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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O Homem da Mão Ressequida

 «Encontrava-se ali um homem cuja mão direita estava paralisada»

ambrosio_milao A mão que Adão estendera para colher os frutos da árvore proibida, impregnou-a o Senhor da seiva salutar das boas obras, para que, estando ressequida pelo erro, fosse então curada pelas boas obras. Naquela ocasião, Cristo ataca os seus adversários, que com falsas interpretações violavam os princípios da Lei;  julgavam eles que o sábado devia ser observado como dia de descanso, não se permitindo o trabalho, nem  mesmo a realização de boas obras. Mas a Lei prefigurou no presente o aspecto do futuro onde, seguramente, será o mal a não trabalhar, não o bem [...].
Ouviste pois as palavras do Senhor: «Estende a tua mão». Eis o remédio para todo o homem. E tu, que crês ter a mão sã, toma cuidado para que a avareza, o sacrilégio, não a paralise. Estende-a pois, sempre: estende-a a esse pobre que te implora auxílio, estende-a para ajudares o teu próximo, para socorreres  a viúva, para arrancares da injustiça aquele que vês submetido a uma imerecida vexação; estende-a a Deus, pelos teus pecados. Assim se deve estender a mão ; e assim ela será curada.

 

Santo Ambrósio (c. 340-397)

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Igreja Sérvia recebe cerca de 3,5 milhões de Euros como subvenção anual

Sérvia -- O governo deve conceder a Igreja Ortodoxa da Sérvia cerca de 3,5 milhões euro como subsídio anual fornecido pelo Ministério dos Assuntos Religiosos.

Segundo o jornal "Danis, o Ministério dos Assuntos Religiosos, este ano irá fornecer um total de 5,5 milhões de euros de subvenção às comunidades religiosas, ONGs e plano de investimento nacional.

O montante previsto para as comunidades religiosas são distribuídos entre as entidades de forma proporcional à representação populacional de cada uma, tendo por base o censo de 2002.

A Igreja Ortodoxa Sérvia terá 84,98%, a Igreja Católica Romana, 5,48%, a comunidade islâmica 3,19%, 1,078% são protestantes e da comunidade judaica 0,0071%.

A Igreja Ortodoxa Sérvia utiliza esta verba para seus gastos anuais com a manutenção de 2863 sacerdotes e mosteiros.

Fonte: Romfaia

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Deus torna-Se visível em Jesus, Seu Filho bem-amado

 

Que o Artesão do Universo
conserve intacto na terra
o número dos Seus eleitos,
pelo seu Filho bem-amado, Jesus Cristo.
Por Ele nos chamou das trevas à luz
da ignorância ao conhecimento da glória do Seu nome.
Em Ti pomos a nossa esperança,
princípio de toda a criação.
Abriste os olhos do nosso coração,
a fim de Te reconhecerem,
a Ti, o único Altíssimo nos céus,
Santo que repousa entre os santos.
Tu abates a insolência dos soberbos,
alteras os cálculos das nações,
elevas os humildes e derrubas os poderosos,
Tu nos enriqueces e nos empobreces,
tomas e dás a vida.
Único benfeitor dos espíritos
e Deus de toda a carne,
perscrutas as profundezas,
vigias as obras dos homens,
és socorro nos perigos,
Salvador dos desesperados,
Criador e Guardião de todo o espírito vivente. [...]
Nós Te pedimos, ó Todo-Poderoso,
sê nosso auxílio e nosso defensor.
Salva os oprimidos,
tem piedade dos pequenos,
levanta os que caíram.
Mostra-Te aos que estão em necessidade,
cura os enfermos,
reconduz os que do Teu povo se perderam,
dá alimento aos que têm fome,
a liberdade aos prisioneiros;
corrige os fracos,
consola os pusilânimes;
e que todos os povos reconheçam,
que só Tu és Deus,
que Jesus Cristo é Teu Filho,
que somos o Teu povo, as ovelhas do Teu redil.

 

São Clemente de Roma, papa de cerca de 90 a 100 d.C

Fonte: EAQ

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Matrimônio Gay?


O noticiário sobre uniões homossexuais abençoadas por clérigos, em breve deixará o campo do exótico para assumir lugar comum nos meio de comunicação em nosso país. E isto é algo que os fiéis em Cristo devem encarar com certo grau de naturalidade, bem como sinal de alerta e motivo de caótico júbilo.
Com “naturalidade”, porque o próprio Cristo e depois os apóstolos nos alertaram para estes tempos: falsificações (falsos cristos e falsos profetas), escândalos, mentalidade pervertida (aumento da iniqüidade) e etc (Mateus 24).
Como sinal, porque nos alerta para a necessidade de aumentarmos os nossos esforços pessoais para viver uma vida de santidade (quem for santo, santifique-se mais ainda – Apocalipse 22:11).
Com caótico júbilo, porque estas coisas nos convidam a olhar para os céus e ver que a nossa redenção se aproxima (Lucas 21:28). Cristo nos convida a encarar estes tempos obscuros como uma mulher que sente dores de parto; pois a dor da agonia é suplantada pela felicidade de uma criança vir ao mundo (João 16:21). Assim, a realidade caótica deve servir como preâmbulo do novo dia que se aproxima, porque quanto mais próxima a aurora, mais fria é a madrugada.
Os cristãos latentes ou simpatizantes com o cristianismo, algumas vezes questionam o porquê da condenação da Igreja ao homossexualismo e o repúdio a grupos e entidades que utilizem os sacramentos e símbolos cristãos para legitimar tal prática.
Todo o sacramento (este termo é a tradução latina do grego “misterion”) é em essência um ícone de Cristo, ou seja, possui duas naturezas: a humana e a divina. A sua dimensão visível está na forma (símbolo) que encerra uma realidade invisível, incapaz de ser delineada por qualquer forma ou palavras; realidades que transcendem toda e qualquer racionalização ou paradigma da natural razão.

Bodas em Caná
O matrimônio, por exemplo, não pode ser reduzido ou encerrado aos limites da sexualidade erótica, reprodutiva ou da satisfação psicológica. Estas dimensões se fazem presentes no mistério (sacramento) do matrimônio, mas não o encerra nela. Segundo o ensino apostólico (Efésios 5:31,32) o matrimônio aponta para a união entre Cristo e a Igreja, para a realização do projeto Divino de deificar a humanidade (João 17). A união homossexual não alcança esta dimensão, uma vez que lhe faltam os elementos indispensáveis para compor a imagem de Deus no homem (o macho e a fêmea – que formam uma pluri-unidade); ou seja, à união homossexual, ou lhe falta o elemento masculino ou o feminino, a bipolaridade necessária, reflexo (imagem, ícone) de Deus (Gênesis 1:26). Sendo, em sua realidade última, a prefiguração da união entre Cristo e a Nova Humanidade (Igreja), o matrimônio é um caminho espiritual que nos leva à união com Deus e não encontra sua plenitude na mera satisfação dos sentidos. Este é o vinho que se acaba e que foi primeiro servido por ser julgado o melhor. No entanto, é o segundo vinho, aquele que foi transformado, que surpreende a todos e confere perenidade à festa, conforme é narrado o milagre em Caná da Galiléia, o primeiro sinal messiânico de Cristo entre os homens (João 2:1-11). Não é por acaso que a Igreja Ortodoxa lê obrigatoriamente este texto no Rito do Noivado e Matrimônio. É, portanto, muito significativo que Cristo tenha iniciado seus sinais messiânicos exatamente em uma festa de casamento, ícone verdadeiro da salvação Divina.
A filosofia gay despreza esta dimensão sacramental porque ela é fruto da mentalidade secular e materialista que se estabeleceu na sociedade ocidental, que tem como uma de suas principais características o reducionismo do sagrado. Nesta mentalidade a religião deve se limitar ao campo do privado e os conceitos que dela emergem, subordinados aos das ciências humanas. Por isto freqüentemente a religião é confundida com cultura e todos os seus componentes - como, por exemplo, seus ritos e dimensões simbólicas - tratados como folclore e suas compreensões não-científicas como mito. Daí que tudo que provém do universo religioso deve ser tratado como relativo e circunstancial.
A segunda razão pela qual a Igreja desaprova o homossexualismo está na herança recebida dos nossos pais, ou seja, a Tradição Sagrada. Tanto na pedagogia da Primeira Aliança (Velho Testamento), como na da Nova e Eterna Aliança (Novo Testamento) existe reprovação à prática homossexual. Segundo o ensino apostólico esta prática constitui um dos elementos que apodrece o tecido da atual sociedade e que ficará de fora do mundo vindouro (a nova ordem cósmica a ser estabelecida por Deus ou Nova Criação). Na antropologia apostólica, esta prática é fruto de uma degeneração do conhecimento de Deus (Romanos1:18-31), não sendo compatível ao novo homem que é criado segundo Deus (Efésios 4:24). Mas, na compreensão “gay”, toda esta pedagogia não pode ser evocada porque ela faz parte de uma mentalidade pré-científica (e aqui vem o reducionismo do Divino às limitações humanas do qual falamos antes). É certo que alguns “exegetas” pro-homossexualismo, procuram abordar estas tradições com falácias hermenêuticas, de maneira que todo texto que condena o homossexualismo, num passe de mágica, passa a não dizer o que a razão primeira compreende que eles estão dizendo. Estes, conforme nos diz São Pedro, distorcem as Escrituras para suas próprias perdições.
Nenhum dado “científico” aponta para uma dimensão gay do ser humano, quer seja na anatomia, na fisiologia e na genética humana: nada nos leva à direção. O resto são digressões científicas, estribadas em hipóteses. As tendências homossexuais estão encerradas no campo psicológico, numa configuração da alma que a ciência humana não conseguiu precisar clara e seguramente: nem no que se refere à sua gênesis e nem quanto às suas estruturas subjetivas.
Na perspectiva da Teologia, o homossexualismo está situado na dimensão passional da alma que sofre influências de elementos diabólicos [a tradição cristã chama de diabolos literalmente, aquele ou aquilo que divide (dia) o homem em si mesmo, que o dilacera; essa é, igualmente, a etimologia da palavra hebraica shatan, “o obstáculo”, o que se opõe à unidade do homem, à união com os outros, à união com Deus]. Trata-se sempre de discernir no homem o que cria obstáculo à realização de seu verdadeiro ser, o que impede o desabrochamento da vida do Espírito (Pneuma) em seu ser, seu pensamento e seu agir [Jean-Yves Leloup, Os verdadeiros Filósofos]. No caso do homossexualismo, o elemento diabólico o impede de desfrutar da interação com o seu outro-oposto, frustrando sua vocação para a plena identidade com Deus (imagem e semelhança).
amaglebaPortanto, a Igreja considera a prática homossexual como pecado (aquilo que nos faz desviar do alvo), o que lha impede de abençoar as uniões gays com o sacramento do Matrimônio. No entanto, devemos estar vigilantes para que a reprovação de tais práticas não gere um estigma contra as pessoas que se sentem, a partir de pulsões interiores, estimuladas a vivenciá-las. O pecado é uma deformidade da alma - que tem muitas nuanças e características diversas – e que se faz presente em toda a humanidade. Ninguém é mais pecador do que o outro por sentir impulsos homossexuais. A cada um de nós se impõe o dever de resistir ao pecado em sua multiforme manifestação (Gênesis 4:7). E nisto consiste a essência do Cristianismo: o Amor que socorre e transforma. Deus, em Cristo, vem em socorro do homem, não para despir de maldade as forças que subjugam nosso ser, contemporizando com as tais, mas para triunfar sobre elas e nos resgatar da tirania destes poderes. E para isto nos deixou, por meio do Seu Espírito, uma série de recursos eficazes que nos auxiliam neste combate (2 Coríntios 10:3-5). O amor de Deus convida a todos – sem descriminações – a participar desta Graça e a provar da Fonte Vivificante. Assim como uma semente só gera a vida se primeiro morrer, também o é conosco. Só quando assumimos voluntariamente a morte para o pecado poderemos experimentar a vida que vem de Deus. É isto que o Cristianismo chama de nascer do alto, ou, novo nascimento.
Contudo, é pertinente dizer, que o homossexualismo em si, não pode ser classificado como imoralidade. A promiscuidade, sim, e esta pode ser de natureza homo ou heterossexual. A questão da homossexualidade não é de natureza moral, assim como o pecado também não o é. A imoralidade é um dos frutos do pecado. A raiz da homossexualidade está na estrutura do ser, portanto é de natureza ontológica e é uma das conseqüências do pecado.
Em sua natureza terapêutica a Igreja se posta ao lado dos homens, não para lhes legitimar as paixões, mas, sim, para ajudá-los a superá-las. No caso do homossexual a ação catequética buscará ajudá-lo(a) a compreender que as compulsões que lhes direcionam a prática homossexual são de natureza coercitiva, sim, mas não determinante. Instrui-los-á sobre como em Deus se buscar o auxílio e as forças necessárias para o redirecionamento do desejo. Que Deus nos fez seres relacionais numa fragmentação bipolar para que encontrássemos a nossa unidade no outro (heteros- termo grego que designa um objeto de natureza diferente). "Assim, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher. E serão os dois uma só carne" (Gênesis 2:24). A superação das paixões é na maioria das vezes um processo lento e as virtudes da paciência e da perseverança são indispensáveis neste processo.

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Madre Maria
A Madre Maria (Skobtzoff), uma monja ortodoxa que vivia na França no período da 2ª Guerra e foi martirizada por proteger judeus da perseguição nazista, em seu estudo sobre o Segundo Mandamento do Evangelho (amar ao próximo como a si mesmo), esboça as grandes linhas de uma ascese de encontro e de amor. Diz a santa monja:

“É necessário evitar projetar o próprio psiquismo sobre os demais. É necessário compreender o outro em um extremo despojamento de si, até descobrir nele a imagem de Deus. Então se descobre de que modo essa imagem pode estar apagada, deformada pelos poderes do mal". (A Oração do Coração, Olivier Clèment).

Vê-se o coração do homem como o lugar onde o bem e o mal, Deus e o diabo, travam uma luta incessante. E se deve intervir nesse combate, não pela força exterior, que não poderia chegar mais que a este "pesadelo do mal- bem", do bem imposto, denunciado por Berdiaev, senão pela oração:

"Pode-se intervir, se se coloca toda confiança em Deus, se se despoja de todo o desejo interessado, se, tal como Davi, se joga fora suas armas e entra no combate sem outra arma que não seja o Nome do Senhor. Então o Nome, chegando a ser Presença, inspira-nos as palavras, o silêncio, os gestos indispensáveis” (Ibid).

O mundo contemporâneo sofre de grande confusão mental. São muitas vozes falando coisas diferentes. A tendência da mente, diante do que é confuso, é relativizar os elementos e classificá-los como a verdade de cada um. No Éden, a primeira estratégia do Diabo foi a confusão dos conceitos e apelar para os impulsos do desejo (Gênesis 3:1-6). A Igreja deve ser paciente com os que são cativos por esta confusão e canalizar todas as suas forças espirituais em favor da salvação de todos, com amor e verdade que são em Deus, realidades convergentes:

“A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram” [Salmo 84:10 (85:10)].

Por isto a Igreja rechaça com veemência as vozes "teologais" que se levantam em apologia à prática homossexual porque vê nelas a fala de Satã (o opositor), que busca impedir o encontro da humanidade com Aquele que é a Fonte de todo bem, da nossa unidade e plenitude. Rejeita-se àqueles que adulteram o ensino Divino (2 Coríntios 4:1,2), os quais usando de artifícios retóricos e dissimulações, procuram desviar os indoutos da verdade, prometendo-lhes libertação quando eles mesmos são escravos de suas paixões (2 Pedro 2:-19). Tendo aparência de piedade, mas negando-lhe a eficácia (2 Timóteo 3:5). Despossuídos de todo senso (2 Timóteo 3:13), falam de forma soberba procurando impressionar julgando-se possuidores de ciência (Judas 16). Muitos destes saíram do meio de nós e criaram para si grupos que indevidamente chamam de igrejas. Usam de adjetivações pejorativas (homofóbicos, preconceituosos, discriminatórios e etc) visando desqualificar os que ensinam a verdade.
Mas, o Supremo Juiz virá repentinamente e as obras de cada um serão reveladas.
Seja sobre nós a Graça do nosso Deus.
Pe. Mateus (Antonio Eça)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Todo cristão deveria ser místico, assegura Papa

Propõe como modelo um escritor muito admirado pela Igreja Ortodoxa

Por Inma Álvarez

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 16 de setembro de 2009 (ZENIT.org).- O conhecimento e a experiência mística de Deus não são privilégios reservados a pessoas excepcionais, mas a todo batizado, segundo afirmou hoje o Papa Bento XVI durante a audiência geral, realizada na Sala Paulo VI.

O Papa, continuando com suas catequeses sobre grandes escritores cristãos do primeiro milênio, falou sobre Simeão o Novo Teólogo (949-1022), um escritor pouco conhecido no Ocidente, mas muito querido pela Igreja Ortodoxa.

Esta foi a quarta vez que o Papa se referiu a um santo muito estimado pelas Igrejas Orientais, após suas catequeses sobre São João Damasceno, os santos Cirilo e Metódio e Germano de Constantinopla.

Um dos que nos últimos anos escreveu sobre ele é o bispo Hilarion de Volokolamsk, presidente do Departamento para as Relações Eclesiásticas Externas do Patriarcado de Moscou.

De fato, o título de “Teólogo” lhe foi conferido pela igreja oriental, que só reconhece este título a outros dois santos: São João Evangelista e São Gregório Nazianzeno, como recordou o Papa durante a catequese de hoje.

Este santo, explicou o Papa, “concentra sua reflexão na presença do Espírito Santo nos batizados e na consciência que devem ter dessa realidade espiritual”.

Simeão “insiste no fato de que o verdadeiro conhecimento de Deus não vem dos livros, mas da experiência espiritual”, através de um caminho de purificação interior, “que começa com a conversão do coração, graças à força da fé e do amor”.

Para o santo, “semelhante experiência da graça divina não constitui um dom excepcional para alguns místicos, mas é fruto do Batismo na existência de todo fiel seriamente comprometido”, sublinhou o Papa.

Bento XVI convidou todos os batizados a refletirem sobre o convite que este santo oriental faz “à atenção à vida espiritual, à presença escondida de Deus em nós, à sinceridade da consciência e à purificação, à conversão do coração”.

“Se, de fato, nós nos preocupamos justamente por cuidar do nosso crescimento físico, é ainda mais importante não descuidar do crescimento interior, que consiste no conhecimento de Deus”, acrescentou.

O Papa relatou uma das experiências místicas de Simeão, que acabou por assegurar-se de que Jesus estava nele ao advertir um amor imenso pelos demais, inclusive por seus inimigos.

“Evidentemente, semelhante amor não poderia vir dele mesmo, mas deveria brotar de outra fonte. Simeão entendeu que procedia de Cristo presente nele e tudo se esclareceu: teve a prova segura de que a fonte do amor nele era a presença de Cristo.”

“Queridos amigos: esta experiência é muito importante para nós, hoje, para encontrar os critérios que nos indicam se estamos realmente perto de Deus, se Deus existe e vive em nós”, explicou o Papa aos presentes.

“Somente o amor divino nos faz abrir o coração aos demais e nos torna sensíveis às suas necessidades, fazendo-nos considerar todos como irmãos e irmãs e convidando-nos a responder com amor ao ódio e com perdão à ofensa.”

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Joseph Frank, Biógrafo de Dostoiévski, Fala da Aceitação de Sua Obra no Brasil e Comenta Sobre a Fé Ortodoxa do Famoso Romancista Russo.

 

Especialista na obra do escritor, Joseph Frank, professor de Princeton e Stanford, fala à professora Aurora Bernardini, da USP, sobre a proximidade entre o Brasil e o universo do autor de "Crime e Castigo", Joseph Frank, professor de literatura comparada na Universidade de Princeton e de línguas e literaturas eslavas e literatura comparada na Universidade Stanford, é considerado hoje um dos maiores conhecedores de Fiódor Dostoiévski, ao estudo de cuja obra dedicou grande parte de sua vida (o professor nasceu em 1918). Ele é autor de muitos livros, entre os quais se destacam: "Dostoiévski - As Sementes da Revolta (1821-1849)"; "Dostoiévski - Os Anos de Provação (1850-1859)"; "Dostoiévski - Os Efeitos da Libertação (1860-1865)"; "Dostoiévski - Os Anos Milagrosos (1865-1871)"; "Pelo Prisma Russo - Ensaios sobre Literatura e Cultura", todos publicados pela Edusp, que lança neste mês o último volume da série sobre o escritor russo: "Dostoiévski - O Manto do Profeta (1871-1881)". Joseph Frank teve a complacência de responder prontamente às perguntas desta entrevista, algumas delas intencionalmente "intrigantes" – como diz o emérito professor –, uma vez que suas respostas, em certos aspectos, discutem convicções de Mikhail Bakhtin (segundo o qual, por exemplo, as idéias e as consciências dos personagens de Dostoiévski são autônomas, não podendo ser levadas a um denominador ideológico comum), de filósofos como Luigi Pareyson, que está convencido de que em Dostoiévski a experiência fundamental e decisiva é a experiência do mal, de especialistas como Evel Gasperini (Universidade de Pádua), de acordo com o qual, em sua maturidade, Dostoiévski nunca teria acreditado na natureza transcendente de Cristo, dando roupagens cristãs a particulares correntes mais antigas dos povos eslavos, ou ainda de Pierre Pascal (Universidade de Paris), que pergunta: "O paraíso na terra, que Dostoiévski não define, é cristão?" Leia abaixo a entrevista:

 

Como o sr. sabe, seus livros sobre Dostoiévski tiveram uma recepção muito favorável no Brasil, apesar de a leitura não ser um dos entretenimentos preferidos no país.

"As Sementes da Revolta", o primeiro da série, teve sua edição esgotada logo depois da publicação. Agora que a Edusp está publicando o quinto e último volume, poderia nos dizer qual é, na sua opinião, o motivo desse sucesso? Uma resposta possível sobre o sucesso de meus livros no Brasil talvez seja a fascinação mundial por Dostoiévski, cujos romances parecem ganhar importância com o passar do tempo. Muitas vezes me surpreende a extensão em que encontramos referências a seu nome e suas obras até em jornais. Os problemas que ele dramatiza, especialmente o choque entre razão e fé e os dilemas morais que surgem do desejo de transformar a sociedade como um todo, emergem de seu próprio entorno, a Rússia de meados do século 19. Mas ele tinha certeza do que eram os problemas do mundo moderno em geral, e a contínua popularidade de seus livros parece provar que tinha razão. Outro motivo pelo qual os leitores brasileiros poderiam se interessar especialmente por suas obras é porque se concentram no choque entre a cultura européia ocidental e o que Dostoiévski considerava valores originais russos, decorrentes da tradição nativa. Pelo pouco que sei sobre a cultura brasileira (infelizmente, pouco demais), me ocorre que talvez sua própria mistura de culturas dê aos romances de Dostoiévski uma ressonância especial em seu país. Quanto ao sucesso dos meus livros, talvez seja conseqüência de meus esforços para situar suas obras no contexto ideológico russo a que ele reagia. Eles contêm uma boa medida da história cultural russa, que, além de seus romances, tem um grande interesse por si só.

Seria um dos motivos o interesse de Dostoiévski pelo lado mais escuro da alma humana?

Não tenho certeza se concordo que Dostoiévski tem um interesse especial por retratar "o lado mais escuro da alma humana". Seus personagens podem cometer crimes, mas nenhum deles é um completo vilão cujos atos não demonstrem nenhum sentimento moral ou que aprecie o mal pelo próprio mal. Pelo contrário, são invariavelmente consumidos pela culpa e pelo remorso por causa de seus erros, mesmo que tentem justificar-se com argumentos tirados das idéias de sua época.

O sr. interpreta os "romances polifônicos" de Dostoiévski como o fim do "paternalismo" na literatura -do lado do narrador-, como afirma Bakhtin (1895-1975)?

Eu admiro os textos de Bakhtin, mas acho que ele exagera a originalidade formal de Dostoiévski na história do romance. Por "paternalismo", suponho que esteja me perguntando se as teorias de Bakhtin marcam o fim do autor onisciente, que ele identifica com Tolstói. Mas há romancistas anteriores que também entram na consciência de seus personagens, como Jane Austen, por exemplo, e Dostoiévski é muito menos original nesse sentido do que Bakhtin o pinta. E também a idéia do "romance polifônico", de Bakhtin, que parece implicar a ausência de um autor controlador, é paradoxal.
Se as diferentes consciências dos diversos personagens pudessem ser resumidas em um denominador comum, qual seria? Eu diria que um denominador comum dos personagens dos maiores romances de Dostoiévski é a luta entre uma ideologia que tenta substituir a existente, baseada na civilização judaico-cristã, e uma consciência moral moldada nos valores dessa tradição.

No prefácio ao segundo livro da série, "Os Anos de Provação (1850 a 1859)", que recebeu o National Book Critics Award de biografia em 1984, o sr. diz que o método que escolheu foi o de "fundir biografia, crítica literária e história cultural social". Acha que, com essa abordagem, o que o sr. tão bem descreveu como ideologia de Dostoiévski pode às vezes ser confundido com a interpretação que fez de alguns personagens?

Só posso esperar que esse tipo de confusão mencionado não seja o caso. Uma boa parte do gênio de Dostoiévski, na minha opinião, é sua capacidade de mostrar a fusão entre ideologia e personagem, a maneira como as idéias que um personagem aceita influenciam o nível mais profundo de seus sentimentos e seu comportamento. Por isso retratei o efeito dessas idéias nos atos dos personagens, mas também tentei esboçar a ideologia da época, independentemente da maneira como Dostoiévski a usou em seus romances.

A diferença que Dostoiévski fazia entre o "socialismo utópico", que admirava, e o "niilismo russo", que desprezava, aparece em "Crime e Castigo"?

Sim, creio que a diferença entre socialismo utópico e niilismo russo aparece em "Crime e Castigo". O personagem Lebeziátnikov, como digo em meu livro, "profere os clichês socialistas utópicos do início dos anos 1860", e Raskólnikov representa as últimas conseqüências do niilismo russo como Dostoiévski as concebia.

Por que, na sua opinião, Dostoiévski se dedicava muito mais a pintar o mal do que o bem?

O objeto principal de Dostoiévski, no início dos anos 1860, era combater o que considerava os efeitos desintegradores das doutrinas do niilismo russo. Para tanto precisava mostrar todas as suas conseqüências malignas. Em certo sentido, do seu ponto de vista, ele mostrava o bem, pois continuava mostrando a luta interna dos personagens contra suas próprias idéias. Também se deve ter em mente que, na única declaração de próprio punho que temos sobre suas convicções religiosas, redigida enquanto ele velava o corpo de sua primeira mulher, escreveu que "amar ao homem como a si mesmo, segundo o mandamento de Cristo, é impossível. A lei da personalidade na terra não o permite. O ego atrapalha". Era a luta contra esse ego que constituía "o bem" para Dostoiévski.

Qual era o tipo de cristianismo de Dostoiévski? Qual é o significado do sofrimento na existência humana, segundo ele?

Não tenho certeza de o que significa perguntar "qual era o tipo de cristianismo de Dostoiévski?". Ele se considerava um membro fiel da Igreja Ortodoxa Russa, cujos dogmas, deve-se lembrar, são muito mais fluidos que os da Igreja Católica Apostólica Romana.Quanto ao significado do sofrimento na existência humana, é importante lembrar que Dostoiévski falava em "sofrimento moral", decorrente do fracasso em cumprir a lei de Cristo. Não se referia ao "sofrimento" causado pela privação material. No documento citado, ele escreveu que "o homem luta na terra por um ideal oposto à sua natureza", e esse ideal exige que sacrifique seu ego às pessoas ou a outra pessoa. Quando deixa de fazê-lo, "sofre e chama isso de pecado". Mas ele acreditava que esse sofrimento era "compensado pela alegria celestial de cumprir a lei, isto é, pelo sacrifício".

No quinto volume da série, "O Manto do Profeta", o sr. descreve o "Diário" de Dostoiévski, entre outros livros. Em setembro de 1837, Dostoiévski publicou em seu "Diário" um texto chamado "Uma Mentira é Salva por Outra Mentira", em que acrescentou um episódio inexistente ao "Dom Quixote", de Cervantes. Quixote comenta com Sancho por que criaturas como eles (os chamados "cavalieri erranti") são capazes de aniquilar exércitos inteiros: é porque a primeira mentira é salva por uma segunda mentira. Isso significa que Dostoiévski não estava absolutamente certo de suas crenças, que, não obstante, tinham de ser mantidas vivas?

Esta é a pergunta mais intrigante desta entrevista, e não há possibilidade de uma resposta inequívoca. Dostoiévski acreditava incondicionalmente em suas próprias idéias? Tudo o que podemos dizer é que certamente conseguiu apresentar aquilo que se opunha a elas com uma força artística impressionante. Mas devemos ter em mente que o poder da convicção emocional sempre foi mais importante para Dostoiévski que a razão ou a racionalidade, e talvez estivesse defendendo essas convicções nesse artigo notável. Certa vez ele disse que, se alguém o convencesse de que Cristo era contrário à "verdade", preferiria ficar com Cristo a ficar com "a verdade" (o que supostamente significa a verdade da razão). Seu artigo foi escrito, devemos lembrar, quando os russos sofriam perdas terríveis durante a Guerra Russo-Turca.

Fonte: Blog da Aurora

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Lei Geral da Religião

 

BRASÍLIA - Logo após votar o texto do acordo entre o governo brasileiro e a Santa Sé , de interesse dos católicos, os deputados aprovaram, na noite de quarta-feira, o projeto batizado de Lei Geral das Religiões, de agrado dos evangélicos. É uma cópia do acordo entre Brasil e Vaticano, apenas com substituição da expressão Igreja Católica por instituições religiosas. Ambos têm os mesmos 19 artigos. A lei geral proposta vale para todas as religiões, inclusive a católica.

O acordo com o Vaticano cria o Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil e foi motivo de polêmica com os evangélicos desde o envio ao Congresso, no fim de 2008. Seus opositores acusaram o governo de privilegiar os católicos e ferir a condição do Brasil de país laico.

Os dois textos asseguram benefícios tanto para a Igreja Católica como para qualquer outra religião, como a proteção ao patrimônio e aos locais de culto, aos símbolos, imagens e objetos culturais; assegura assistência espiritual aos fiéis internados em estabelecimentos de saúde, assistência social e educação; imunidade tributária; e garante o ensino religioso nas escolas públicas de ensino fundamental.

Único partido a votar contra os dois textos, o PSOL anunciou que irá à Justiça para anular a aprovação da Lei Geral.

- Foi a aprovação da lei das compensações no mercado da fé - disse o líder do PSOL, Ivan Valente (SP).

Para que o projeto dos evangélicos tivesse a urgência aprovada para ser votado ainda na quarta, Inocêncio Oliveira (PR-PE), 2º secretário da Câmara, que presidia a sessão, pôs o requerimento em votação sem dar tempo para contestações.

Articulador do acordo pelo lado dos evangélicos, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que também foi o relator da Lei Geral, disse nesta quinta-feira que o propósito era mesmo copiar o acordo, adequá-lo e estendê-lo às demais religiões.

- Copiamos todas as cláusulas, mas no formato de projeto de lei. Não houve acordo fechado, mas uma ponderação para que se desse igualdade a todos os credos. O que ocorreu foi um acordo político para votar.

O Globo

Terceiro dia da festa da Exaltação da Santa Cruz

S. Eufêmia, megalomártir († 304); S. Sebastiana, discípula de S. Paulo.

2 Coríntios 6,1-10; Lucas 7,36-50

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“O Pai é o amor que crucifica, o Filho é o amor crucificado, o Espírito é o poder invencível da cruz”, dizia Filarete, Metropolita de Moscou.

A cruz, mais do que qualquer outra coisa, é “teóloga” (literalmente fala, diz quem é Deus): ela revela-nos o mistério do Amor e do Dom que habita as profundezas do Ser; é o livro aberto no qual o homem, unificado, desvela sua natureza, sua profundeza, sua largura... Os dois eixos da cruz, horizontal e vertical, simboliza a união da transcendência e da imanência, essa “síntese” que o Cristo viveu e ensinou no mandamento duplo: “Amar a Deus” (vertical), “amar ao próximo” (horizontal).

A cruz não tem por objetivo mostrar a derrota do homem diante do fracasso, da violência, do absurdo e da morte, mas, ao contrário, sua vitória por meio da paciência (paciência e paixão tem a mesma etimologia) e por meio do perdão.

Para São Gregório de Nissa († 394), a cruz reúne os quatro pontos cardeais e simboliza, assim, a unidade do cosmos: seu eixo vertical norte sul liga os Céus aos infernos, enquanto o lateral transversal leste-oeste cobre a terra. Ela é o “axus mund”i, a “Árvore da Vida”, de onde corre a seiva vivificante. Ao abrir os braços, Jesus se torna o eixo do mundo e qualquer homem que se coloca na posição de uma cruz, quer dizer em pé, reencontrou em Cristo, seu centro.

A cruz comporta três travessões. O travessão inferior, colocado sob os pés de Cristo, está ligeiramente inclinado para baixo, representa o destino do ladrão da esquerda; o outro, inclinado para o alto, o da direita. A liturgia compara a cruz a uma balança do destino, ou “balança da justiça”. Lembra-nos, portanto, nossa liberdade: ninguém é obrigado a crer no Amor manifestado no Cristo sobre a cruz, nós somos livres. Podemos crer que o absurdo, a violência e morte vencerão: podemos crer também que a paciência, a ternura e o perdão terão a última palavra, que o amor vencerá.

Jean-Yves Leloup

domingo, 13 de setembro de 2009

O Caminho das Índias e O Caminho do Coração

Há muito a teledramaturgia brasileira não prestava um serviço tão significativo à alma de nossa sociedade que vem sendo degenerada por muitos agentes. A autora da novela “O Caminho das Índias”, Glória Perez, tendo como pano de fundo o hinduísmo (nome ocidental utilizado para classificar o conjunto das milhares de religiões e cultos que se estabeleceram na Índia), faz desenvolver uma trama onde estão presentes todos os elementos da alma humana: religiosidade, hipocrisia, amor, paixão, ódios, perfídia, avareza, preconceito, perversão e etc.
No entanto, nenhum desses elementos foi - como geralmente costuma ser - o catalisador de tamanha audiência. O que prendeu a atenção dos telespectadores foi, por assim dizer, a alma que norteava esta novela que brindou o fim da trama mostrando os personagens vencendo os seus vícios e limitações por seguirem o Caminho do Coração.

Segundo a Tradição Cristã, o caminho do coração não pode ser confundido com o dos sentimentalismos e das emoções (ambos restritos às dimensões externas da alma); conforme a antropologia bíblica, o coração é o centro do ser humano, princípio que determina as escolhas e os desejos de uma pessoa. Certamente que inclui também os sentimentos e as emoções, todavia, é muito mais que isto. Podemos dizer que é nele que está, conforme a expressão usada por São Paulo, o homem interior (Romanos 7:22 e ss). É considerado o órgão mediante o qual a graça penetra – não somente a alma – como também todos os membros do corpo. É também considerado o centro do conflito. Segundo o ensino dos Evangelhos é do coração que procedem os pensamentos maus, os homicídios, adultérios, prostituições, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias (Mateus 15:19). E esta é a lição que Shankar (personagem de Lima Duarte) antes de se transformar em sanyase (monge) procura deixar para o seu filho Opash (Tony Ramos), que começa a desfrutar de uma vida feliz por decidir - em meio aos conflitos e as dores - ouvir a voz mais profunda do coração (a caverna da alma, segundo as tradições mais antigas da Índia). E é no coração onde pode ser encontrada, independente da cultura religiosa, a Lei Divina, segundo nos ensina Paulo, o Apóstolo de Cristo aos gentios (nações pagãs aos olhos dos judeus):

“Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei, os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os, no dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho” (Romanos 2:14-16).

Portanto, o coração será o grande promotor ou advogado dos homens perante o Juízo vindouro. Por isto o Rei Salomão (cerca de 1000 a.C) escreveu: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Provérbios 4:23).

A Igreja de Cristo tem como mais pura tradição uma espiritualidade monástica que pode ser desenvolvida tanta nas cavernas de um deserto como na gruta de um coração que habita as cidades. Esta espiritualidade tem como alvo o coração, palco de todas as batalhas e cenário das experiências mais sublimes do sagrado, do que é numinoso e noético. Aos que desconhecem esta realidade, é bom se apressar para tomar posse dos tesouros que possuem sem saber.

Coadjuvando o tema da espiritualidade está o da psicopatia, que Glória Perez busca fazer sabido a um público acostumado a ouvir o “Freud explica” (submetendo o comportamento humano a um determinismo psicológico), que a maldade não pode ser confundida com doença psicológica (no sentido científico). O psicopata não perde o senso da realidade e nem o da razão. Ele age por impulsos mais profundos do que a atual ciência humana possa classificar. Tema este encarnado pela própria experiência de vida da Autora que teve a filha (a atriz Daniela Perez) brutal e friamente assassinada pelo namorado e companheiro de profissão, o ator Guilherme de Pádua. Do ponto de vista Ortodoxo, toda esta derrocada que a sociedade vem padecendo tem como uma de suas fontes exatamente a dessacralização do mau, que caracteriza o cientificismo que ajudou a formar da sociedade ocidental a partir da idade moderna, o qual comumente reduz o sagrado à categoria do mito e da superstição ou como fenômeno sócio-cultural.

E aqui está também uma chamada de atenção aos líderes espirituais do cristianismo ocidental que já há muitos séculos vêm se despindo da Tradição da Igreja em nome de uma nova compreensão, com base em filosofias secularizantes. Muitos cristãos que se maravilharam com os costumes e cosmovisão da Índia, não sabem que eles estão em sintonia com tradições antigas e viscerais da Igreja: a visão transcendente do mundo, o sagrado associado com o cotidiano e ocupando o posto de intérprete privilegiado da realidade, a visão patriarcal e sagrada da família (em contrapartida ao conceito fragmentário de família nuclear), o respeito e cuidado para com os mais velhos e etc. Isto tudo desapareceu da cultura ocidental européia e quase não foi conhecida de forma sadia pelo Novo Mundo (as Américas).

Muitos cristãos no Ocidente possuem uma visão reduzida da Igreja. Até mesmo a Novela omitiu que a fé cristã também está nos Caminhos da Índia, pois a Igreja se estabeleceu na Índia pela pregação do Apóstolo Tomé e se estabeleceu em meio a todas estas tradições, padeceu ao longo da história grandes tormentos, limitações, preservando o Evangelho da verdade e testemunhando daquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Hoje a Igreja da Índia tem cerca de 5.000.000 (cinco milhões) de fiéis. Infelizmente, com a chegada dos portugueses no século XVII e a tentativa de subjugar a Igreja da Índia ao Bispo de Roma gerou muitos desconfortos e cismas dentro da Igreja de São Tomé. Hoje, como fruto destes cismas, estão subdividos em cinco jurisdições, a saber: a Igreja Assíria do Oriente, a Igreja Ortodoxa Siriana, a Igreja Ortodoxa Siro-Malankar, a Igreja Católica Siro-Malabar e a Igreja Católica Siro-Malankar. Depois, outros grupos cristãos se estabeleceram a partir do século XVII à parte da Igreja da Índia, tais como Católicos Romanos, Anglicanos e Evangélicos. E foi em Calcutá que uma freira, Madre Tereza, da Igreja de Roma deu grande testemunho de Cristo, reconhecida pelo mundo inteiro.

O Caminho das Índias tocou a alma de nossa gente porque foi para ela que uma escritora resolveu endereçar sua obra. Isto nos faz lembrar que a obra de um artista não pode ser apenas um produto de consumo do lazer, do entretenimento e da estética. Mostra que por baixo de todo entulho de perversão com que vem se revestindo a sociedade, existe uma dimensão do ser que almeja outra realidade.

Está na hora do nosso povo se deixar sensibilizar pelo Caminho do Coração.



Pe. Mateus (Antonio Eça)




Bispos da Índia




quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Quinta-Feira, 14ª Semana após Pentecostes

Terceiro dia da festa da Natividade da Santíssima Virgem; Ss. Menodora, Metrodora e Ninfodora, mártires († 310); S. Pulgeria, a rainha.

Gálatas 1,1-3; 20-24; 2,1-5

1 Paulo, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dos mortos), 2 e todos os irmãos que estão comigo, às igrejas da Galácia: 3 graça e paz, da parte de Deus Pai e da de nosso Senhor Jesus Cristo, 19 E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor. 20 Ora, acerca do que vos escrevo, eis que diante de Deus testifico que não minto. 21 Depois, fui para as partes da Síria e da Cilícia. 22 E não era conhecido de vista das igrejas da Judéia, que estavam em Cristo; 23 mas somente tinham ouvido dizer: Aquele que já nos perseguiu anuncia, agora, a fé que, antes, destruía. 24 E glorificavam a Deus a respeito de mim. 2:1 Depois, passados catorze anos, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também comigo Tito. 2 E subi por uma revelação e lhes expus o evangelho que prego entre os gentios e particularmente aos que estavam em estima, para que de maneira alguma não corresse ou não tivesse corrido em vão. 3 Mas nem ainda Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se. 4 E isso por causa dos falsos irmãos que se tinham entremetido e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão; 5 aos quais, nem ainda por uma hora, cedemos com sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós.

João 3,16-21

16 Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. 17 Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. 18 Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. 19 E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. 20 Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz e não vem para a luz para que as suas obras não sejam reprovadas. 21 Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Natividade da Santíssima Mãe de Deus (THEOTOKOS) e sempre Virgem Maria.

Filipenses 2,5-11; Lucas 10,38-42; 11,27-28 (Para ler o texto clique na referência)

Nativity Of Theotokos

Mãe de Deus e Mãe da Igreja

 

A Santíssima Genitora de Deus é honrada pela Igreja Ortodoxa como Intercessora por todo gênero cristão. Somente a Ela nós recorremos com a prece - 'salve nos' ao passo que aos Santos restantes nós pedimos 'orem a Deus por nós'.

Dos dois lados das Portas Régias, que simbolizam a entrada do Reino Celeste, em cada templo ortodoxo numa posição idêntica, situam-se as imagens do Salvador e da Mãe de Deus, - indicando e salientando, que o ingresso no Reino Celeste realiza-se somente por intermédio da Santíssima Virgem Maria. Também, demonstra-se que nada na Igreja realiza-se sem a Sua participação e intermediação, - do que são testemunhas os inúmeros cantos e orações da Igreja Ortodoxa. Surge a pergunta: por que tamanha significância e tal o Seu poder? Geralmente, presume-se que tudo isso provém dos traços pessoais Dela e também pelo fato de Deus ter escolhido-A para ser a Mãe do Seu Filho encarnado. É conhecido e amplamente interpretado o sentido das palavras do Salvador na Cruz, quando Ele perfilhou São João Evangelista à Sua Mãe. No entender da Igreja isso sempre significou a perfilhação de toda gente de fé à Mãe de Deus.

Agora a questão focaliza-se num determinado ponto exato, adquirindo uma nova nuança. Em que sentido deve ser compreendida esta perfilhação? Metafórico-poético, figurado ou moral, - de um cunho ético? Ou então, no mais profundo - existencial? A resposta, irmãos e irmãs, é evidente - é só prestar atenção. Nós comungamos o Corpo e Sangue de Cristo, que provém do puríssimo sangue da Mãe do Senhor Jesus Cristo. Conseqüentemente, unindo-se no Sacramento da Eucaristia a Cristo, nós entramos numa certa união com a Mãe de Deus. Esta união não pode ser entendida a não ser como filial. Em outras palavras, no Sacramento da Comunhão, nós, - semelhantes a Cristo, tornamo-nos filhos da Mãe de Deus, e não em algum sentido figurado, alegórico, mas no sentido real - sacramental. Nós nos tornamos Seus filhos consangüíneos (pelo Sangue de Cristo).

Eis um mistério da Ortodoxia. Nele as feições da Abençoadíssima pessoa da Sempre Virgem Maria comunicam-se necessariamente àquele que tem fé sincera, - bem como à Igreja Ortodoxa inteira. Estamos portanto, com razão, concluindo que Ela é a verdadeira Mãe de cada alma ortodoxa e Mãe da Igreja. Agora, então, tornam-se compreensíveis as palavras do Salvador sobre a perfilhação de São João Evangelista e na pessoa dele, de todos homens de fé.

Pe. Lev Lhébedev / Tradução: V.B.

A vida terrena da Mãe de Deus

Com base nas escrituras sagradas e na herança histórica da Igreja

O evangelista Lucas, que conheceu de perto a Sagrada Virgem Maria, registrou a partir das palavras Dela, inúmeros fatos importantes relativos aos primeiros anos da Sua vida. O evangelista Lucas era médico e também pintor, tendo pintado uma imagem da Virgem, ícone a partir do qual outros pintores fizeram outras cópias.

O nascimento da Sagrada Virgem Maria. Quando se aproximava o momento do nascimento do Salvador do mundo na cidade de Nazaré, na Galiléia, morava aí um descendente do rei David, chamado Joaquim com a sua mulher, Ana. Ambos eram pessoas reconhecidamente de boa índole e eram conhecidos pela sua compaixão, humildade e generosidade. Joaquim e Ana atingiram uma idade muito avançada, mas não tinham filhos. Este fato entristecia-os especialmente. Mas apesar da idade, eles continuavam a orar incessantemente e a pedir a Deus para que Ele lhes concedesse um filho. Para isso fizeram até uma promessa de que se eles recebessem a dádiva do nascimento de um filho, o destinariam para servir a Deus. Naqueles tempos não ter filhos era considerado um castigo divino pelos pecados cometidos. Joaquim em particular sofria muito com a falta de filhos, principalmente porque, de acordo com a as profecias, na sua família deveria nascer o Messias-Jesus. Pela paciência e fé Deus deu a Joaquim e Ana uma grande alegria: finalmente conceberam uma filha e a Ela foi dado o nome de Maria, o que em hebreu significa: "Senhora, Esperança."

A entrada no Templo. Quando a Virgem Maria completou 3 anos, os seus beneméritos pais prepararam-na para cumprir a promessa fixada por eles: levaram-na a um templo em Jerusalém para que Ela pudesse dedicar a Sua vida a Deus. A Virgem Maria ficou a residir junto ao templo. Aí, Ela e outras companheiras estudavam as leis de Deus e executavam trabalhos manuais, rezavam e liam as Escrituras Sagradas. Junto a este templo a Virgem Maria viveu perto de 11 anos, cresceu, desenvolvendo em si uma profunda compaixão, em tudo entregue à vontade de Deus, imensamente modesta e dedicada em seus esforços. Desejando viver e dedicar-se exclusivamente a Deus, ela fez um voto de não se casar e permanecer para sempre virgem.

APOLITIKION (4º TOM)

Tua natividade, ó Mãe de Deus,

anunciou a alegria ao mundo inteiro;

Pois de ti nasceu o sol da justiça, o Cristo nosso Deus,

o qual, abolindo a maldição, nos deu a bênção,

e destruindo a morte, deu-nos a vida eterna.

KONDAKION (4º TOM)

Pela tua santa natividade, ó Pura,

Joaquim e Ana foram libertos do opróbrio da esterilidade

e Adão e Eva, da corrupção da morte.

Teu povo, salvo da escravidão de pecado

te festeja, exclamando: "a estéril dá a luz,

a mãe de Deus que alimenta nossa vida!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Segunda-Feira, 14ª Semana após Pentecostes

Pré-festa da Natividade da Mãe de Deus; S. Sozonte, mártir († 304); S. João, Arcebispo de Novgorod, o milagroso.

2 Coríntios 2,10-19

10 Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte. 11 Fui néscio em gloriar-me; vós me constrangestes; porque eu devia ser louvado por vós, visto que em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos, ainda que nada sou. 12 Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós, com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas. 13 Porque, em que tendes vós sido inferiores às outras igrejas, a não ser que eu mesmo vos não fui pesado? Perdoai-me este agravo. 14 Eis aqui estou pronto para, pela terceira vez, ir ter convosco e não vos serei pesado; pois que não busco o que é vosso, mas, sim, a vós; porque não devem os filhos entesourar para os pais, mas os pais, para os filhos. 15 Eu, de muito boa vontade, gastarei e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado. 16 Mas seja assim, eu não vos fui pesado; mas, sendo astuto, vos tomei com dolo. 17 Porventura, aproveitei-me de vós por algum daqueles que vos enviei? 18 Roguei a Tito e enviei com ele um irmão. Porventura, Tito se aproveitou de vós? Não andamos, porventura, no mesmo espírito, sobre as mesmas pisadas? 19 Cuidais que ainda nos desculpamos convosco? Falamos em Cristo perante Deus, e tudo isto, ó amados, para vossa edificação.

Marcos 4,10-23

10 E, quando se achou só, os que estavam junto dele com os doze interrogaram-no acerca da parábola. 11 E ele disse-lhes: A vós vos é dado saber os mistérios do Reino de Deus, mas aos que estão de fora todas essas coisas se dizem por parábolas, 12 para que, vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e não entendam, para que se não convertam, e lhes sejam perdoados os pecados. 13 E disse-lhes: Não percebeis esta parábola? Como, pois, entendereis todas as parábolas? 14 O que semeia semeia a palavra; 15 e os que estão junto ao caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; mas, tendo eles a ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra que foi semeada no coração deles. 16 E da mesma sorte os que recebem a semente sobre pedregais, que, ouvindo a palavra, logo com prazer a recebem; 17 mas não têm raiz em si mesmos; antes, são temporãos; depois, sobrevindo tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam. 18 E os outros são os que recebem a semente entre espinhos, os quais ouvem a palavra; 19 mas os cuidados deste mundo, e os enganos das riquezas, e as ambições de outras coisas, entrando, sufocam a palavra, e fica infrutífera. 20 E os que recebem a semente em boa terra são os que ouvem a palavra, e a recebem, e dão fruto, um, a trinta, outro, a sessenta, e outro, a cem, por um.

21 E disse-lhes: Vem, porventura, a candeia para ser posta debaixo do cesto ou debaixo da cama? Não vem, antes, para se colocar no velador?

22 Porque nada há encoberto que não haja de ser manifesto; e nada se faz para ficar oculto, mas para ser descoberto.

23 Se alguém tem ouvidos para ouvir, que ouça.

 

«Uma semente caiu em boa terra»

É a Maria, creio, que se dirige o profeta Joel, ao dizer: «Não temas, tu, a terra; canta e rejubila, porque o Senhor faz grandes coisas» (2,21). Porque Maria é a terra: a terra onde Moisés, homem de Deus, recebeu ordem para tirar as sandálias dos pés (Ex 3,5), uma imagem da Lei que a graça virá substituir. Ela é também a terra onde, pelo Espírito Santo, se fixou Aquele acerca de quem cantamos que «fundou a terra sobre bases sólidas» (Sl 103,5). É uma terra que, sem ter sido semeada, faz brotar o fruto que dá alimento a todo o ser vivo (Sl 135,25). Uma terra onde não cresceu o espinheiro do pecado: pelo contrário, nela nasceu quem desde a raiz o arrancou. Terra que é, enfim, não maldita, como a primeira, de campos onde abundavam espinhos e abrolhos (Gn 3,18), mas sobre a qual repousa a bênção do Senhor, e que traz em seu seio um «fruto bendito», como diz a palavra sagrada (Lc 1,42). [...]

Exulta pois, Maria, casa do Senhor, terra que Deus marcou com seus passos [...]. Exulta, paraíso mais feliz que o jardim do Éden, onde toda a virtude germinou e onde cresceu a árvore da Vida.

S. Teodoro Estudita (759-826), monge em Constantinopla

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

13ª Semana após Pentecostes - Quinta-feira

2 Coríntios 10, 7-18

7 Olhais para as coisas segundo a aparência? Se alguém confia de si mesmo que é de Cristo, pense outra vez isto consigo: assim como ele é de Cristo, também nós de Cristo somos. 8 Porque, ainda que eu me glorie mais alguma coisa do nosso poder, o qual o Senhor nos deu para edificação e não para vossa destruição, não me envergonharei, 9 para que não pareça como se quisera intimidar-vos por cartas. 10 Porque as suas cartas, dizem, são graves e fortes, mas a presença do corpo é fraca, e a palavra, desprezível. 11 Pense o tal isto: quais somos na palavra por cartas, estando ausentes, tais seremos também por obra, estando presentes. 12 Porque não ousamos classificar-nos ou comparar-nos com alguns que se louvam a si mesmos; mas esses que se medem a si mesmos e se comparam consigo mesmos estão sem entendimento. 13 Porém não nos gloriaremos fora de medida, mas conforme a reta medida que Deus nos deu, para chegarmos até vós; 14 porque não nos estendemos além do que convém, como se não houvéssemos de chegar até vós, pois já chegamos também até vós no evangelho de Cristo; 15 não nos gloriando fora de medida nos trabalhos alheios; antes, tendo esperança de que, crescendo a vossa fé, seremos abundantemente engrandecidos entre vós, conforme a nossa regra, 16 para anunciar o evangelho nos lugares que estão além de vós e não em campo de outrem, para nos não gloriarmos no que estava já preparado. 17 Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor. 18 Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, mas, sim, aquele a quem o Senhor louva.

 

MARCOS 3, 28-35

28 Na verdade vos digo que todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, e toda sorte de blasfêmias, com que blasfemarem. 29 Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo. 30 (Porque diziam: Tem espírito imundo.) 31 Chegaram, então, seus irmãos e sua mãe; e, estando de fora, mandaram-no chamar. 32 E a multidão estava assentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te procuram e estão lá fora. 33 E ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? 34 E, olhando em redor para os que estavam assentados junto dele disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. 35 Porquanto qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã, e minha mãe.

 

Juízo e Obediência

O Juízo de Deus é certo. As desobediências e blasfêmias dos homensserão justamente julgadas. Ninguém se iluda por este dia parecer demorado. A vida no pecado é como um lpoço de areia movediças: quanto mais nos envolvemos, mais afundamos, e isto significa a perda da sanidade da consciência, como muitos religiosos em Israel que não sabiam mais distinguir o sagrado do imundo. Este estágio faz os seres humanos iguais aos demônios.

Embora tenhamos muitos sinais exteriores de nossa pertença à família de Deus (certificado de batismo, um cruz no peito, um cordão de oração no pulso e etc.), nenhum outro é tão visível e inconfundível quanto um espírito obediente. Por isto a Igreja venera a Santa Virgem – sinal e modelo perfeito de obediência. Todos os que imitarmos os seus passos alcançaremos, assim como ela, a dignidade de verdadeiramente sermos família de Deus.

Pe. Mateus (Antonio Eça)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

13ª Semana após Pentecostes - Quarta-feira

Jejum

Santo Mártir Mamas de Cesaréa da Capadócia

2 Coríntios 9, 12-10, 7

12 Porque a administração desse serviço não só supre as necessidades dos santos, mas também redunda em muitas graças, que se dão a Deus, 13 visto como, na prova desta administração, glorificam a Deus pela submissão que confessais quanto ao evangelho de Cristo, e pela liberalidade de vossos dons para com eles e para com todos, 14 e pela sua oração por vós, tendo de vós saudades, por causa da excelente graça de Deus que em vós há. 15 Graças a Deus, pois, pelo seu dom inefável. 10:1 Além disso, eu, Paulo, vos rogo, pela mansidão e benignidade de Cristo, eu que, na verdade, quando presente entre vós, sou humilde, mas ausente, ousado para convosco; 2 rogo- vos, pois, que, quando estiver presente, não me veja obrigado a usar com confiança da ousadia que espero ter com alguns que nos julgam como se andássemos segundo a carne. 3 Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. 4 Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas; 5 destruindo os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo, 6 e estando prontos para vingar toda desobediência, quando for cumprida a vossa obediência. 7 Olhais para as coisas segundo a aparência? Se alguém confia de si mesmo que é de Cristo, pense outra vez isto consigo: assim como ele é de Cristo, também nós de Cristo somos.

MARCOS 3, 20-27

20 E foram para uma casa. E afluiu outra vez a multidão, de tal maneira que nem sequer podiam comer pão. 21 E, quando os seus parentes ouviram isso, saíram para o prender, porque diziam: Está fora de si. 22 E os escribas, que tinham descido de Jerusalém, diziam: Tem Belzebu e pelo príncipe dos demônios expulsa os demônios. 23 E, chamando-os a si, disse-lhes por parábolas: Como pode Satanás expulsar Satanás? 24 Se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode subsistir; 25 e se uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não pode subsistir. 26 Se Satanás se levantar contra si mesmo, e for dividido, não pode subsistir; antes, tem fim. 27 Ninguém pode roubar os bens do valente, entrando-lhe em sua casa, se primeiro não manietar o valente; e, então, roubará a sua casa.

 

Cristo, “Louco” e “Possuído pelo Demônio?”

GRD_272_GRD_325_cristo_bom_pastor Os parentes de Jesus parecem estar preocupados com sua “dedicação exagerada” ao serviço Divino e querem lhe dispensar maiores cuidados. A palavra “prender” e a expressão “está louco” que se costuma atenuar para “está fora de si” não constituem um julgamento muito louvável para Jesus da parte de seus parentes. Os Escribas preferem dizer que ele está possuído pelo maioral dos demônios. Estas oposições se distinguem do entusiasmo popular e servem para realçar a doutrina sobre a verdadeira família de Cristo: os que fazem a vontade de Deus. A dupla acusação contra Jesus taxando-o de louco e de possuído pelo demônio tem eco em João 10:20. O estigma da loucura tem sido levantado contra as pessoas que são movidas pelo Espírito de Deus, como os profetas, como com o Apóstolo Paulo e, auto-evocada também por uma classe dos monges russos chamados de “loucos de Cristo”. Mas, pensemos o que é que é realmente a loucura. Trabalhar muito e padecer sofrimentos para acumular bens que certamente se irão de nós e outros vão usufruir, isto parece sanidade? Quando uma pessoa trabalha 10, 12 horas ou até mais, sacrifica a família, o estar com os amigos, em prol de uma aposentadoria que não sabe se vai usufruir ou se vai ficar para o genro ou nora, ou para filhos que destruirão num passe de mágica anos de trabalho, isto parece sensato? Este sim, é um espírito demoníaco que nos faz gastar toda a nossa vida em algo que não possuiremos por muito tempo.

Pe. Mateus (Antonio Eça)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

13ª Semana após Pentecostes – Terça-Feira

 

paulo

2 Coríntios 8, 16 – 9, 5 

16 Mas graças a Deus, que pôs a mesma solicitude por vós no coração de Tito;

17 pois ele aceitou a exortação e, muito diligente, partiu voluntariamente para vós.

18 E com ele enviamos aquele irmão cujo louvor no evangelho está espalhado em todas as igrejas.

19 E não só isso, mas foi também escolhido pelas igrejas para companheiro da nossa viagem, nessa graça que por nós é ministrada para glória do mesmo Senhor e prontidão do vosso ânimo;

20 evitando isto: que alguém nos vitupere por essa abundância, que por nós é ministrada;

21 pois zelamos o que é honesto, não só diante do Senhor, mas também diante dos homens.

22 Com eles, enviamos também outro nosso irmão, o qual, muitas vezes e em muitas coisas, já experimentamos ser diligente e agora muito mais diligente ainda pela muita confiança que em vós tem.

23 Quanto a Tito, é meu companheiro e cooperador para convosco; quanto a nossos irmãos, são embaixadores das igrejas e glória de Cristo.

24 Portanto, mostrai para com eles, perante a face das igrejas, a prova da vossa caridade e da nossa glória acerca de vós.

9:1 Quanto à administração que se faz a favor dos santos, não necessito escrever-vos,

2 porque bem sei a prontidão do vosso ânimo, da qual me glorio de vós, para com os macedônios, que a Acaia está pronta desde o ano passado, e o vosso zelo tem estimulado muitos.

3 Mas enviei estes irmãos, para que a nossa glória, acerca de vós, não seja vã nessa parte; para que (como já disse) possais estar prontos,

4 a fim de, se acaso os macedônios vierem comigo e vos acharem desapercebidos, não nos envergonharmos nós (para não dizermos, vós) deste firme fundamento de glória.

5 Portanto, tive por coisa necessária exortar estes irmãos, para que, primeiro, fossem ter convosco e preparassem de antemão a vossa bênção já antes anunciada, para que esteja pronta como bênção e não como avareza.

marcos

Marcos 3, 13-19

13 E subiu ao monte e chamou para si os que ele quis; e vieram a ele.

14 E nomeou doze para que estivessem com ele e os mandasse a pregar

15 e para que tivessem o poder de curar as enfermidades e expulsar os demônios:

16 Simão, a quem pôs o nome de Pedro;

17 Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais pôs o nome de Boanerges, que significa: Filhos do trovão; 18 André, e Filipe, e Bartolomeu, e Mateus, e Tomé, e Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu, e Simão, o Zelote,

19 e Judas Iscariotes, o que o traiu.

 

 A Vocação Apostólica

Ninguém pode ser sacerdote por vontade própria. Ninguém pode escolher e decidir ser sacerdote por iniciativa própria sem está sob pena de impostura, de falsidade, mesmo tendo boas intenções. Cristo dentre os seus milhares de seguidores “chamou para si os que ele quis”. Ele mesmo em uma conversa íntima com os Apóstolos que escolhera disse: “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda” (João 15:16). Aquele que se arvora em ser sacerdote por si mesmo, certamente irá amargar a frustração e se verá enredado por sua própria cobiça insana. No afã de produzir “frutos” será tentado a lançar mão de todos os subterfúgios a fim de parecer aos homens como legítimo e verdadeiro. Assim, as ovelhas entram em estado de confusão. Os falsos sacerdotes estarão sempre buscando se alimentar da carne das ovelhas e se agasalhar com suas lãs, mas, não estão dispostos a dar suas vidas por elas e ninguém a se preocupar em lhes fornecer bons pastos, porque para os obeter precisa-se de investimento alto. Os Doze Apóstolos de Cristo, qual árvore frondosa, espalharam-se como ramos sobre toda a terra, produziram frutos e os seus frutos permaneceram. Assim, muitos bispos e padres, em suas pobrezas, revelam possuir a seiva do galho apostólico, que sendo pobres, enriquecem a muitos.

Pe. Mateus (Antonio Eça)