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quinta-feira, 15 de maio de 2008


O patriarca Ecumênico Bartolomeu I recebeu a visita do Chefe da Igreja da Grécia, Arcebispo Jerônimos, eleito aos 70 anos, em fevereio deste ano com a morte de seu antecessor, Arcebispo Cristodoulos.

Antes de sua eleição, o Arcebispo Jerônimos era bispo da cidade de Thebes desde o ano de 1981.

Esta visita é considerada muito importante, uma vez que as relações da Igreja da Grécia com o Patriarcado Ecumênico tem sofrido alguns arranhões.

Patriarcado De Moscou Não Participa de Oração Conjunta com Não Ortodoxos

O patriarcado de Moscou reafirmou sua intenção de se abster de participar de encontros com grupos não ortodoxos com a finalidade de orar juntos, pois não considera a concelebração com os representantes de outras igrejas cristãs algo que seja possível:

"Queremos mais uma vez confirmar a intenção a nossa intenção de nos abster de particiupar de orações em conjunto com os não ortodoxos"
, declarou à Interfax.ru o acessor do Secretariado para as Relações Interortodoxas do Departamento de Relações Eclesiais Externas do Patriarcado de Moscou, Pe. Alexandre Vassyoutine.

O Padre também lamentou o fato de que a posição da Igreja Ortodoxa Russa não seja apoiada nesta decisão pelas demais Igrejas Ortodoxas.

Fonte: Orthodoxie

terça-feira, 13 de maio de 2008

Restaurada a Biblioteca do Patriarcado de Alexandria


A preservação da Biblioteca do Patriarcado de Alexandria é um fato extremamente importante . Sob o patrocínio do Banco Nacional da Grécia, a famosa biblioteca teve seu magnífico acervo preservado: são 40.000 livros e 7.000 manuscritos antigos que datam de 1480 d.C a 1880 d.C.

A cerimônia de reinauguração foi marcada por grande pompa e prestigiada por diversas autoridades religiosas e civis.

Em suas palavras dirigidas ao público o Patriarca de Alexandria e de Toda África, Teodoros II destacou que o acervo da Biblioteca Patriarcal de Alexandria, além de conter importantíssimas obras sobre a história, doutrinas e teologia da Igreja Ortodoxa, também possui um acervo notável que mostra não só a grande contribuição cultural do helenismo egípcio, mas, do Egito como um todo. Todo este material está disponível para as pesquisas científicas, num gesto de colaboração da preservação da memória cultura egípcia para as gerações futuras.

O Patriarca Teodoros II, na ocasião, condecorou o Presidente do Banco Nacional da Grécia, Takis Araplogou com a Cruz de São Marcos, que é a mais alta distinção do Patriarcado de Alexandria.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Comemoração de São João, o Teólogo

Embora o dia da Festa de São João seja em 26 de setembro, hoje comemora-se o milagre que se opera anualmente na sepultura do Apóstolo.


A cada 08 de maio, peregrinos se dirigem a uma localidade perto da cidade de Éfeso em busca do milagre do pó vermelho que é trazido por um vento no local onde foi sepultado o Apóstlo São João e, muitos fiéis recebem a cura de seus males ao serem tocados por este pó de cor avermelhada.


Diz-nos a tradição que quando São João estava com mais de 100 anos, levou sete dos seus discípulos para fora de Éfeso e pediu que eles lhe cavassem uma sepultura em forma de cruz. Logo após, o Apóstolo pediu que lhe enterrasse vivo. Muito relutantes, todavia, os ses discípulos resolveram lhe obedecer.


No dia seguinte os discípulos de João voltaram e foram abrir a sepultura. Para a surpresa de todos, o corpo do Santo Apóstolo não mais estava lá.


quarta-feira, 7 de maio de 2008

«Eu hei-de ver-vos de novo e o vosso coração alegrar-se-á e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria»

Estas palavras do Salvador: «Eu hei-de ver-vos de novo e o vosso coração alegrar-se-á e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria» não devem ser reportadas a esse tempo em que, após a ressurreição, ele se mostrou aos seus discípulos na sua carne e lhes disse para o tocarem, mas a este outro tempo do qual ele já dissera: «Aquele que me ama, meu Pai o amará e eu me manifestarei a ele» (Jo 14,21). Esta visão não é para esta vida, mas para a do mundo que há-de vir. Ela não é para um tempo, mas não terá fim. «A vida eterna consiste nisto: que Te conheçam a Ti, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a Quem enviaste» (Jo 17,3). Desta visão e conhecimento, o apóstolo Paulo disse: «Hoje vemos como por um espelho, de maneira confusa, mas então veremos face a face. Hoje conheço de me maneira imperfeita: então, conhecerei exactamente, como também sou conhecido» (1 Cor 13,12).

Este fruto do seu trabalho, a Igreja o produz agora no desejo, então ela o produzirá na visão; agora ela o produz na dor, então ela o produzirá na alegria; agora ela o produz na súplica, então ela o produzirá no louvor. Este fruto não terá fim, porque só o infinito nos será cumulado. É o que fazia Filipe dizer: «Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta» (Jo 14, 8).

segunda-feira, 5 de maio de 2008

O Reino de Deus Está em Vós

Não foi o próprio Senhor quem disse: "O Reino de Deus está em vós" (Lc 17,21)? É agora que começa a vida eterna. Peço-vos, meus irmãos, fazei a experiência! Se alguém vos ofender, vos caluniar, vos roubar o que vos pertence, mesmo se for um perseguidor, rezai a Deus dizendo: "Senhor, nós somos todos tuas criaturas, tem piedade dos teus servos e conduz-lhes o coração à penitência". Então, sentirás a graça na tua alma. Naturalmente que, ao princípio, tens de fazer algum esforço para amares os teus inimigos; mas o Senhor, ao ver a tua boa vontade, ajudar-te-á em todas as coisas e a própria experiência te mostrará o caminho. Pelo contrário, aquele que medita coisas más contra os seus inimigos não pode possuir o amor nem conhecer Deus.

Não sejas nunca violento para com o irmão, nunca o julgues, convence-o na mansidão e no amor. O orgulho e a dureza roubam a paz. Ama, portanto, aquele que não te ama e reza por ele; assim, a tua paz não será perturbada.

S. Siluane (1866-1938), Escritos Espirituais

OS RUSSOS E O BRASIL

O início dos contatos da Rússia com o Brasil remonta aos primórdios do século 19. O primeiro contato registrado pela História aconteceu em 1804 durante a primeira expedição russa de volta ao mundo. Os 2 navios desta expedição, "Nadejda" e "Neva", atracaram em portos brasileiros, inclusive em Recife. Conta a lenda que a tripulação foi convidada para uma festa naquele porto e, durante a mesma, os marinheiros russos fizeram uma demonstração de passos de suas danas folclóricas. Os anfitriões, impressionados, gostaram e passaram a imitar estes passos introduzindo-os no folclore local e dando origem ao famoso "frevo". Entre os cientistas que participavam da expedição estava o famoso G.I. Langsdorf. Naturalista, geógrafo e geólogo ele foi o explorador de Kamtchatka e dos territórios da América "russa". G. Langsdorf desempenhou um importantíssimo papel no estabelecimento de relações entre o Brasil e a Rússia. Sua atividade científica esteve ligada ao Brasil desde 1813, quando foi nomeado consul geral no Rio de Janeiro. Em 1826, ao se aposentar do serviço diplomático, ele organizou (sob o patrocínio do czar Alexandre I) uma expedição de exploração do interior do Brasil com a qual percorreu mais de 11,5 mil quilômetros. A expedição realizou a travessia das bacias do rio Paraná, Paraguai e Tabajs -- um verdadeiro ato heróico de seus participantes. Em 1828 G. Langsdorf concluiu o manuscrito da sua obra sobre a geografia física de Mato Grosso, um estudo complexo do planalto brasileiro e que foi a primeira pesquisa européia do gênero. O Brasil honra ate hoje a memória de G. Langsdorf e de suas conquistas cientificas. A intenção mútua de estabelecimento de relações diplomáticas oficiais entre os dois países começou logo após a declaração da independência do Brasil. No dia 09 de dezembro de 1827, o ministro das relações exteriores da Rússia, Sr. Nesselrode, enviou uma carta circular a todas as embaixadas russas informando o reconhecimento oficial do Brasil. Assim a Rússia tornou-se a 27a. nação a reconhecer o novo império sul-americano, fato oficialmente comunicado a D. Pedro I em 02 de janeiro de 1828.


Como primeiro embaixador russo no Rio de Janeiro foi designado F. Borel (de origem francesa) que há tempos estava a serviço da Rússia como consul geral em Portugal. Ele tambm desempenhou um importante papel nas primeiras relações russo-brasileiras pois, ao assumir o cargo, o comércio entre os dois países desenvolveu-se bastante bem e a exportação de mercadorias brasileiras para a Rússia cresceu sobremaneira. Se, de 1813 a 1825 os portos da Rússia não receberam nenhum navio vindo do Brasil, já no perodo de 1826 a 1828 atracaram 49 embarcações trazendo mercadorias brasileiras e outros 2 navios levaram mercadorias russas ao Brasil. A Rússia recebia açúcar, café, cacau e madeiras de lei para a decoração interna dos palácios de São Petersburgo, e exportava ao Brasil ligas de ferro. No período de 1883 a 1892, o embaixador russo da época, A. S. Ionin, também viajou muito pelo país, observando cuidadosamente a natureza, a economia e os costumes do povo brasileiro. Voltando à Rússia, no inicio do século, publicou o livro "Pela América do Sul" (em 3 volumes).

Imigrações

Imigrações da Europa

1905
A primeira imigração oficial de russos para o Brasil ocorreu após a malfadada revolução de 1905 na Rússia, tendo o governo brasileiro concedido asilo político aos revolucionários. Em 1906, grupos descontentes com as renovações litúrgicas promovidas pela Igreja Ortodoxa Russa, os assim chamados "staroveri" ("fiis do antigo credo"), resolveram deixar o país para manterem as suas crenças religiosas. Eram grupos formados em sua maioria de camponeses de todas as regiões da Rússia e que acabaram por se fixarem como pequenos produtores rurais em diversos estados brasileiros. No Estado de Mato Grosso os "staroveri" estabeleceram-se numa fazenda onde, ate hoje, cultivam a terra num sistema coletivo.

1918
Uma segunda imigração, bem mais numerosa, aconteceu a partir de 1918 composta de refugiados russos da revolução bolchevista. Especialmente em 1920 e posteriormente aqui chegaram muitos russos "brancos" (adeptos do regime czarista), vindos da Criméia. O contingente de emigrantes russos de 1921 era formado de representantes de diversos classes profissionais e sociais da deposta monarquia russa. Eram padres, estudantes de escolas militares, literatos, intelectuais, religiosos e, principalmente, oficiais e soldados do exercito "branco" czarista, derrotados na luta contra a implantação do regime comunista. Lotando vasos de guerra, navios mercantes e pequenas embarcações de diversas nacionalidades eles atravessaram o Mar Negro até Istambul, seguindo depois para Galipoli e para a ilha de Lemnos, ainda na Turquia. De lá, tomaram como destino diversos países do mundo, inclusive o Brasil. Em 1926, outro contingente emigratório da Rússia usando as rotas do Mar Báltico, passando principalmente pela Estônia e, mais ao norte, pela Finlândia. Naquela época, a imigração para o Brasil tinha um incentivo maior, pois, a política imigratória do Estado de São Paulo privilegiava a vinda de camponeses e pessoas habituadas a trabalhos pesados no campo. Descontentes e perseguidos em seu próprio país, estes novos contingentes no hesitaram em dissimular sua instrução e cultura para aproveitar esta oportunidade e sair da Rússia de qualquer maneira, fugindo do novo regime.

1945
Durante toda a década de 20, milhares de famílias russas buscaram refúgio nos países vizinhos: Polônia, Estônia, Tcheco-Eslováquia, Iugoslávia, Bulgária e China. Com o término da Segunda Guerra em 1945, a União Soviética estendeu seu controle aos países do leste europeu. Os russos, que estavam exilados naqueles países, foram obrigados a emigrar novamente. A estes exilados juntaram-se outros que, feitos prisioneiros durante a guerra, prestaram trabalhos forçados aos alemães e, por isso, temiam ser acusados pelo regime stalinista de "colaboracionistas dos alemães" . Havia também muitos membros do exército soviético que, com o fim do conflito, desertaram e procuraram as foras ocidentais. Ficaram conhecidos como Displaced Persons (DP), ou Deslocados de Guerra. Sob a tutela da UNRRA (United Nations Relief and Rehabilitation Administration) e, posteriormente, da IRO (Intemational Refugee Organization), eles primeiramente permaneceram em campos de refugiados na Áustria. Depois, na condição de apátridas, foram encaminhados para diversos países, inclusive o Brasil. O grupo mais numeroso de imigrantes russos foi o proveniente dos campos de refugiados da Alemanha, Áustria e Itália. Chegando ao Brasil, foram abrigados nas hospedarias da Ilha das Flores, no Rio de Janeiro, e na de Campo Limpo Paulista, em São Paulo, criadas especialmente para esse fim. Esse movimento manteve-se intenso ate o incio da década de 1950.Os dados sobre a imigração russa no Brasil registram a entrada no pais de 123.727 russos no período de 1919 a 1947. Este número parece exorbitante e provavelmente há alguma confusão com o termo genêrico "eslavos". Podemos admitir que a maior parte dos, assim chamados, "russos" deve ter sido de ucranianos, armênios, lituanos, letos, etc.

Imigração da China
Em fins do século XIX o governo imperial russo decidiu estender os trilhos da Ferrovia Transiberiana ate a cidade de Vladivostok, no extremo leste da Rússia. Para racionalizar o traçado, foi selado um acordo com a China que cedeu parte do território da Manchúria para a Rússia. Assim, um grande número de técnicos e engenheiros, juntamente com suas famílias deslocou-se para esta região, as margens do rio Sungari fundaram uma pequena aldeia ferroviária que chamaram de Harbin. A aldeia desenvolveu-se rapidamente e, em poucos anos, transformou-se numa grande e próspera cidade russa, com igrejas, faculdades, hospitais, escolas, teatros e associações culturais. Com a vitória do exército "vermelho" (bolchevique) em 1918, uma parcela do derrotado exercito "branco" do front leste da Rssia, fugiu para a China e fixou-se na mesma Harbin. O governo bolchevista, ao assumir o poder, declarou nulos todos os acordos da Rússia Imperial e Harbin voltou a pertencer novamente a China. Na prática, isto não teve maior repercussão na vida de seus habitantes russos. Durante a Segunda Guerra Mundial, a região foi invadida pelo exército japonês, mas a cidade e seus habitantes não sofreram maiores danos. Somente o advento da Revolução Chinesa de 1947 alterou este quadro de estabilidade, pois o novo governo comunista chinês exigiu a saída de estrangeiros do pais. Mais uma vez, a população russa foi obrigada a procurar outras terras. A partir de 1953 seguiram para o porto livre de Hongkong tomando dali os rumos dos Estados Unidos, Austrália e Brasil.Entre 1949 a 1965, chegaram ao Brasil aproximadamente 25 mil russos, fugindo da revolução comunista da China. Eram, em boa parte, filhos de russos que emigraram para a China fugindo da revolução comunista da Rússia (1917) no fim da Primeira Guerra Mundial. O Brasil concedeu-lhes generosamente o visto de entrada. Naqueles anos falava-se de "refugiados russos", pois eles chegavam aqui mais por motivos políticos e religiosos. Na realidade, alguns deles no se adaptaram ao Brasil e, após aproveitarem a boa acolhida, dirigiram-se para outros países, principalmente Estados Unidos, Canadá e Austrália.

Vida dos russos no Brasil
A grande maioria dos russos que permaneceu no pais, concentrou-se principalmente nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Nos Estados de Paraná, Mato Grosso e Goiás prevaleciam os grupos dos supracitados "starovery". Gradativamente, estes imigrantes adaptaram-se as novas condiçes, trabalhando, estudando a língua portuguesa e formando seus filhos nas universidades. Assim, com trabalho, inteligência, economia e sacrifícios, lograram obter boa posição econômica e social. Freqentando as escolas brasileiras do curso primário ao universitário, a nova geração dos filhos de imigrantes adultos está plenamente integrada no Brasil. Entretanto, o ensino da língua, historia e literatura russas ficou reduzido a escolinhas particulares junto as igrejas. Alguns jornais periódicos e a tipografia russa acabaram desaparecendo pois, hoje em dia, poucos da nova geração sabem ler e escrever em russo. Neste sentido, os "starovery" no Paraná, Mato Grosso e Goiás mostraram-se mais organizados e unidos entre si. Dedicam-se a lavoura com muito êxito e conservam a autenticidade russa tanto no sentido religioso-eclesiástico quanto na língua, tradições e costumes da Rússia. Seus filhos também estudam em escolas e universidades do país, mas permanecem fiéis a sua religião e seus estudos do russo, sabendo assim falar, ler e escrever em seu idioma. Raros imigrantes russos ficaram marginalizados ou dependentes de obras caritativas das igrejas. Em São Paulo, local de maior concentração da colônia russa, esta organizou três grandes e bem instalados asilos para idosos russos.

Religião
Quanto a religião, os russos são quase todos ortodoxos e, em São Paulo, inicialmente usavam o templo sírio-libanês para celebrar suas missas em eslavo eclesiástico. Todavia, logo quiseram construir a sua prpria igreja e o fizeram. Em 1930 construram a Igreja da Santíssima Trindade no bairro de Vila Alpina. Em 1935, chegou ao Brasil o bispo D. Theodosio para fundar a Diocese Ortodoxa, com sede na rua Tamandaré, onde foi então, construída a Catedral de São Nicolau. Outros templos ortodoxos ergueram-se em São Paulo e em outras localidades do Brasil (Rio, Niterói, Porto Alegre, Goiânia e Santa Rosa).Os imigrantes russos ortodoxos, pertencem no a Igreja Ortodoxa da Rússia, mas à Igreja Ortodoxa Russa no Exílio, com sede em Nova Iorque. No momento, há tentativas de se instalar no Brasil a Igreja Ortodoxa ligada ao Patriarcado de Moscou, com nova catedral em São Paulo. Os católicos russos do Brasil são pouco numerosos e pertencem ao Ordinariato para fiéis do rito oriental, ora entregue ao Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales, Arcebispo do Rio de Janeiro. Ele mantêm, desde 1950 e com muito sucesso e simpatia dos próprios ortodoxos, a Obra Ecumênica Russa, cuja realização maior foi a criação dos Institutos São Vladimir (dos Padres Jesuitas, para meninos) e Santa Olga (das Irmãs Ursulinas de rito bizantino-russo, para meninas). Estes institutos prestaram uma valiosssima contribuição na educação e instrução de língua russa, rito bizantino e folclore russo e, durante a sua existência, acolheram e educaram mais de 500 crianças filhos de imigrantes russos. A seriedade e a eficiência dos seus métodos educativos de respeito as tradições russas e de integração cultura brasileira foram muito apreciados pelos pais das crianças e por toda a colônia russa. Com o passar dos anos e advento de novas gerações estes institutos não foram mais procurados e, nos anos 90, acabaram fechando. O centro da Obra Ecumênica Russa a Igreja russa da AnunciaÇào (R. dos Sorocabanos, 150), localizada perto do monumento do Ipiranga, em São Paulo e dirigida pelo Pe. Joan Stoisser S.J. Existe também um bom numero de batistas, com culto em língua russa.

Associações Culturais
No período citado acima existiram na colônia russa muitas associações culturais de maior ou menor vulto que tiveram existências curtas e longas. Entre elas, destacaremos uma. Nos anos 70, ex-alunos dos Institutos São Vladimir e Santa Olga formaram o Grupo "Kalinka" -- um grupo de danças e canto folclórico russo - que, durante a sua relativamente curta existência, apresentou-se com muito sucesso em diversos festivais folclóricos e na TV. Infelizmente, aquela era uma época de repressão, de "caça aos comunistas" e a palavra "russo" para muitos significava "comunista". Em função disso, o Grupo "Kalinka" teve de encerrar suas atividades após 4 anos de frutífera existência.

Circulo Cultural Nadejda
Entidade cultural, fundada em 1982 em São Paulo com o objetivo de divulgar a cultura russa através de exposições e apresentações folclóricas. Para tanto criou o Grupo "Troyka" de danças típicas russas, cujos integrantes são filhos e netos de russos ou simpatizantes de sua cultura.

Grupo Russo de Danças Folclóricas "Volga"
Nos anos 80, surgiu o grupo de danças folclóricas "Volga", inicialmente formado por filhos e netos de imigrantes russos. O grupo se renova constantemente e ate hoje faz grande sucesso em suas animadssimas apresentações.

Coral "Melodia"
Em 1990, num esforço mútuo de coralistas da igrejas ortodoxas e de seu regente sr. Aleksandr Sergueevitch Politansky (in memoriam), foi criado o Coral "Melodia" cujo repertório consiste de músicas russas tradicionais, líricas, folclóricas e populares. O Coral se apresenta com sucesso em festivais beneficientes

Bibliografia: BRASIL: INTEGRAÇÃO DE RAÇAS E NACIONALIDADES do Cardeal Agnelo Rossi: Documentos do Museu do ImigranteArtigo de Vladimir V. Avrorsky, Consul Geral da Rússia, publicado no peridico DiZ No. 21


Fonte: www.news-of-russia.info

domingo, 4 de maio de 2008

Domingo de São Tomé



Ainda é o Domingo da Nova Páscoa. Os discípulos estão reunidos no Cenáculo e Jesus entra "estando às portas fechadas", trazendo-lhes a Paz (Jo 20,19). As portas trancadas do Cenáculo ainda são sinais da ausência do Mestre e do medo que todos sentiam.

Os discípulos estão reunidos na sala, onde cearam com o Senhor, na ocasião em que ele ensinou o Mandamento Novo e lavou os seus pés. O ambiente no qual aconteceu a manifestação de humildade de Jesus, ao lavar os pés dos seus apóstolos, o lugar onde foi o palco do ensinamento mais profundo sobre o amor, torna-se também o recinto do encontro entre o Ressuscitado e seus seguidores mais próximos. Parece ser o espaço cedido às grandes manifestações do divino, aonde concretizou toda a missão do Filho do Homem de maneira sucinta. O cenáculo é o lugar da Oração, o lugar da Catequese por excelência; o Cenáculo é o ambiente do esvaziamento e da humildade, é o espaço da Celebração da Eucaristia, onde Ele se oferece e é oferecido. Mais do que isso, o Cenáculo tornou-se ambiente sagrado, pois Jesus apareceu Ressuscitado, enquanto os apóstolos rezavam.

Hoje, o novo Cenáculo é a Igreja, aonde o Senhor se dá na forma de pão e vinho, Corpo e Sangue d'Ele oferecidos, no Altar, isto é, na Pedra removida da Ressurreição. Outrora os seus seguidores se reuniam no Cenáculo por medo, agora se reúnem para manifestar a grande alegria da Nova Páscoa.

São Cipriano nos ensina que a Igreja é o ambiente sagrado onde a Celebração Eucarística revive a Ressurreição de Cristo no sacrifício incruento oferecido pelo sacerdote: «O sacrifício do sacerdote é a repetição do sacrifício de Cristo na Ceia e ambos são representação do sacrifício único da Cruz».

Jesus «entra», atravessando as barreiras externas (as portas) e internas (a dúvida) daquele ambiente. A razão e a fé têm provas daquilo que Maria de Magdala anunciava tão efusivamente: «Jesus Ressuscitou!» Jesus se apresenta com os sinais da Paixão; as marcas das perfurações em seu corpo, ainda são nítidas, talvez para sacar qualquer duvida sobre sua identidade: aquele que crucificaram, estava ali. Jesus transmite os dons pascais resumidos na paz, na reconciliação e na fé, aos que estavam reunidos em seu Nome. Jesus, ao transmitir seus dons aos homens, transforma estes homens em «homens novos», em «homens pascais»; é uma nova identidade, uma maneira peculiar de ser e de agir, movidos pelo espírito da Ressurreição. Mostra-lhes as mãos e o lado com os sinais da Paixão e diz: "Como o Pai me enviou, também eu vos envio" (Jo 20, 21). Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo: "Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; a quem não os perdoardes, serão retidos" (Jo 20, 22-23). Jesus lhes dá o dom de perdoar os pecados, um dom que brota das chagas de suas mãos e de seus pés e, sobretudo, de seu lado perfurado, donde jorram os sacramentos da Igreja.

“A paz seja convosco!”: Mais do que um cumprimento, esta saudação sintetiza a própria obra redentora do Ressuscitado. Por meio da Cruz, Ele anulou a inimizade e anunciou a paz aos que estavam longe e aos que estavam perto.

Os cristãos reunidos, no «Novo Cenáculo», a Igreja, no mesmo dia da Ressurreição de Cristo, isto é, no Domingo, celebram juntos os Mistérios da Morte e Ressurreição do Filho de Deus para, ante o Mistério da Ressurreição, transformarem-se em novas criaturas, em novo homem. A Igreja Bizantina celebra a Ressurreição do Senhor, única e exclusivamente aos Domingos pela manhã, exceto nas grandes Festas, para testemunhar a seus fiéis que Jesus Ressuscitado é o «Kyrios» (Senhor), o «Dominus» (Domingo). Assim nos diz Eusébio de Cesaréia: «Nós, os filhos da Nova Aliança, celebramos a cada Domingo a nossa Páscoa e somos saciados, em todo o tempo, com o Corpo Ressuscitado do Salvador e participamos, em todo o tempo, de seu Sangue. Cada Domingo somos vivificados pelo corpo santificado do mesmo Cordeiro Pascal, que é a nossa Salvação e nossa alma é selada pelo seu precioso sangue».

Esta celebração se faz com a Comunidade de fiéis que, juntos confirmam sua fé em Deus e buscam n'Ele, através da Eucaristia, a vida Nova, força para vencer o pecado, símbolo da morte. Quando não conseguimos contemplar o Ressuscitado, fatalmente haverá a dúvida, a incerteza, os questionamentos oriundos de um coração alicerçado ainda nas raízes da “velha criação”. Foi o que aconteceu no Cenáculo, com aquele que era conhecido como o «Dídimo».

Tomé estando ausente não testemunhou a Nova Páscoa... A Igreja reunida viu o Senhor Ressuscitado no Cenáculo e comunicou a Tomé a grande notícia, mas não foi o suficiente para que ele acreditasse na voz da Igreja (Os apóstolos). Era necessário que seus olhos vissem e seus dedos tocassem as chagas.

Ainda hoje, como Tomé, muitos são os que ainda exigem as mesmas condições para crer e viver as verdades proclamadas pela Igreja. Nem mesmo o fundamental (a Ressurreição) está isento de dúvidas. Prefere-se mesclar esta verdade de fé com outras doutrinas e crenças que lhes parecem mais aceitáveis pela "razão", mais agradáveis aos sentidos. É uma necessidade infantil e ingênua acalentar uma esperança de se ter nova chance, uma nova oportunidade para se viver. Tais pensamentos geram confusão e aumenta a incredulidade. É preciso purificar o conteúdo de nossa fé cristã.

Novamente o Ressuscitado aparece, desta vez com Tomé presente, para que ele não tenha dúvidas que são de fato aquelas mãos que acolhia os pecadores e protegia as crianças, que abençoava os alimentos e retirava os espíritos impuros; são de fato os pés do Messias itinerante, do Ungido sem endereço fixo, do Missionário andarilho. Carne e ossos de uma humanidade aceita por amor, mas que estavam ali ressuscitados, elevando a dignidade humana aos patamares cobiçados até mesmo pelos anjos. O Senhor se apresenta no meio de todos, não dedicando a Tomé uma aparição exclusiva, ensinando-nos que, para aqueles de "pouca fé", a ajuda da comunidade reunida é essencial.

A dúvida, a insegurança, a incerteza e o medo nascem dos momentos onde a presença de Deus é encoberta. Basta descobri-la para nos tornarmos corajosos, desbravadores, seguros e convictos cristãos, como São Tomé, depois da aparição do Ressuscitado.

Todos nós que cremos e vivemos sob a ótica da Ressurreição de Cristo, recebemos uma nova criação, pois ela transforma nosso interior e nos faz pessoas diferentes. Assim aconteceu com Pedro, Madalena e Tomé. Antes da Ressurreição, Pedro negou Jesus por três vezes; depois, ele afirma que ama o Senhor e sofre as conseqüências deste amor: de temeroso homem, torna-se o “apascentador das ovelhas de Cristo”, missionário, evangelizador e mártir. Madalena, anteriormente, amedrontada chorava a perda de seu Mestre; agora ela torna-se a Evangelizadora por excelência, a propagadora pioneira da Boa Nova. Tomé, da boca que proferia palavras de descrença e dúvidas, verbaliza a mais bela exclamação de reconhecimento perante o Jesus Ressuscitado: «meu Senhor e meu Deus».



Fonte: Ecclesia

sábado, 3 de maio de 2008

Áustria Adverte Turquia: A Liberdade Religiosa Deve ser Total e Irrestrita

O Ministro das Relações Exteriores da Áustria, Ursula Plassnik, em sua visita à Turquia, aproveitou a oportunidade para prestar uma homenagem ao Patriarca Ecumênico Bartolomeu I e de manifestar o seu apoio ao trabalho de Sua Santidade em fazer da Turquia uma nação de liberdade religiosa. O Ministro falou aos turcos que o Patriarca Bartolomeu tem se esforçado pessoalmente na construção de um mundo onde as pessoas possam praticar livremente – sem medo – suas crenças religiosas e até mesmo de não professar nenhum credo.

“Penso que este deve ser o conceito de liberdade religiosa a ser adotado e garantido na vida social da União Européia. A liberdade religiosa é uma das pressuposições do conjunto de valores e dos ideais da Europa e condição imposta para qualquer nação que deseja participar da União Européia”, disse o Ministro.

Sábado Luminoso

«Os que tinham sido seus companheiros estavam no luto e em lágrimas… Ele disse-lhes: ‘Ide por todo o mundo anunciar a Boa Nova’»

Não estejamos presos às coisas deste mundo; que os bens da terra não desviem o nosso olhar do céu. Tomemos por passado o que já não é praticamente nada; que o nosso espírito, agarrado ao que deve viver, fixe o seu desejo nas promessas de eternidade. Embora sejamos ainda “salvos na esperança” (Rom 8,24), embora possuamos ainda uma carne sujeita á corrupção e à morte, podemos com certeza afirmar que podemos, no entanto viver fora da carne, se escaparmos à influência das suas paixões. Não, nós não merecemos mais o nome desta carne da qual nós fizemos por calar os apelos…

Que o povo de Deus tome, portanto consciência que ele é «uma criatura nova em Cristo» (2Cor 5,17). Que compreenda bem quem o escolheu, e quem ele próprio escolheu. Que o novo ser não retorne á inconstância do seu estado velho. Que «aquele que pôs a mão no arado» (Lc 9,62) não cesse de trabalhar, que vele pelo grão que semeou, que não retorne ao passado que abandonou. Que ninguém volte a cair na degradação da qual se separou. E se, porque a carne é fraca, alguém sofre ainda de uma das suas doenças, que tome a firme resolução de se curar e de se engrandecer. Esta é a via da salvação; esta é a forma de imitar a ressurreição começada em Cristo…

Que os nossos passos deixem as areias movediças para caminhar sobre a terra firme, porque está escrito: «O Senhor firma os passos do homem e compraz-se nos seus caminhos. Mesmo que caia, não ficará por terra, porque o Senhor lhe estenderá a mão» (Sl 36,23s).Irmãos bem amados, guardai bem estas reflexões no vosso espírito, não apenas para celebrar as festas da Páscoa, mas para santificar toda a vossa vida.

S. Leão Magno (? – cerca 461), papa de Roma
Sermão 58, o vigésimo sobre a Paixão

Sexta-Feira Luminosa

Aquele que perscruta no mais íntimo dos corações (Sl 7,10) sabendo que Maria lhe reconhecerá a voz, chamava a sua ovelha pelo nome, como fazem os pastores (Jo 10,4), dizendo: «Maria!» Ela logo responde: «Sim, é o meu pastor quem me chama, Ele vem à minha procura e quer contar comigo, acrescentando-me às suas noventa e nove ovelhas (Lc 15,4). Vejo atrás d’Ele legiões de santos, exércitos de justos […]. Sei bem quem Ele é, Este que me chama; tinha-o dito, é o meu Senhor, é Aquele que oferece a ressurreição aos pecadores.

Levada pelo fervor do amor, a jovem mulher quis deter Aquele que completou toda a criação […]. Mas o Criador […] ergueu-a até ao mundo divino, dizendo: «Não me detenhas; Pensas que sou um simples mortal? Eu sou Deus, não me detenhas […] Ergue os olhos ao céu e olha o mundo celeste; é aí que Me deves procurar. Porque eu subo para o meu Pai, que não abandonei. Estive sempre com Ele desde o início dos tempos, partilho o seu trono, recebo as mesmas honras, Eu, que ofereço aos pecadores a ressurreição.

Que de ora em diante a tua língua proclame estas coisas e as explique aos filhos do Reino que esperam que Eu desperte; Eu sou Aquele que vive. Vai depressa, Maria, reúne os meus discípulos. Serás uma trombeta de som poderoso; toca um canto de paz aos ouvidos temerosos dos meus amigos escondidos, desperta-os a todos desse seu sono, para que venham ao meu encontro. Diz-lhes: ‘O Esposo acordou, saiu do seu túmulo. Apóstolos, deixai essa tristeza mortal, porque Ele ergueu-Se, Aquele que oferece aos pecadores a ressurreição’» […]

Maria exclama : «E de repente o meu luto fez-se júbilo, em tudo vi alegria. Não hesito em dizê-lo: recebi glória igual à de Moisés (Ex 33,18s). Vi, ouvi, vi, não no monte, mas no sepulcro, velado não pela nuvem, mas por um corpo, o Senhor dos seres incorpóreos e das nuvens, seu Senhor de ontem, de agora e de todo sempre. Ele disse-me: ‘Maria, apressa-te! Como pomba que em seu bico leva um raminho de oliveira, vai anunciar a boa nova aos descendentes de Noé (Gn 8,11). Diz-lhes que a morte foi aniquilada e que ressuscitou Aquele que aos pecadores oferece a ressurreição’».


S. Romano, o Melodista (? – c.560), Hino 40

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Quinta-Feira Luminosa


Muitas pessoas acreditam na ressurreição de Cristo mas poucas têm dela uma visão clara. Como é que aqueles que não a testemunharam podem adorar a Cristo como Santo e como Senhor? Com efeito, está escrito: "Ninguém pode dizer 'Jesus é o Senhor' senão pelo Espírito Santo" (1 Co 12,3), e também: "Deus é Espírito e os que O adoram devem adorá-Lo em espírito e verdade" (Jo 4,24)... Como é que, então, o Espírito Santo nos incita a dizer hoje [na liturgia]: "Nós vimos a ressurreição de Cristo. Adoremos o Santo, o Senhor Jesus, o único que não tem pecado"? Como é que ela nos convida a afirmá-lo, como se o tivéssemos visto? Cristo ressuscitou uma só vez, há mil anos, e mesmo nessa altura ninguém O viu ressuscitar. Será que a Sagrada Escritura quer que mintamos?

Nunca na vida! Pelo contrário, ela exorta-nos a atestarmos a verdade, esta verdade que, em cada um de nós, seus fiéis, emana da ressurreição de Cristo e, isso, não uma só vez mas hora a hora, por assim dizer, sempre que o Mestre em pessoa, Cristo, ressuscita em nós, vestido de branco e fulgurante nos raios da incorruptibilidade e da divindade. Porque a luminosa vinda do Espírito faz-nos entrever, como naquela manhã, a ressurreição do Mestre, ou antes, dá-nos a graça de O vermos a Ele mesmo, Ele, o ressuscitado. É por isso que cantamos: "O Senhor é Deus e apareceu-nos" (Sl 117,27) e, aludindo à sua segunda vinda, acrescentamos: "Bendito O que vem em nome do Senhor" (v.26)... É, pois, espiritualmente, aos olhos do nosso espírito, que Ele Se mostra e Se faz ver. E, quando isso se produz em nós pelo Espírito Santo, Ele ressuscita-nos dos mortos, vivifica-nos e dá-se a Si mesmo a ver, inteiro, vivo em nós, Ele o imortal e o eterno. Dá-nos a graça de O conhecermos claramente, Ele que nos ressuscita consigo e nos faz entrar com Ele na sua glória.

S. Simeão, o Novo Teólogo (c. de 949-1022),
Catequese 13