Deus, pois Deus é amor” (1 João 4:8). “E nós conhecemos e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor e quem está em amor está em Deus, e Deus, nele” (1 João 4:16). Não se pode deixar de ver nisto uma indicação de que a natureza de Deus em Si mesmo, tem no amor sua característica mais essencial e mais importante.

Uma essência isolada só pode amar a si mesmo: e o amor-próprio não é amor. Amor sempre pressupõe a existência do outro. Assim como o indivíduo não pode ter consciência de si mesmo se não estiver em relação com o outro, a pessoalidade de Deus se dá por Sua relação com o Outro. Esta é a razão pela qual o Novo testamento nos fala de Deus como subsistindo em três Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Deus é a unidade das três Pessoas as quais possuem a mesma Divina Natureza, sendo esta natureza plena em cada uma Delas, sem que, com isto haja três “deuses”, mas um só Deus. Deus, a Trindade, é a plenitude do amor com o qual, cada uma das Pessoas (Hipóstases) comunica o Seu amor à outra Pessoa (Hipóstases). As Pessoas da Trindade estão unidas em Si mesmas “assim como Tu És em Mim e Eu em Ti” (João 17:21), Cristo falando ao Pai. “Ele Me glorificará, porque há de receber do que é Meu e vo-lo há de anunciar” (João 16:14). Palavras de Cristo sobre o Espírito Santo..."

Programação da Igreja Sérvia no Recife

A Igreja Sérvia no Recife publicou em seu sitio os horários dos ofícios comemorativos da Semana santa. Clique aqui para acessar.

sábado, 19 de abril de 2008

«Lázaro, sai para fora!»


Deitado no túmulo, ouviste este chamamento imperioso. Haverá voz mais sonora do que a do Verbo? Então, vieste para fora, tu que estavas morto, e não apenas há quatro dias, mas há muito tempo. Ressuscitaste com Cristo […]; caíram-te as ligaduras. Agora, não voltes a cair na morte; não voltes a juntar-te aos que habitavam nos túmulos; não te deixes abafar pelas ligaduras dos teus pecados. É que talvez não pudesses voltar a ressuscitar. Poderias acaso retirar da morte deste mundo a ressurreição de todos, no final dos tempos? […]
Que o chamamento do Senhor te ressoe, pois, aos ouvidos! Não te feches aos ensinamentos e aos conselhos do Senhor. Se estavas cego e mergulhado em trevas no túmulo, abre os olhos para não te afundares no sono da morte. Na luz do Senhor, contempla a luz; no Espírito de Deus, fixa o teu olhar no Filho. Se acolheres a Palavra, concentrarás na tua alma todo o poder de Cristo, que cura e ressuscita. […] Não receies sofrer para conservares a pureza do teu baptismo e abre no coração os caminhos que te fazem ascender ao Senhor. Conserva cuidadosamente o acto de libertação que recebeste por pura graça. […]
Sejamos luz, como os discípulos aprenderam a sê-lo Daquele que é a grande Luz: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5, 14). Sejamos luminárias no mundo, erguendo bem alto a Palavra da vida, sendo poder de vida para os outros. Partamos em busca de Deus, em busca Daquele que é a primeira e a mais pura das luzes.

São Gregório de Nazianzo (330-390)Sermão sobre o Santo Batismo

Fonte: Ecclesia

«Jesus chorou. Os judeus disseram: 'Vede como ele o amava'»

Porque eras Deus verdadeiro, tu conhecias, Senhor, o sono de Lázaro e preveniste os teus discípulos... Mas na tua carne, Tu, que no entanto não tens limites, vens até Betânia. Como verdadeiro homem, choras sobre Lázaro; como verdadeiro Deus, ressuscitas pela tua vontade aquele que estava morto há quatro dias... Tem piedade de mim, Senhor; muitas são as minhas transgressões. Traz-me de volta, te suplico, do abismo dos males em que me encontro. Foi por ti que eu gritei; escuta-me, Deus da minha salvação.
Chorando sobre o teu amigo, na tua compaixão puseste fim às lágrimas de Marta; pela tua Paixão voluntária, secaste todas as lágrimas do rosto do teu povo (Is 25,8). «Bendito sejas, Deus de nossos Pais!» (Esd 7,27). Guardião da vida, chamaste um morto como se ele dormisse. Com uma palavra, rasgaste o ventre dos infernos e ressuscitaste aquele que começou a cantar: «Bendito sejas, Deus dos nossos Pais!". Quanto a mim, estrangulado pelas amarras dos meus pecados, ergue-me também e eu cantarei: "Bendito sejas, Deus dos nossos Pais!»...
Em reconhecimento, Maria traz-te, Senhor, um vaso de mirra que estaria preparado para o seu irmão (Jo 12,3) e canta-te por todos os séculos. Como mortal, invocas o Pai; como Deus, despertas Lázaro. Por isso nós te cantamos, ó Cristo, pelos séculos dos séculos... Despertas Lázaro, morto há quatro dias; fá-lo erguer-se do túmulo, designando-o assim testemunha verídica da tua ressurreição ao terceiro dia. Tu andas, falas, choras, meu Salvador, mostrando a tua natureza humana; mas, ao despertares Lázaro, revelas a tua natureza divina. De uma maneira indizível, Senhor, meu Salvador, de acordo com as tuas duas naturezas e de uma forma soberana, realizaste a minha salvação.

São João de Damasceno (cerca 675-749), «Matinas do sábado de Lázaro»

Fonte: Ecclesia

Sábado de Lázaro: Prelúdio da Cruz

«Tendo completado o percurso dos 40 dias... nós suplicamos ver a Semana Santa da tua paixão».

Com essas palavras, cantadas nas vésperas da sexta-feira de Ramos, é que termina a quaresma, e que entramos na comemoração anual dos sofrimentos de Cristo, de sua morte e de sua ressurreição. Ela começa no sábado de Lázaro. A festa da ressurreição de Lázaro, somada à da entrada do Senhor em Jerusalém, é chamada nos textos litúrgicos: «Prelúdio da Cruz». É portanto no contexto da grande semana que o significado desta festa dupla fica mais claro. O tropário comum à esses dois dias nos diz:

- «Ressuscitando Lázaro,
o Cristo confirmou a verdade
da Ressurreição Universal».

Aqueles que estão familiarizados com a liturgia ortodoxa, conhecem o caráter singular e paradoxal dos ofícios desse sábado de Lázaro. Esse sábado é celebrado como um domingo, quer dizer que se celebra aí o ofício da Ressurreição quando, normalmente, o sábado é consagrado à comemoração dos defuntos. A alegria que ressoa no ofício sublinha o tema principal: a vitória próxima de Cristo sobre o Hades. Na Bíblia, o Hades significa a morte e seu poder universal, a noite inevitável e a destruição que traga toda a vida, envenenando com suas trevas devastadoras o mundo inteiro. Mas eis que, pela ressurreição de Lázaro, «a morte começa a tremer»; é o começo de um duelo decisivo entre a vida e a morte, um duelo que nos dá a chave de todo o mistério litúrgico da Páscoa. Para a Igreja primitiva, o sábado de Lázaro era, o «anúncio da Páscoa»; de fato, esse sábado proclama e já faz aparecer a maravilhosa luz e a paz do sábado seguinte: o grande e santo Sábado, o dia do túmulo vivificante que dá a vida.

Compreendemos logo que Lázaro, «o amigo de Jesus», personifica cada um de nós e toda a humanidade, e que Betânia, «a casa» do homem Lázaro, é o símbolo de todo o universo, habitat do homem. Todo homem foi criado amigo de Deus e chamado a esta amizade divina que consiste no conhecimento de Deus, na comunhão com ele, o compartilhar da mesma vida: «A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens» (Jo 1:4). E, portanto este amigo bem amado de Deus, criado por amor, ei-lo destruído, aniquilado por um poder que Deus não criou: a morte. Deus é afrontado em sua obra por um poder que a destrói e torna nulo seu desígnio. A criação é apenas tristeza, lamentação, lágrimas e finalmente morte. Como é possível? Essas questões se encontram latentes no texto detalhado que João nos faz da vinda de Jesus à tumba de seu amigo. «Uma vez chegado à tumba de seu amigo», diz o evangelista, «Jesus chorou» (Jo 11:35). Por que ele chora, uma vez que ele sabe que dentro de um instante ele ressuscitará Lázaro à vida?

Os hinógrafos bizantinos não souberam compreender o sentido verdadeiro dessas lágrimas, atribuindo-as à sua natureza humana, uma vez que, de sua natureza divina ele detinha o poder de ressuscitar os mortos. Entretanto, a Igreja ortodoxa ensina claramente que todas as ações de Cristo são teândricas, isto é, ao mesmo tempo divinas e humanas, sendo as ações do único e mesmo Deus-Homem, o Filho de Deus encarnado. É o Homem-Deus que vemos chorar, é o Homem-Deus que fará sair Lázaro de seu túmulo. Ele chora.... são lágrimas divinas; ele chora porque contempla o triunfo da morte e da destruição da criação saída das mãos de Deus. «Ele já cheira mal», dizem os judeus, como para impedir Jesus de se aproximar do corpo; terrível advertência que vale para todo o universo, para toda a Vida. Deus é Vida e Doador de Vida, ele chamou o homem para esta realidade divina da vida, e eis "que ele cheira mal." O mundo foi criado para refletir e proclamar a glória de Deus, e eis «que ele cheira mal»! No túmulo de Lázaro Deus encontra a morte, a realidade da antivida, da destruição e do desespero. Ele se encontra face à face com seu Inimigo que lhe arrebatou a criação, que era sua, para tornar-se o Príncipe. Nós que seguimos Jesus se aproximando do túmulo, entramos com ele na sua Hora, aquela que ele anunciou freqüentemente como o apogeu e o cumprimento de toda sua obra. Neste curto versículo do Evangelho: «Jesus chorou», é a Cruz que é anunciada, sua necessidade e seu significado universal. Compreendemos agora que é porque «Jesus chorou», melhor dizendo porque ele amava seu amigo Lázaro, que ele tem o poder de o chamar à vida. A ressurreição não é a simples manifestação de um poder divino, mas antes o poder de um amor, o amor tornado poder. Deus é Amor e Amor é Vida, ele é criador de vida... É o Amor que chora sobre o túmulo e é o Amor também que dá a vida; lá está o sentido das lágrimas divinas de Jesus. Elas nos mostram o amor de novo à obra, recriando, resgatando e restaurando a vida humana presa das trevas: "Lázaro, sai para fora!...»
Eis porque esse sábado de Lázaro inaugura ao mesmo tempo a cruz como supremo sacrifício de Amor, e a ressurreição como seu último triunfo:

«O Cristo é para todos alegria, verdade, luz e vida,
Ele é a ressurreição do mundo,
n'Ele o amor apareceu para aqueles que estão na terra,
imagem da ressurreição,
concedendo a todos o perdão divino».

(Kondakion do Sábado de Lázaro)

Fonte: «O Mistério Pascal» - Comentários Litúrgicos Alexandre Schmémann, Olivier Clément
Ecclesia

Orígenes: Oração

Quer-me parecer que quem se dispõe a orar deverá recolher-se e procurar preparar-se um pouco para conseguir ficar mais atento, mais concentrado no todo da sua oração. Deve também afastar do seu pensamento a ansiedade e a perturbação, e esforçar-se por lembrar a grandeza de Deus de quem se aproxima, pensar também que será ímpio se a Ele se apresentar sem a necessária atenção, sem algum esforço, mas com uma espécie de à vontade; deve, enfim, rejeitar todos os pensamentos excêntricos.

Ao começar a oração, devemos apresentar, digamos, a alma antes das mãos, erguer a Deus o espírito antes dos olhos, libertar o espírito da terra antes de o elevarmos para oferecê-lo ao Senhor do universo, depor, enfim, quaisquer ressentimentos por ofensas que cremos ter sofrido, se de fato desejamos que Deus esqueça o mal cometido contra Ele próprio, contra os nossos semelhantes, ou contra a boa razão.

Dado que podem ser muitas as atitudes do corpo, o gesto de erguer as mãos e os olhos aos céus deve claramente ser preferido a todos os outros, para assim exprimirmos no corpo a imagem das disposições da alma durante a oração [...], mas as circunstâncias podem por vezes levar-nos a rezar sentados [...] ou mesmo deitados [...]. No que diz respeito à oração de joelhos, esta se torna necessária sempre que acusamos os nossos pecados perante Deus, e Lhe suplicamos que deles nos cure e nos absolva. Essa atitude é o símbolo da humilhação e da submissão de que fala Paulo, quando escreve: «É por isso que eu dobro os joelhos diante do Pai, do qual recebe o nome toda a família, nos céus e na terra» (Ef 3, 14-15). Trata-se da genuflexão espiritual, assim chamada porque todas as criaturas adoram a Deus no nome de Jesus e humildemente a Ele se submetem. O apóstolo Paulo parece fazer uma alusão a isso quando diz: «Para que, ao nome de Jesus, se dobrem todos os joelhos, os dos seres que estão no céu, na terra e debaixo da terra» (Fl 2,10).


Orígenes (c.185-253), presbítero e teólogo
A Oração, 31

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Odes de Salomão

Como asas de pombas que protegem as crias […]
Assim são as asas do Espírito sobre o meu coração.
O meu coração rejubila e estremece
Qual criança no seio da mãe.

Cri e encontrei o descanso
Aquele em quem eu acreditei é fiel.
Abençoou-me e a minha cabeça para Ele se voltou.
Gládio algum, ou espada d’Ele me separará,
Preparei-me, antes da hora da perda,
Em seus braços incorruptíveis me acalentei.
A vida imortal a tal me levou, me constrangeu;
E dela vem o Espírito que me habita ;
Que não pode morrer, porque é a vida.

Os que me viram em espanto ficaram
Porque eu era perseguido.
Pensavam-me aniquilado,
Porque a seus olhos eu estava perdido.
Mas a opressão tornou-se a minha salvação.

Tornara-me objeto de desprezo.
Em mim nada havia que invejar;
A todos fazia o bem,
E fui odiado por isso.
Como cães enraivecidos me cercaram (Sl 21, 17),
Insensatos que contra seus amos se revoltam;
Têm corrompida a inteligência, pervertido o espírito.

Retive as águas do meu lado direito,Em mansidão suportei-lhes o rancor.Não pereci, pois não era dessa casta,O meu nascimento não foi como o seu.Procuraram a minha morte e não o conseguiram ;Eu era mais antigo que a sua memória.Sobre Mim em vão se arremessaramOs que Me perseguiam ;Em vão procuraram extinguirA memória d’Aquele que era antes deles.Nada pode ultrapassar o desígnio do Altíssimo,O seu coração é superior a toda a sabedoria.Aleluia !
Texto cristão do princípio do séc. II

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Encontro de Dirigentes das Igrejas-Membro do MOFIC

Em 16 de abril, na Casa da Reconciliação em SP, realizou-se o encontro anual dos dirigentes das Igrejas que compõe o MOFIC - Movimento de Fraternidade de Igrejas Cristãs. Estavam presentes os seguintes dirigentes: Arcebispo Dom Damaskinos Mansour - Igreja Ortodoxa Antioquina Cardeal-Arcebispo Dom Odilo Scherer - Igreja Católica Romana Arcebispo Dom Datev Karibian - Igreja Apostólica Armênia Pastor Sinodal Guilherme Lievem - Igreja Evangélica de Confissão Luterana Reverendo César Fernandes, representante do Bispo Dom Roger Bird - Igreja Episcopal Anglicana Vice-Moderador Joel Moraes - Igreja Presbiteriana Unida Também estavam presentes o Bispo Metodista Adriel Maia, com vários pastores, pastores da Igreja Presbiteriana Independente, além de sacerdotes e leigos católicos, bem como pastores e leigos das Igrejas-membro. A reunião constou de devocional, palestra proferida pelo secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Dr. Eduardo Jorge Martim Alves, e almoço de confraternização.
Fonte: Arquidiocese Antioquina de São Paulo

Igreja Russa Comemora o Czar Nicolau II e Sua Família

Nicolau II, último Cazar da Rússia e toda sua família serão comemorados como mártires em festividades previstas para os dias 16 e 17 de julho próximo, por ocasião dos 90 anos do martírio da Família Imperial. O Arcebispo Vikenty de Yekaterinburg foi encarregado pelo Sínodo Russo de organizar as comemorações. Estão previstas celebrações em todas as paróquias da Igreja Russa (cerca de 27.000 paróquias).
Por iniciativa das lideranças leigas, o Sínodo também determinou que fossem comemoradas em todo o território russo as pessoas que foram assassinadas concomitantemente à Famélia Real.

Sínodo Russo Condena "Independência" de Kosovo

O Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa Russa, reunido na última terça-feira, emitiu um documento se solidarizando com a Igreja Ortodoxa Sérvia e condenando a declaração unilateral de independência de Kosovo. O Sínodo afirmou que "os sérvios partilham da mesma fé que nós" e que tal patrimônio espiritual é base da cultura étnica e histórica da Sérvia e a separação de uma das partes é um ato de fragmentação deste patrimônio.
A Igreja Russa também disponibilizará ajuda humanitária a todos os sérvios que residem em Kosovo e sofrem agressões e discriminações.

Visita do Papa Bento XVI aos Estados Unidos


Em sua primeira visita aos Estados Unidos, que se iniciou no dia 15 de abril,o Papa Bento XVI agendou uma reunião ecumênica e, para a tal convidou os Hierarcas Ortodoxos. A reunião se dará na Paróquia Romano-Católica de São José, em Nova Iorque (uma igreja histórica fundada por alemães). O encontro está previsto para amanhã.

Entre os Hierarcas convidados está o Metropolita Herman(foto) da Igreja Ortodoxa na América, o qual se fará acompanhar do Chanceler Arcipreste Alexander Garklavs, Chanceler de OCA,; Arcipreste Leonid Kishkovsky, Moderador da Christian Churches Together in the USA e Diretor do Departamento de Relações Externas e Intereclesiásticas da OCA; Padre John Behr, Decano do Seminário de São Vladimir, Crestwood, NY; do Arcipreste Chade Hatfield, Chanceler de Seminário; do Arcipreste John H. Erickson e do Dr. Paul Meyendorff, membros do Comitê Ortodoxo-Católico Norte-Americano para Consultas Teológicas.


terça-feira, 15 de abril de 2008

IOCC Socorre Vítimas de Explosões na Albânia

A International Orthodox Christian Charities está enviando ajuda às vítimas das explosões em série ocorridas no último dia 15 de março na cidade de Gerdec (Albânia), localidade próxima à capital Tirana.

As explosões mataram cerca de 17 pessoas, ferriram outras 300 e deixarm mais de 3500 desabrigadas. A população flagelada não poderá retonar à localidade num prazo de pelo menos 6 meses e estão totalmente despossuídas de recursos básicos, disse Mark Ohaniam, Diretor Regional da IOCC, que está enviando donativos, inclusive de higiene pessoal, além de ajuda financeira e psicológica às vítimas das explosões. Atividades recreativas também estão sendo proporcionadas às crianças e aos jovens.

Veja abaixo mapa das localidades onde a IOCC desenvolve ajuda humanitária.



Capela do St. Vladimir's Orthodox Teological Seminary


Campus do St. Vladimir's Orthodox Teological Seminary

Missão ortodoxa Na Tailândia

O Centro Ortodoxo de Missões (OCMC)está enviando o Pe. John Erickson para a Tanzânia a fim de realizar jornada teológica em apoio à igreja local, a qual vem registrando espantoso crescimento em apenas 10 anos de estabelecimento missão, sob a liderança de Sua Eminência Jeronymos, Metropolita de Mwanza.

Padre Johnn é um especialista em História da Igreja e Direito Canônico e Professsor do St. Vladimir's Orthodox Theological Seminary.

Aléxis II Reinvindica a ONU Acesso dos Ortodoxos a Kosovo

O Patriarca de Moscou e de toda a Rússia, Aléxis II, exprimiu ao Secretário Geral das Nações Unidas Ban Kin Moon, o seu desejo de que a ONU garanta os direitos de acesso dos fiéis ortodoxos aos lugares sagrados em Kosovo e Metochia e proteção às minorias sérvias que habitam nessas regiões. Aléxis II também lamentou a falta de unidade entre os países da ONU na questão dos terrítórios sérvios , tendo como conseqüência, uma declaração unilateral de independência do Kosovo. O Patriarca Russo encontrou-se com o Secretário Geral da ONU na última quinta-feira, no Mosteiro de São Daniel, em Moscou.

Fonte: Patriarcado Sérvio

Santoral e Lecionário


Leitura das Sagradas Escrituras: Isaías 49:6-10: Gênesis 31:3-16; Provérbios 21:3-21

Santo do Dia: São Aristarco, Apóstolo entre os Setenta.

Santo Aristarco estava entre os Setenta Apóstolos que Cristo enviou para anunciar o reino de Deus às cidades de Judá (Lc. 10:1-24). Ele também foi um dos colaboradores dos Apóstolo São Paulo (Atos 16:29), vindo mais tarde, a tornar-se o Bispo de Apamea, na Síria. Santo Aristarco é por diversas vezes mencionados nos Atos dos Apóstolos (Atos 19:29, 20:4, 27:2) e nas Epístolas de São Paulo (Col. 4:10, Filemon 1:24).

domingo, 13 de abril de 2008

Sinaxis do V Domingo da Quaresma



Apolitikion (tropárion) da Ressurreição (5° tom)
Glorifiquemos fiéis, e adoremos o Verbo Divino, eterno com o Pai e o Espírito Santo, nascido da Virgem para a nossa salvação; pois, em sua carne, deixou-se suspender na cruz, padecer a morte e ressuscitar dos mortos pela sua gloriosa ressurreição.

Apolitikion Próprio
Em ti foi conservada com fidelidade a imagem de Deus, ó Maria; pois tomaste a Cruz e seguiste Cristo, ensinando, com o teu exemplo, a desprezar o corpo, porque mortal e a cuidar da alma imortal. Por isso, ó Santa, tua alma se rejubila com os Anjos.

Kondakion Próprio
Fugiste das trevas do pecado e te iluminaste com a luz da penitência. Dirigiste o teu coração a Cristo, ó gloriosa e apresentaste-lhe, como advogada compassiva, sua Mãe Santíssima e isenta de toda imperfeição alcançando, por isso, o perdão das culpase a felicidade com os Anjos.

Prokimenon
Fazei votos ao Senhor nosso Deus e cumpri-os; todos os que o cercam tragam oferendas.
Deus é conhecido na Judéia, grande é o seu nome em Israel.

Epístola: Hb 9,1-14

Irmãos, Cristo veio como sumo sacerdote dos bens futuros. Ele atravessou uma tenda muito maior e mais perfeita, não construída por mãos humanas, isto é, ele atravessou uma tenda que não pertence a esta criação. Ele entrou uma vez por todas no santuário, e não com sangue de bodes e novilhos, mas com o seu próprio sangue, depois de conseguir para nós uma libertação definitiva. Sangue de bodes e de touros e cinzas de novilha, espalhadas sobre pessoas impuras, as santificam, concedendo-lhes uma pureza externa. Muito mais o sangue de Cristo que, com um Espírito eterno, se ofereceu a Deus como vítima sem mancha! Ele purificará das obras da morte a nossa consciência, para que possamos servir ao Deus vivo.

Aleluia
Aleluia, aleluia, aleluia!
Vinde, regozijemo-nos no Senhor, cantemos as glórias de Deus, nosso Salvador!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Apresentamo-nos diante d'Ele com louvor, e celebremo-lo com salmos!
Aleluia, aleluia, aleluia!

Evangelho: Mc 10,32-45

Naquele tempo, Jesus e os discípulos estavam a caminho, subindo para Jerusalém. Jesus ia na frente. Os discípulos estavam espantados, e aqueles que iam atrás estavam com medo. Jesus chamou de novo os Doze à parte e começou a dizer-lhes o que estava para acontecer com ele: «Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem vai ser entregue aos chefes dos sacerdotes e aos doutores da Lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos pagãos. Vão caçoar dele, cuspir nele, vão torturá-lo e matá-lo. E depois de três dias ele ressuscitará.»

Kinonikón
Tomarei o Cálice da Salvação e invocarei o nome do Senhor!
Aleluia, aleluia, aleluia!



Reflexão

O relato de Marcos é iniciado pelo terceiro anúncio da Paixão e morte que o Senhor sofreria na Cidade de Jerusalém, feito por Ele mesmo, enquanto caminhava com seus discípulos. Estes, estavam temerosos e admirados por ver o Senhor seguir determinado rumo à cidade que lhe traria tantos sofrimentos. Ante tal anúncio, porém, silenciaram; o diálogo foi retomado pelos filhos de Zebedeu (Tiago e João) que apresentaram um pedido ambicioso a Jesus: ocupar no Reino dos Céus os lugares de Honra.
Esta solicitação, após o anúncio do sofrimento e morte do Senhor, parecia revelar a falta de solidariedade e compaixão somadas a um extremo egoísmo por parte dos dois. Seria como alguém muito querido e próximo de nosso convívio, anunciar sua morte e questionarmos, em seguida, o quanto e o que ganharíamos por herança.
A este respeito assim comenta São João Damasceno:
«Um coração repleto de preocupações mundanas deixa revelar pela boca que não conhece verdadeiramente a Deus. Os filhos de Zebedeu ao solicitar os primeiros lugares após a morte do Senhor, demonstraram sua cegueira e rusticidade ante o Divino que ali estava».
Tiago e João tinham uma concepção política muito forte a respeito do messianismo de Jesus. Imaginavam que Ele iria reinar e sendo os dois mais próximos queriam garantir os lugares mais nobres no Banquete celestial, antes que outros solicitassem tal honra. Jesus transforma os pensamentos de soberba, grandeza e honras e os faz recordar do serviço e da entrega: do banquete passa a refletir sobre a taça que deveria beber. Mesmo assim, os discípulos diziam estar dispostos a beber do cálice que estava reservado ao Senhor. Logo, o Senhor os admoesta dizendo que compartilhariam da mesma sorte que Ele, mas em tempos diferentes. Quanto aos lugares no Reino dos Céus, solicitados por eles, não caberia ao Senhor garantir: somente Deus reserva os lugares e os reserva como quer. Aqueles que ambicionam os primeiros lugares não são dignos do Reino, devem servir e não serem servidos.
Os discípulos de Jesus devem ser regidos por princípios opostos aos do mundo. Na comunidade apostólica toda a ambição deve ser substituída pelo espírito de serviço e humildade, pois nele se manifesta o amor, a entrega e a oblação pelo irmão.
«O Filho do Homem veio para servir e dar a sua vida em resgate de muitos».
Nesta frase Jesus revela o porquê de sua morte: quer redimir os filhos de Deus e quer resgatá-los para Deus, através do serviço e da entrega.
O poder no Reino de Deus consiste no servir. O poder no reino do mundo consiste em ser servido. No Reino do amor é diferente. O amor só tem poder enquanto ele é doado e se coloca a serviço. Servir é ser pequeno, frágil. Frente ao pequeno nós, ou nos revelamos solidários, ou sedentos e despóticos . Diante do irmão que parece ser simples, sem importância descobriremos a nossa capacidade de amar.
A Festa de Santa Maria do Egito nos faz corajosos em seguir o Senhor, no serviço aos irmãos. De grande pecadora transformou-se em grande Santa da Igreja. Aquela que estava perdida foi encontrada pelo Senhor. Não desanimemos, pois, em nossas quedas e pecados. Que eles sejam transformados em trampolins que nos jogarão para os braços misericordiosos do Pai.




Fonte: Ecclesia

Santo do Dia

Santa Maria do Egito viveu em meados do século 5 e começo do século 6. A sua juventude não era nada promissora. Ela tinha somente 12 anos, quando saiu de sua casa em Alexandria, e ficando livre do controle dos pais, jovem e inexperiente como era, ela se envolveu com a vida devassa. Não havia ninguém que pudesse deter, e tinha muitos sedutores e muitas tentações em volta dela. Assim, ela passou 17 anos nesta vida que leva à perdição, até que Deus misericordioso providenciou a sua penitencia.
Aconteceu isto assim: Por força das circunstancias, Maria se juntou a um grupo de peregrinos, que estavam se dirigindo para a Terra Santa. Durante a viagem no navio, Maria não parava de seduzir os romeiros e a pecar. Ao chegar em Jerusalém, ela se juntou a um grupo de pessoas que iam para a igreja da Ressurreição.
Todos os homens entravam livremente na igreja, porém Maria foi parada por uma mão invisível e não conseguia entrar de jeito algum. Aí ela compreendeu, que Deus não a deixava entrar num lugar santo por causa da sua devassidão. Ela ficou possuída de um grande temor e de um grande desejo de penitencia, e começou a pedir a Deus o perdão dos pecados, prometendo se regenerar. Maria viu logo na entrada o ícone de Nossa Senhora e começou a Lhe pedir interceder por ela perante Deus. Imediatamente sentiu um grande alívio e entrou livremente na igreja. Chorando muito no Santo Sepulcro, ela saiu da igreja completamente transformada.
Maria cumpriu sua promessa de mudar a sua vida. Ela se retirou de Jerusalém para o deserto de Jordão e lá viveu quase meio século em solidão, rezando e jejuando. Assim, com estes atos de penitencia ela se livrou completamente de todo desejo pecaminoso e purificou o seu coração para que este se transformasse num templo do Espírito Santo.
O ancião Zossima, no mosteiro do Profeta João o Precursor, por providencia de Deus, encontrou santa Maria no deserto, quando esta já era uma anciã. Ele ficou maravilhado com sua santidade e seu dom de prever as coisas. Uma vez ele a viu levitar enquanto orava e outra vez, quando ela atravessava o rio Jordão como uma terra firme.
Na despedida do velho Zossima, Maria pediu-lhe que ele voltasse dentro de um ano, para dar-lhe a comunhão. Zossima voltou para o deserto conforme combinado e lhe deu a Santa Comunhão. Depois, após um ano voltando mais uma vez, ele a achou morta. O velho Zossima enterrou as santas relíquias lá mesmo no deserto. Santa Maria faleceu em 521.
Assim, de uma grande pecadora, santa Maria se transformou, com a ajuda de Deus, numa grande justa, numa das maiores santas e nos deixou um grande exemplo de penitencia. Ela é lembrada pela igreja em 1 de abril e no 5o domingo da Quaresma.

sábado, 12 de abril de 2008

Dom Tarásios Visita o Brasil


Neste Sábado, 12 às 17 horas Dom Tarásios irá celebrar Vésperas Solenes na Paróquia Greco-Ortodoxa da «Santa Dormição da Mãe de Deus», localizada no Bairro Cambuci na cidade de São Paulo. Este acontecimento é de grande relevância para a Comunidade Greco-ortodoxa do Cambuci, fundada há dez anos, já que esta será a primeira Visita Pastoral do Arcebispo Metropolitano à paróquia que é constituída, em sua maioria, por brasileiros. Pe. Basílio, seu pároco, convida todos os seus paroquianos e amigos para este evento. A Paróquia da «Santa Dormição da Mãe de Deus» está localizada na Rua Albuquerque Maranhão, 211, Cambuci - SP (próximo ao Largo do Cambucí). Para contatos por telefone: (11) 3399-0346 - 8289-1272.




Fonte: Ecclesia e Sítio da Arquidiocese Grega de Buenos Aires e da América Latina


quarta-feira, 9 de abril de 2008

Porventura, És Maior Que o Nosso Pai Abraão?

Muito haveria a dizer acerca da fé. Basta-nos lançar uma vista de olhos sobre um dos modelos que o Antigo Testamento nos dá, Abraão, pois somos seus filhos pela fé. Este não foi justificado só pelas obras, mas também pela fé. Ele praticara muitas boas ações, mas, só depois de ter feito prova da sua fé, é que ele foi chamado amigo de Deus. Todas as suas obras tiraram a perfeição da sua fé. Foi pela fé que deixou os seus pais; foi pela fé que deixou a pátria, o país, a casa. Da mesma forma que ele foi justificado, também tu te tornas justo! Logicamente, o seu corpo tornou-se incapaz de ser pai, porque era demasiado velho. Sara, a quem ele se unira, era também já idosa. Não tinham, pois, nenhuma esperança de descendência. Ora Deus anuncia a esse ancião que seria pai e a fé de Abraão não vacilou. Considerando que o seu corpo estava já próximo da morte, ele não tem em conta a sua impotência física, mas o poder daquele que prometera, pois julgava digno de fé aquele que lhe fizera essa promessa. Foi assim que, de dois corpos já marcados de algum modo pela morte, nasceu um filho, maravilhosamente...

É o exemplo da fé de Abraão que nos torna a todos filhos de Abraão. De que maneira? Os homens consideram inacreditável uma ressurreição dos mortos, como é inacreditável que os velhos, marcados já pela morte, possam gerar descendência. Mas quando nos anunciam a boa nova de Cristo, crucificado na cruz, morto e ressuscitado, nós acreditamos. É, pois, pela semelhança da sua fé que entramos na filiação de Abraão. E, então, com a fé, recebemos como ele o vaso espiritual, circuncisos no Batismo pelo selo do Espírito Santo.

S. Cirilo de Jerusalém (313-350),
Catequeses batismais, nº 5

O Reino De Deus É Que Creais Naquele Que Ele Enviou

Vós, filhos da luz verdadeira, fugi das querelas e das más doutrinas. Como ovelhas, segui o vosso pastor. Porque muitas vezes os lobos aparentemente dignos de fé extraviam os que correm na corrida de Deus, mas se permanecerdes unidos, eles não encontrarão lugar entre vós.

Tende pois cuidado em participar numa única eucaristia; não há, com efeito, senão uma só carne de Nosso Senhor, um só cálice para nos unir no seu sangue, um só altar, como não há senão um só bispo rodeado de padres e de diáconos. Assim, tudo o que fizerdes, vós o fareis segundo Deus... Meu refúgio é o Evangelho, que é para mim o próprio Jesus na carne, e os apóstolos, que incarnam o presbitério da Igreja. Amemos também os profetas, porque também eles anunciaram o Evangelho; eles esperaram em Cristo e esperam-no; acreditando nele, foram salvos e, permanecendo unidos a Jesus Cristo, santos dignos de amor e admiração, mereceram receber o testemunho de Jesus Cristo e ter lugar no Evangelho, nossa esperança comum...


Deus não habita onde reina a divisão e a cólera. Mas o Senhor perdoa a todos os que se arrependem, se o arrependimento os levar à união com Cristo que nos libertará de toda a opressão. Suplico-vos, não ajam no espírito de querela, mas segundo os ensinamentos de Cristo. Ouvi que diziam: «O que não encontro nos arquivos, não o acredito no Evangelho»... Para mim, os meus arquivos, é o Cristo; os meus arquivos invioláveis são a cruz, a sua morte e a sua ressurreição, e a fé que vem dele. Eis donde espero, com a ajuda das vossas orações, toda a minha justificação.


Santo Inácio, Bispo de Antioquia

terça-feira, 8 de abril de 2008

Liturgia No Polo Norte


No último 6 de abril, o Arcebispo Inácio de Pétropavlovsk e de Kamtchatka, celebrou a primeira liturgia no Pólo do Norte. A temperatura estava em 25 graus negativos.

Agir como Abraão

Olhando para a promessa de Deus e deixando de lado qualquer perspectiva humana, sabendo que Deus é capaz de obras que ultrapassam a natureza, Abraão confiou nas palavras que lhe tinham sido dirigidas, não guardou nenhuma dúvida no seu espírito e não hesitou sobre o sentido que devia dar às palavras de Deus. Porque é próprio da fé confiar no poder daquele que nos fez uma promessa... Deus tinha prometido a Abraão que dele nasceria uma descendência incontável. Esta promessa ultrapassava as possibilidades da natureza e as perspectivas puramente humanas; por isso é que a fé que ele tinha em Deus "lhe foi contada como justiça" (Gn 15,6; Ga, 6).

Pois bem, se formos vigilantes, veremos que nos foram feitas promessas ainda mais maravilhosas e seremos compensados muito mais do que pode sonhar o pensamento humano. Para isso, temos apenas que confiar no poder daquele que nos fez essas promessas, a fim de merecermos a justificação que vem da fé e de obtermos os bens prometidos. Porque todos esses bens que esperamos ultrapassam toda a concepção humana e todo o pensamento, de tal forma é magnífico o que nos foi prometido!

Com efeito, essas promessas não dizem respeito apenas ao presente, à realização plena das nossas vidas e ao gozo dos bens visíveis, mas dizem também respeito ao tempo em que tivermos deixado esta terra, quando os nossos corpos tiverem sido sujeitos à corrupção, quando os nossos restos mortais forem reduzidos a pó. Então Deus promete-nos que nos ressuscitará e nos estabelecerá numa glória magnífica; "porque é preciso, assegura-nos S. Paulo, que o nosso ser corruptível revista a incorruptibilidade, que o nosso ser mortal revista a imortalidade" (1 Co 15,53). Além disso, depois da ressurreição dos nossos corpos, recebemos a promessa de gozarmos do Reino e de beneficiarmos durante séculos sem fim, na companhia dos santos, desses bens inefáveis que "os olhos do homem não viram, que o seu ouvido não ouviu e que o seu coração é incapaz de sondar" (1 Co 2,9). Vês a superabundância das promessas? Vês a grandeza destes dons?

São João Crisóstomo

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Refletindo os Salmos (II) - Salmo 138(139)

1 Salmo de Davi para o cantor-mor SENHOR, tu me sondaste e me conheces.
2 Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.
3 Cercas o meu andar e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos.
4 Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó SENHOR, tudo conheces.
5 Tu me cercaste em volta e puseste sobre mim a tua mão.
6 Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta, que não a posso atingir.
7 Para onde me irei do teu Espírito ou para onde fugirei da tua face?
8 Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também;
9 se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar,
10 até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.
11 Se disser: decerto que as trevas me encobrirão; então, a noite será luz à roda de mim.
12 Nem ainda as trevas me escondem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa.
13 Pois possuíste o meu interior; entreteceste-me no ventre de minha mãe.
14 Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.
15 Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra.
16 Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia.
17 E quão preciosos são para mim, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grande é a soma deles!
18 Se os contasse, seriam em maior número do que a areia; quando acordo, ainda estou contigo.
19 Ó Deus! Tu matarás, decerto, o ímpio! Apartai-vos, portanto, de mim, homens de sangue.
20 Pois falam malvadamente contra ti; e os teus inimigos tomam o teu nome em vão.
21 Não aborreço eu, ó SENHOR, aqueles que te aborrecem, e não me aflijo por causa dos que se levantam contra ti?
22 Aborreço-os com ódio completo; tenho-os por inimigos.
23 Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos.
24 E vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.

Encontrando o Mistério - Livro do Patriarca Ecumênico Bartolomeu I


Encontrando o Mistério (Encountering The Mystery), o novo livro do Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, é uma obra escrita cheia de fervor pessoal e grande erudição, que só vem enriquecer a cultura e a alma do Cristianismo Ortodoxo. Neste livro, Sua Santidade Bartolomeu I apresenta as raízes finacadas há 2000 anos da Fé Ortodoxa, explora sua espiritualidade e doutrina e explica sua liturgia e arte. Bartomeu I também relaciona o Cristianismo Ortodoxo com assuntos contemporâneos, como liberdade e direitos humanos, justiça social e globalização, como também nacionalismos e guerra. Infelizmente ainda não temos esta obra em Português. Para aquisão deste livro em inglês acesse: http://www.orthodoxmarketplace.com/product.php?productid=19168

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Escada de São João Clímaco I

O DEGRAU DA RENÚNCIA (1 e 2)

1. Deus. Nosso Senhor e Rei é bom, boníssimo, plenamente bom (é extremamente oportuno – a qualquer um dos Seus servos quando a Ele se dirige – começar nossa oração invocando Seu Santo Nome), achou por bem honrar a todos os seres que Ele criou dotados de razão, com a dignidade do livre arbítrio. Entre essas criaturas, algumas são Seus amigos, outras fiéis servidores, outras servidores inúteis outras Lhe são estanhas e, outras, por fim, embora totalmente impotentes, são Seus inimigos.

2. Os amigos de Deus, venerável Pai, conforme entendemos – ignorantes e rudes como somos – são os seres racionais e incorpóreos que O rodeiam. Fiéis servidores de Deus são aqueles que em tudo – sem fadiga e nem hesitação – fazem a Sua santíssima vontade. Temos por servos inúteis aqueles que sendo regenerados pelas águas do Santo Batismo, negligenciam os compromissos assumidos. Consideramos como estranhos e inimigos de Deus a todos que vivem sem o batismo ou cuja fé está maculada pelas heresias. Finalmente, inimigos de Deus, são todos que, não satisfeitos com o rebelar-se contra a vontade de Deus, perseguem com todas as suas forças aqueles que buscam satisfazê-la.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Encontro dos Patriarcados de Constantinopla e Moscou

As delegações dos Patriarcados Ecumênico (Constantinopla) e de Moscou que que avaliam a situação da Igreja da Estônia e das bases do diálogo ortodoxo-católico, reuniram-se no último dia 2 de março, em Zurique, Suíça. As conclusões do encontro encontram-se em fase de publicação.

A delegação do Patriarcado Ecumênico foi liderada pelo Metropolita de Pérgamo, Ioannes Zizioulas e a delegação de Moscou pelo Metropolita de Krutitsy e Kolomna, Juvenaly.

Bíblia Ortodoxa de Estudos


Lançada nos Estados Unidos pela Concliar Press a "Bíblia Ortodoxa de Estudos" em várias edições (para leigos e estudiosos). A Bíblia Ortodoxa lançada em Inglês usa os textos da Septuaginta (versão oficial da Igreja Ortodoxa das Escrituras sagradas do Velho Testamento) e para o Novo Testamento utiliza os Textos da Bíblia King James (texto protestestante muito apreciado na Ortodoxia). Para aqueles que desejam adquirir a Bíblia de Estudos Ortodoxa os preços variam de $49.95 a $587.58 (dependendo da edição). Esta Bíblia encontra-se disponível nos sítios da Igreja Grega, Antioquina e do Amazon.