quarta-feira, 30 de abril de 2008
Quarta-Feira Luminosa
terça-feira, 29 de abril de 2008
Terça-Feira Luminosa
Um único homem abriu-nos outrora as portas da morte; hoje, um único homem traz-nos de novo à vida. Ontem, perdemos a vida por causa da morte; mas hoje a Vida destruiu a morte. Ontem, a vergonha fazia-nos esconder debaixo da figueira; hoje, a glória atrai-nos para a árvore de vida. Ontem, a desobediência tinha-nos expulsado do Paraíso; hoje, a nossa fé faz-nos entrar nele. De novo nos é oferecido o fruto da vida para que o saboreemos tanto quanto quisermos. De novo a nascente do Paraíso, cuja água nos irriga pelos quatro rios dos evangelhos (cf Gn 2,10), vem refrescar todo o rosto da Igreja...
Que devemos fazer agora, senão imitar, nos seus saltos jubilosos, as montanhas e as colinas das profecias: "Montanhas, saltai como carneiros; e vós, colinas, como cordeiros!" (Sl 113,4) Vinde, pois, gritemos de alegria no Senhor! (Sl 94,1) Ele quebrou o poder do inimigo e ergueu o grande troféu da cruz...
Digamos, pois: "Grande é o Senhor nosso Deus, um grande rei em toda a terra!" (Sl 94,3; 46,3) Ele abençoa o ano coroando-o com os seus benefícios (Sl 64,12) e reune-nos num coro espiritual, em Jesus Cristo, nosso Senhor, a quem pertence a glória pelos séculos dos séculos. Amen!
São Basílio
São Basílio nasceu em uma família piedosa, no séc. XVI, em Popo, distrito da Herzegovina. Ao se tronar adulto, São basílio deixou o seu lar para abraçar a vida monástica. Por sua piedade notória, foi eleito bispo de Zakholm e Skenderia. O santo no exercício do seu episcopado deu provas de sua santidade por meio dos muitos milagres que ele operou, belo bom pastor que ele foi e por sua sabedoria. São Basílio morreu em paz e foi enterrado na cidade de Ostrog na Chernogoria, fronteira com a Herzegovina.
O Milagre do Fogo em Jerusalém
segunda-feira, 28 de abril de 2008
Segunda-Feira Luminosa
Assim, Mateus, no meio dos Hebreus e na sua própria língua, publicou uma forma escrita do Evangelho, enquanto Pedro e Paulo evangelizavam Roma e aí fundavam a Igreja. Após a morte deles, Marcos, discípulo de Pedro e seu intérprete (1Pe 5,19), transmitiram-nos também por escrito a pregação de Pedro. Por seu lado, Lucas, companheiro de Paulo, consignou num livro o Evangelho pregado por este. Por fim, João, o discípulo do Senhor, o mesmo que tinha repousado sobre o seu peito, publicou também ele o Evangelho, durante a sua estadia em Éfeso...
Marcos, intérprete e companheiro de Pedro, apresentou assim o início da sua redação do Evangelho: «Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. Tal com está escrito nos profetas, "eis que envio o meu mensageiro diante de ti para preparar o teu caminho"»... Como se vê, Marcos faz das palavras dos santos profetas o início do Evangelho, e aquele que os profetas proclamaram como Deus e Senhor, Marcos põe-no logo a abrir como Pai de nosso Senhor Jesus Cristo... No fim do Evangelho, Marcos diz: «E o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi levado aos céus e sentou-se à direita de Deus». É a confirmação da palavra do profeta: «Oráculo do Senhor ao meu senhor: Senta-te à minha direita e eu farei dos teus inimigos escabelos para os teus pés» (Sl 109,1).
Santo Ireneu de Lyon
domingo, 27 de abril de 2008
CRISTO RESSUSCITOU!
Cristo ressuscitou! Em verdade ressuscitou!
Cristo ressuscitou! Em verdade ressuscitou!
Tu desceste ao mais profundo da terra
e partiste os ferrolhos eternos
que detinham os cativos, ó Cristo
e, ao terceiro dia, como Jonas do ventre da baleia,
tu saíste do tumulo.
Cristo ressuscitou dos mortos!
Permanecendo selada a pedra do tumulo,
dele te levantaste, ó Cristo,
tu que, ao nascer, não havias violado o seio da Virgem
e abriste-nos as portas do Paraíso.
Cristo ressuscitou dos mortos!
Meu Salvador Vítima viva e não imolada
que, como Deus te ofereceste voluntariamente a teu Pai,
Tu que ressuscitando do tumulo,
ressuscitaste contigo Adão e toda tua linhagem.
Cristo ressuscitou dos mortos!
É o sol anterior ao sol, outrora descido ao túmulo,
que, antecedendo a aurora, as virgens portadoras de aromas
procuravam ao romper do dia.
Diziam elas entre si;
“com os nossos aromas vamos ungir o corpo
vivificante e sepultado,
a Carne que ressuscita Adão caído
e que está deitado em seu Sepulcro.
Vamos apressemo-nos, como os magos,
e ofereçamos como dons os aromas
Àquele aquele que está envolto
não em faixas, mas em um sudário
e choremos e gritemos: Senhor levanta-te
tu que concedes a ressurreição aos que sucumbiram.
No santo e grande Domingo de Páscoa,
nós festejamos a vivificante Ressurreição
de Nosso Senhor, Deus e Salvador Jesus Cristo.
Descendo Cristo, só para lutar com o inferno,
dele subiu levando numeroso espólio, fruto de sua vitória.
A Ele a glória e o poder, pelos séculos dos séculos. Amém.
Testemunhas da Ressurreição de Cristo,
adoremos o Senhor Jesus, o Único Santo, o único sem pecado.
Nós veneramos a tua cruz, ó Cristo,
nós cantamos e glorificamos a tua santa Ressurreição,
pois Tu és o nosso Deus e nós não conhecemos outro.
É o teu Nome que nós invocamos.
Vinde fiéis adoremos todos a santa Ressurreição de Cristo,
pois eis que a Cruz trouxe a alegria ao mundo inteiro.
Bendizendo eternamente o Senhor,
nós cantamos a sua ressurreição,
pois tendo aceito a Cruz por nós,
pela morte Ele venceu a morte. (3 vezes)
Jesus, tendo saído do túmulo como havia predito,
concedeu-nos a vida eterna e a sua grande misericórdia.
Homilia de São João Crisóstomo
Quem tiver piedade e amor a Deus, regale-se nesta gloriosa e brilhante festa; quem for servo bom, entre alegre no gozo de seu Senhor; quem suportou a fadiga do jejum, receba agora a sua remuneração; quem trabalhou desde a primeira hora, receba hoje o seu justo salário; quem veio após a terceira hora, festeje com gratidão; quem chegou após a sexta hora, entre sem hesitar, porque não será castigado; quem atrasou-se até a nona hora, venha sem receio; quem chegou somente na undécima hora, não tenha medo por causa de sua demora, porque o Senhor é generoso, acolhe o último como o primeiro; remunera o operário da undécima hora como o da primeira; cobre um com sua misericórdia e outro com sua graça; a um dá, a outro perdoa; aceita as obras e abençoa a intenção; recompensa o trabalho e louva a boa vontade. Entrai, pois, todos no gozo de nosso Senhor; primeiros e últimos recebei a recompensa; ricos e pobres, alegrai-vos juntos; justos e pecadores, honrai este dia; vós que jejuastes e vós que não jejuastes, regozijai-vos uns com os outros; a mesa é farta, saciai-vos à vontade; o vitelo é gordo, que ninguém se retire com fome; tomai todos parte no banquete da fé; participai todos da abundância da graça; que ninguém se queixe de fome, porque o reino universal foi proclamado; que ninguém chore por causa de seus pecados, porque o perdão jorrou do túmulo; que ninguém tema a morte, porque a morte do Salvador nos libertou a todos.
(O Salvador) destruiu a morte, quando a ela se submeteu; despojou o inferno, quando nele desceu; o inferno tocou seu corpo e foi aniquilado.
Onde está tua vitória, ó inferno? Onde está o teu aguilhão, ó morte? Cristo ressuscitou e foste arrasada: Cristo ressuscitou e os demônios foram vencidos; Cristo ressuscitou e os anjos rejubilaram-se; Cristo ressuscitou e a vida foi restituída; Cristo ressuscitou e não ficou morto nenhum no túmulo, porque Cristo, pela sua ressurreição dos mortos, tornou-se primícias de todos os mortos.
sábado, 26 de abril de 2008
GRANDE SÁBADO SANTO
que outrora abençoaras ao cessares toda a obra;
Tu reanimas todas as coisas, ó meu Salvador,
e as renovas observando o sábado
e reconquistando tudo para ele.”
sexta-feira, 25 de abril de 2008
GRANDE SEXTA-FEIRA SANTA (HORA NONA)
Ofico da Hora Nona
GRANDE SEXTA-FEIRA SANTA (HORA SEXTA - MEIO-DIA)
Deus, Senhor Todo-Poderoso e artesão de toda criação, que na imensidão de Tua incomparável Misericórdia enviaste Teu Filho único nosso Senhor Jesus Cristo, para a salvação do gênero humano, e que pela sua preciosa Cruz livrou-nos dos ferrolhos eternos, e triunfou sobre os principados e os poderes das trevas, Tu, Senhor amigo dos homens, aceita as nossas orações de reconhecimento e de súplica, pecadores que somos. Protege-nos contra toda queda funesta e tenebrosa, e contra todos aqueles que procuram nos fazer mal, nossos inimigos visíveis e invisíveis. Perfura a nossa carne com os cravos de teu temor, e não inclina nossos corações para palavras ou pensamentos perversos, mas fere a nossa alma de Teu desejo, afim de que todos os dias elevemos nossos olhos até Ti, guiados pela Luz que vem de Ti, e com o nosso olhar posto em Ti, Luz inacessível e eterna, te louvamos e oferecemos uma ação de graças incessante, Pai eterno, assim como ao Teu Filho único e ao Teu Espírito Santo bom e vivificante. Eternamente agora e sempre, e pelos séculos dos séculos. Amém.
Oração de São Basílio, o Grande
Ofício da Hora Sexta
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Tríduo Conclusivo da Semana Santa
São inúmeros e extensos os temas tratados pelo “próprio” litúrgico desses dias e não é fácil resumi-los. Limitar-nos-emos acenando a alguns textos seguindo os ofícios dia por dia.
“Hoje celebramos o santo Lava-pés, a Ceia mística, a sublime oração e a traição.”
O tropário principal, cantado três vezes nas Matinas, sublinha os dois primeiros temas:
“Enquanto os gloriosos discípulos eram iluminados, na hora do lava-pés da Ceia, o pérfido Judas mergulhava nas trevas da sua avareza e tramava entregar a ti, o juiz justo, nas mãos de juízes iníquos. Olhe só este homem, que por amor do dinheiro acaba se enforcando! Foge (ó fiel) do cobiçoso, que tanto ousou contra o Mestre! Senhor, que és bom com todos, glória a ti!”
Observem a expressão “os discípulos iluminados no Lava-pés;” lembrando que o Batismo no Oriente é chamado o sacramento da “Iluminação,” há quem afirme que na hora em que Cristo lavou os pés a seus apóstolos, estes receberam o sacramento do batismo antes da ceia eucarística.
A divina liturgia (missa) é celebrada conforme o formulário de São Basílio, usado somente dez vezes durante o ano. Ele é mais extenso que o formulário de São João Crisóstomo, usado habitualmente. O evangelho que se proclama é composto de uma série de trechos extraídos dos vários evangelistas, sendo a perícope mais longa do ano e compreende a narração completa da última Ceia, a traição de Judas e a prisão noturna de Jesus, que estava em oração no jardim das Oliveiras. O hino dos Querubins e a antífona da comunhão são substituídas por um canto cujo texto é usado quotidianamente como oração preparatória à comunhão. Eis as palavras:
“Ó Filho de Deus, recebe-me neste dia na tua mística ceia: eu não desvendarei os mistérios aos teus inimigos; nem te darei um beijo como Judas, mas como o ladrão arrependido, eu te peço: lembra-te de mim, Senhor, quando entrares no teu Reino.”
Essa última frase é muito conhecida dos fiéis orientais, usada outrossim como versículo responsorial durante a recitação das Bem-aventuranças evangélicas. Como também “Divinos mistérios” usa-se freqüentemente como sinônimo da eucaristia.
A cerimônia do lava-pés, que se faz logo em seguida, é reservada somente às igrejas catedrais onde o bispo lava os pés de doze sacerdotes; e nas sedes mais importantes, a cada três ou quatro anos durante a Liturgia se faz a santificação do sagrado crisma (myron).
“Glória à tua compaixão (os eslavos cantam: 'à tua grande paciência'), Senhor!”
Lindos os textos litúrgicos que se intercalam, entre outros apresentamos o que se canta após o quinto evangelho:
“Hoje foi suspenso no madeiro aquele que suspendeu a terra sobre as águas. Com uma coroa de espinhos foi coroado o Rei dos Anjos. Foi envolvido numa púrpura mendaz aquele que envolve o céu em nuvens. Foi esbofeteado aquele que salvou Adão no Jordão. Foi perfurado por cravos o Esposo da Igreja. Foi transpassado pela lança o Filho da Virgem. Adoramos a tua paixão, ó Cristo; oh!, mostra-nos também a tua ressurreição!”
Na Grande sexta-feira não se celebra nem a liturgia eucarística nem a dos Pré-santificados. As Horas de prima, terça, sexta e nona tornam-se Horas régias; cada uma delas se compõe de três salmos completos, três leituras bíblicas e outros hinos litúrgicos. O kontákion repetido a todas as Horas tem um caráter mariano:
“Vinde todos celebrar quem por nós foi crucificado! Ao vê-lo no madeiro Maria dizia: Embora carregues a cruz, tu és o meu Filho e o meu Deus.”
Às Vésperas, em que se fazem três leituras vetero-testamentárias e a leitura do evangelho (composição de trechos tirados de Mateus, Lucas e João), segue-se o rito da Sepultura. O celebrante incensa três vezes cada lado do santo Epitáphion, retângulo de pano que leva pintada e bordada a figura do Cristo Morto, chegando às vezes ao tamanho natural. O Epitáphion, após colocado sobre o altar, é depositado sobre uma mesa (ou túmulo) adrede, preparada no centro da igreja, e onde permanecerá até o início da vigília pascal. O povo vai numeroso venerar o Cristo Morto, colocando flores em profusão e beijando o livro dos evangelhos e as chagas de Cristo, enquanto o rosto dele está coberto por um véu. Cantam-se dois tropários: o primeiro lembra a deposição feita pelo “nobre José” do “corpo imaculado” de Jesus no “sepulcro novo,” enquanto que o segundo é já um prenúncio da ressurreição.
Chega o grande e santo Sábado no qual – citando o que diz o livro litúrgico, — “se celebra o sepultamento do corpo divino e a descida ao reino dos mortos do Senhor, Deus e Salvador nosso Jesus Cristo.” A parte mais característica das celebrações é o ofício das Matinas (= órthros) com os célebres Enkómia, tão queridos pela piedade popular ortodoxa. Em geral tal ofício é antecipado para a noite da sexta-feira santa. É típico das culturas mediterrâneas, ao velar o morto, tecer o elogio, a lamentação e a exaltação do falecido. Junto ao sepulcro do Cristo, representado no Epítáphion, a liturgia sugere elogios e lamentações, intercaladas a versículos do salmo 118 e a outros textos de grande profundeza espiritual e beleza artística, entre os quais numerosos são os de cunho mariano. Além dos dois tropários já cantados no fim das Vésperas, acrescenta-se o seguinte:
“Quando desceste à morte, ó Vida imortal, então o hades foi morto pelo fulgor da tua divindade; quando fizeste ressurgir os mortos das profundezas dos abismos, as potências celestes cantavam: ó Cristo nosso Deus, doador da vida, glória a ti!”
Os temas que mais ocorrem nas celebrações litúrgicas do sábado santo são a morte e a espera, o pranto e o louvor ao Doador da vida. Unida ao ofício das Vésperas, que contém cerca de 15 leituras bíblicas (desde Gênesis, Êxodo, Josué, Isaías, Sofonias, Jeremias, Daniel). está a liturgia eucarística de São Basílio. É uma liturgia batismal; de fato, em lugar do Triságio, antes da epístola, se canta por três vezes um versículo de São Paulo aos Gálatas (3:27): “Vós todos, que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo. Aleluia!”
“Não chores por mim, ó Mãe, ao ver no túmulo o Filho que sem sêmen concebeste em teu seio. Ressurgirei, de fato, e serei glorificado e, sendo Deus, elevarei à glória sem cessar os que te exaltam com fé e amor.”
Quarta-feira santa (tarde e noite)
terça-feira, 22 de abril de 2008
Acerca das Grandes e Santas Segunda, Terça e Quarta-Feira
Cada dia da semana tem seu próprio tema. O tema da segunda-feira é o da “Figueira Estéril”, a qual por não dar fruto é condenada. A ênfase da terça-feira recai sobre as “Virgens Prudentes e Vigilantes”, as quais, ao contrário de suas irmãs insensatas, encontram-se prontas quando à meia-noite chega o Senhor delas. O enfoque da quarta-feira está no arrependimento da “Mulher Pecadora”. Os ofícios deste dia dão grande ênfase na comparação entre esta mulher, uma pecadora que se salva, e Judas, o “Filho da perdição”. Ela oferece todos os seus bens a Cristo e lhe beija os pés, enquanto Judas, com um beijo sela sua traição a Cristo em troca de dinheiro.
Em cada um desses três dias se faz a leitura dos Evangelhos nos ofícios das Horas Reais, assim como nas Vésperas, onde se celebra a Liturgia dos Dons Pré-Santificados. As leituras do Velho Testamento são retiradas dos livros de Êxodo, Jó e do Profeta Ezequiel. Também o Evangelho é lido nas Matinas, ofício que tradicionalmente é chamado de “Ofício do Esposo”, pois o tema de cada um desses dias é o fim do mundo e o juízo final. É comum celebrar o Ofício do Esposo durante a noite.
Reflexões Sobre a Semana Santa: terça-feira (noite)
segunda-feira, 21 de abril de 2008
Reflexões Sobre a Semana Santa
Os ofícios da Semana Santa fazem de nós testemunhas e participantes imediatos dos eventos da Paixão e Ressurreição de Jesus Cristo. Nas leituras do Velho e do Novo Testamento, nos hinos, procissões e celebrações litúrgicas ve mos o cumprimento das profecias messiânicas e as ações pelas quais o próprio Deus, na pessoa de Jesus Cristo, nos dá o perdão de nossos pecados e nos resgata da dor da morte eterna.
Domingo de Ramos
O ofício deste dia nos recorda do início do sofrimento de Jesus. O evangelho descreve a conspiração dos anciãos e sacerdotes para forçar Jesus a dizer que Ele é um herege. Através de parábolas, Cristo nos fala sobre sua traição, julgamento, condenação e execução na cruz. Os hinos desse ofício celebram duas coisas: a primeira, a figura profética de José que, embora um homem virtuoso, sofreu injustamente nas mãos de seus irmãos antes de receber uma grande recompensa, e a segunda, a parábola da figueira, que ao deixar de dar frutos, tornou-se um símbolo da criação decaída, e de nossas próprias vidas, nas quais falhamos ao gerar frutos espirituais.
Segunda-feira Santa (noite)
Essa noite fala sobre a necessidade de vigília e preparação, para que não estejamos despreparados quando formos chamados perante o julgamento no tribunal temível de Cristo para prestar contas de nossos atos em vida. A leitura do evangelho contrasta os esforços dos Fariseus em lograr e desacreditar Jesus contra a forte resistência de Cristo contra sua maldade. Os hinos nos recordam da parábola das dez virgens, que exortam o cristão fiel à manter-se em eterna vigília.
Patriarca Aléxis II Responde a Teólogos e Intelectuais Muçulmanos
Os cristãos e os muçulmanos possuem muitos objetivos em comum, e podemos unir nossas forças para os alcançar. Mas esta união não poderá subsistir se não clarificarmos nosso entendimento sobre os valores religiosos um do outro. Partindo deste princípio, recebo com alegria a proposta da comunidade muçulmana de que seja estabelecido um diálogo sincero e aberto com representantes das igrejas cristãs de natureza acadêmica e intelectualmente honesta.
Cristianismo e Islã estão hoje engajados em uma tarefa de grande importância para o mundo. Eles buscam fazer com que a humanidade se conscientize da existência de Deus e da dimensão espiritual do homem e do mundo. Juntos testemunhamos que paz e justiça, moralidade e lei, verdade e amor, são realidades interdependentes.
Como os senhores muito bem afirmam em sua correspondência, cristãos e muçulmanos são concordes de que o maior mandamento é amar a Deus e ao próximo. Ao mesmo tempo, não acredito que identificar certos pontos que são teologicamente basilares para a vida religiosa, seja o suficiente para fixar uma convergência de fé. Qualquer afirmação no Cristianismo ou no Islã não pode ser vista de forma isolada do sistema teológico que cada um elabora. Caso contrário, a identidade religiosa de ambos estará ameaçada, gerando uma confusão da fé de ambos. Penso ser mais frutífero o estudo dos sistemas teológicos de cada um e compará-los.
No Cristianismo é impossível falar sobre amar a Deus e ao próximo dissociado daquilo que cremos sobre Deus. De acordo com a revelação do Novo Testamento, Deus se revela ao homem como Amor. “Quem não ama, não conhece a Deus, pois Deus é amor” (1 João 4:8). “E nós conhecemos e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor e quem está em amor está em Deus, e Deus, nele” (1 João 4:16). Não se pode deixar de ver nisto uma indicação de que a natureza de Deus em Si mesmo, tem no amor sua característica mais essencial e mais importante.
Programação da Igreja Sérvia no Recife
sábado, 19 de abril de 2008
«Lázaro, sai para fora!»
Que o chamamento do Senhor te ressoe, pois, aos ouvidos! Não te feches aos ensinamentos e aos conselhos do Senhor. Se estavas cego e mergulhado em trevas no túmulo, abre os olhos para não te afundares no sono da morte. Na luz do Senhor, contempla a luz; no Espírito de Deus, fixa o teu olhar no Filho. Se acolheres a Palavra, concentrarás na tua alma todo o poder de Cristo, que cura e ressuscita. […] Não receies sofrer para conservares a pureza do teu baptismo e abre no coração os caminhos que te fazem ascender ao Senhor. Conserva cuidadosamente o acto de libertação que recebeste por pura graça. […]
Sejamos luz, como os discípulos aprenderam a sê-lo Daquele que é a grande Luz: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5, 14). Sejamos luminárias no mundo, erguendo bem alto a Palavra da vida, sendo poder de vida para os outros. Partamos em busca de Deus, em busca Daquele que é a primeira e a mais pura das luzes.
«Jesus chorou. Os judeus disseram: 'Vede como ele o amava'»
Chorando sobre o teu amigo, na tua compaixão puseste fim às lágrimas de Marta; pela tua Paixão voluntária, secaste todas as lágrimas do rosto do teu povo (Is 25,8). «Bendito sejas, Deus de nossos Pais!» (Esd 7,27). Guardião da vida, chamaste um morto como se ele dormisse. Com uma palavra, rasgaste o ventre dos infernos e ressuscitaste aquele que começou a cantar: «Bendito sejas, Deus dos nossos Pais!". Quanto a mim, estrangulado pelas amarras dos meus pecados, ergue-me também e eu cantarei: "Bendito sejas, Deus dos nossos Pais!»...
Em reconhecimento, Maria traz-te, Senhor, um vaso de mirra que estaria preparado para o seu irmão (Jo 12,3) e canta-te por todos os séculos. Como mortal, invocas o Pai; como Deus, despertas Lázaro. Por isso nós te cantamos, ó Cristo, pelos séculos dos séculos... Despertas Lázaro, morto há quatro dias; fá-lo erguer-se do túmulo, designando-o assim testemunha verídica da tua ressurreição ao terceiro dia. Tu andas, falas, choras, meu Salvador, mostrando a tua natureza humana; mas, ao despertares Lázaro, revelas a tua natureza divina. De uma maneira indizível, Senhor, meu Salvador, de acordo com as tuas duas naturezas e de uma forma soberana, realizaste a minha salvação.
Fonte: Ecclesia
Sábado de Lázaro: Prelúdio da Cruz
Com essas palavras, cantadas nas vésperas da sexta-feira de Ramos, é que termina a quaresma, e que entramos na comemoração anual dos sofrimentos de Cristo, de sua morte e de sua ressurreição. Ela começa no sábado de Lázaro. A festa da ressurreição de Lázaro, somada à da entrada do Senhor em Jerusalém, é chamada nos textos litúrgicos: «Prelúdio da Cruz». É portanto no contexto da grande semana que o significado desta festa dupla fica mais claro. O tropário comum à esses dois dias nos diz:
o Cristo confirmou a verdade
da Ressurreição Universal».
Compreendemos logo que Lázaro, «o amigo de Jesus», personifica cada um de nós e toda a humanidade, e que Betânia, «a casa» do homem Lázaro, é o símbolo de todo o universo, habitat do homem. Todo homem foi criado amigo de Deus e chamado a esta amizade divina que consiste no conhecimento de Deus, na comunhão com ele, o compartilhar da mesma vida: «A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens» (Jo 1:4). E, portanto este amigo bem amado de Deus, criado por amor, ei-lo destruído, aniquilado por um poder que Deus não criou: a morte. Deus é afrontado em sua obra por um poder que a destrói e torna nulo seu desígnio. A criação é apenas tristeza, lamentação, lágrimas e finalmente morte. Como é possível? Essas questões se encontram latentes no texto detalhado que João nos faz da vinda de Jesus à tumba de seu amigo. «Uma vez chegado à tumba de seu amigo», diz o evangelista, «Jesus chorou» (Jo 11:35). Por que ele chora, uma vez que ele sabe que dentro de um instante ele ressuscitará Lázaro à vida?
Os hinógrafos bizantinos não souberam compreender o sentido verdadeiro dessas lágrimas, atribuindo-as à sua natureza humana, uma vez que, de sua natureza divina ele detinha o poder de ressuscitar os mortos. Entretanto, a Igreja ortodoxa ensina claramente que todas as ações de Cristo são teândricas, isto é, ao mesmo tempo divinas e humanas, sendo as ações do único e mesmo Deus-Homem, o Filho de Deus encarnado. É o Homem-Deus que vemos chorar, é o Homem-Deus que fará sair Lázaro de seu túmulo. Ele chora.... são lágrimas divinas; ele chora porque contempla o triunfo da morte e da destruição da criação saída das mãos de Deus. «Ele já cheira mal», dizem os judeus, como para impedir Jesus de se aproximar do corpo; terrível advertência que vale para todo o universo, para toda a Vida. Deus é Vida e Doador de Vida, ele chamou o homem para esta realidade divina da vida, e eis "que ele cheira mal." O mundo foi criado para refletir e proclamar a glória de Deus, e eis «que ele cheira mal»! No túmulo de Lázaro Deus encontra a morte, a realidade da antivida, da destruição e do desespero. Ele se encontra face à face com seu Inimigo que lhe arrebatou a criação, que era sua, para tornar-se o Príncipe. Nós que seguimos Jesus se aproximando do túmulo, entramos com ele na sua Hora, aquela que ele anunciou freqüentemente como o apogeu e o cumprimento de toda sua obra. Neste curto versículo do Evangelho: «Jesus chorou», é a Cruz que é anunciada, sua necessidade e seu significado universal. Compreendemos agora que é porque «Jesus chorou», melhor dizendo porque ele amava seu amigo Lázaro, que ele tem o poder de o chamar à vida. A ressurreição não é a simples manifestação de um poder divino, mas antes o poder de um amor, o amor tornado poder. Deus é Amor e Amor é Vida, ele é criador de vida... É o Amor que chora sobre o túmulo e é o Amor também que dá a vida; lá está o sentido das lágrimas divinas de Jesus. Elas nos mostram o amor de novo à obra, recriando, resgatando e restaurando a vida humana presa das trevas: "Lázaro, sai para fora!...»
Eis porque esse sábado de Lázaro inaugura ao mesmo tempo a cruz como supremo sacrifício de Amor, e a ressurreição como seu último triunfo:
Ele é a ressurreição do mundo,
n'Ele o amor apareceu para aqueles que estão na terra,
imagem da ressurreição,
concedendo a todos o perdão divino».
(Kondakion do Sábado de Lázaro)
Fonte: «O Mistério Pascal» - Comentários Litúrgicos Alexandre Schmémann, Olivier Clément
Ecclesia
Orígenes: Oração
Ao começar a oração, devemos apresentar, digamos, a alma antes das mãos, erguer a Deus o espírito antes dos olhos, libertar o espírito da terra antes de o elevarmos para oferecê-lo ao Senhor do universo, depor, enfim, quaisquer ressentimentos por ofensas que cremos ter sofrido, se de fato desejamos que Deus esqueça o mal cometido contra Ele próprio, contra os nossos semelhantes, ou contra a boa razão.
Dado que podem ser muitas as atitudes do corpo, o gesto de erguer as mãos e os olhos aos céus deve claramente ser preferido a todos os outros, para assim exprimirmos no corpo a imagem das disposições da alma durante a oração [...], mas as circunstâncias podem por vezes levar-nos a rezar sentados [...] ou mesmo deitados [...]. No que diz respeito à oração de joelhos, esta se torna necessária sempre que acusamos os nossos pecados perante Deus, e Lhe suplicamos que deles nos cure e nos absolva. Essa atitude é o símbolo da humilhação e da submissão de que fala Paulo, quando escreve: «É por isso que eu dobro os joelhos diante do Pai, do qual recebe o nome toda a família, nos céus e na terra» (Ef 3, 14-15). Trata-se da genuflexão espiritual, assim chamada porque todas as criaturas adoram a Deus no nome de Jesus e humildemente a Ele se submetem. O apóstolo Paulo parece fazer uma alusão a isso quando diz: «Para que, ao nome de Jesus, se dobrem todos os joelhos, os dos seres que estão no céu, na terra e debaixo da terra» (Fl 2,10).
Orígenes (c.185-253), presbítero e teólogo
sexta-feira, 18 de abril de 2008
Odes de Salomão
Assim são as asas do Espírito sobre o meu coração.
O meu coração rejubila e estremece
Qual criança no seio da mãe.
Cri e encontrei o descanso
Aquele em quem eu acreditei é fiel.
Abençoou-me e a minha cabeça para Ele se voltou.
Gládio algum, ou espada d’Ele me separará,
Preparei-me, antes da hora da perda,
Em seus braços incorruptíveis me acalentei.
A vida imortal a tal me levou, me constrangeu;
E dela vem o Espírito que me habita ;
Que não pode morrer, porque é a vida.
Os que me viram em espanto ficaram
Porque eu era perseguido.
Pensavam-me aniquilado,
Porque a seus olhos eu estava perdido.
Mas a opressão tornou-se a minha salvação.
Tornara-me objeto de desprezo.
Em mim nada havia que invejar;
A todos fazia o bem,
E fui odiado por isso.
Como cães enraivecidos me cercaram (Sl 21, 17),
Insensatos que contra seus amos se revoltam;
Têm corrompida a inteligência, pervertido o espírito.
Retive as águas do meu lado direito,Em mansidão suportei-lhes o rancor.Não pereci, pois não era dessa casta,O meu nascimento não foi como o seu.Procuraram a minha morte e não o conseguiram ;Eu era mais antigo que a sua memória.Sobre Mim em vão se arremessaramOs que Me perseguiam ;Em vão procuraram extinguirA memória d’Aquele que era antes deles.Nada pode ultrapassar o desígnio do Altíssimo,O seu coração é superior a toda a sabedoria.Aleluia !
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Encontro de Dirigentes das Igrejas-Membro do MOFIC
Igreja Russa Comemora o Czar Nicolau II e Sua Família
Sínodo Russo Condena "Independência" de Kosovo
Visita do Papa Bento XVI aos Estados Unidos
Entre os Hierarcas convidados está o Metropolita Herman(foto) da Igreja Ortodoxa na América, o qual se fará acompanhar do Chanceler Arcipreste Alexander Garklavs, Chanceler de OCA,; Arcipreste Leonid Kishkovsky, Moderador da Christian Churches Together in the USA e Diretor do Departamento de Relações Externas e Intereclesiásticas da OCA; Padre John Behr, Decano do Seminário de São Vladimir, Crestwood, NY; do Arcipreste Chade Hatfield, Chanceler de Seminário; do Arcipreste John H. Erickson e do Dr. Paul Meyendorff, membros do Comitê Ortodoxo-Católico Norte-Americano para Consultas Teológicas.
terça-feira, 15 de abril de 2008
IOCC Socorre Vítimas de Explosões na Albânia
Missão ortodoxa Na Tailândia
Padre Johnn é um especialista em História da Igreja e Direito Canônico e Professsor do St. Vladimir's Orthodox Theological Seminary.
Aléxis II Reinvindica a ONU Acesso dos Ortodoxos a Kosovo
Santoral e Lecionário
domingo, 13 de abril de 2008
Sinaxis do V Domingo da Quaresma
Glorifiquemos fiéis, e adoremos o Verbo Divino, eterno com o Pai e o Espírito Santo, nascido da Virgem para a nossa salvação; pois, em sua carne, deixou-se suspender na cruz, padecer a morte e ressuscitar dos mortos pela sua gloriosa ressurreição.
Apolitikion Próprio
Em ti foi conservada com fidelidade a imagem de Deus, ó Maria; pois tomaste a Cruz e seguiste Cristo, ensinando, com o teu exemplo, a desprezar o corpo, porque mortal e a cuidar da alma imortal. Por isso, ó Santa, tua alma se rejubila com os Anjos.
Kondakion Próprio
Fugiste das trevas do pecado e te iluminaste com a luz da penitência. Dirigiste o teu coração a Cristo, ó gloriosa e apresentaste-lhe, como advogada compassiva, sua Mãe Santíssima e isenta de toda imperfeição alcançando, por isso, o perdão das culpase a felicidade com os Anjos.
Prokimenon
Fazei votos ao Senhor nosso Deus e cumpri-os; todos os que o cercam tragam oferendas.
Deus é conhecido na Judéia, grande é o seu nome em Israel.
Epístola: Hb 9,1-14
Irmãos, Cristo veio como sumo sacerdote dos bens futuros. Ele atravessou uma tenda muito maior e mais perfeita, não construída por mãos humanas, isto é, ele atravessou uma tenda que não pertence a esta criação. Ele entrou uma vez por todas no santuário, e não com sangue de bodes e novilhos, mas com o seu próprio sangue, depois de conseguir para nós uma libertação definitiva. Sangue de bodes e de touros e cinzas de novilha, espalhadas sobre pessoas impuras, as santificam, concedendo-lhes uma pureza externa. Muito mais o sangue de Cristo que, com um Espírito eterno, se ofereceu a Deus como vítima sem mancha! Ele purificará das obras da morte a nossa consciência, para que possamos servir ao Deus vivo.
Aleluia
Aleluia, aleluia, aleluia!
Vinde, regozijemo-nos no Senhor, cantemos as glórias de Deus, nosso Salvador!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Apresentamo-nos diante d'Ele com louvor, e celebremo-lo com salmos!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Evangelho: Mc 10,32-45
Naquele tempo, Jesus e os discípulos estavam a caminho, subindo para Jerusalém. Jesus ia na frente. Os discípulos estavam espantados, e aqueles que iam atrás estavam com medo. Jesus chamou de novo os Doze à parte e começou a dizer-lhes o que estava para acontecer com ele: «Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem vai ser entregue aos chefes dos sacerdotes e aos doutores da Lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos pagãos. Vão caçoar dele, cuspir nele, vão torturá-lo e matá-lo. E depois de três dias ele ressuscitará.»
Kinonikón
Tomarei o Cálice da Salvação e invocarei o nome do Senhor!
Aleluia, aleluia, aleluia!
O relato de Marcos é iniciado pelo terceiro anúncio da Paixão e morte que o Senhor sofreria na Cidade de Jerusalém, feito por Ele mesmo, enquanto caminhava com seus discípulos. Estes, estavam temerosos e admirados por ver o Senhor seguir determinado rumo à cidade que lhe traria tantos sofrimentos. Ante tal anúncio, porém, silenciaram; o diálogo foi retomado pelos filhos de Zebedeu (Tiago e João) que apresentaram um pedido ambicioso a Jesus: ocupar no Reino dos Céus os lugares de Honra.
Esta solicitação, após o anúncio do sofrimento e morte do Senhor, parecia revelar a falta de solidariedade e compaixão somadas a um extremo egoísmo por parte dos dois. Seria como alguém muito querido e próximo de nosso convívio, anunciar sua morte e questionarmos, em seguida, o quanto e o que ganharíamos por herança.
A este respeito assim comenta São João Damasceno:
«Um coração repleto de preocupações mundanas deixa revelar pela boca que não conhece verdadeiramente a Deus. Os filhos de Zebedeu ao solicitar os primeiros lugares após a morte do Senhor, demonstraram sua cegueira e rusticidade ante o Divino que ali estava».
Tiago e João tinham uma concepção política muito forte a respeito do messianismo de Jesus. Imaginavam que Ele iria reinar e sendo os dois mais próximos queriam garantir os lugares mais nobres no Banquete celestial, antes que outros solicitassem tal honra. Jesus transforma os pensamentos de soberba, grandeza e honras e os faz recordar do serviço e da entrega: do banquete passa a refletir sobre a taça que deveria beber. Mesmo assim, os discípulos diziam estar dispostos a beber do cálice que estava reservado ao Senhor. Logo, o Senhor os admoesta dizendo que compartilhariam da mesma sorte que Ele, mas em tempos diferentes. Quanto aos lugares no Reino dos Céus, solicitados por eles, não caberia ao Senhor garantir: somente Deus reserva os lugares e os reserva como quer. Aqueles que ambicionam os primeiros lugares não são dignos do Reino, devem servir e não serem servidos.
Os discípulos de Jesus devem ser regidos por princípios opostos aos do mundo. Na comunidade apostólica toda a ambição deve ser substituída pelo espírito de serviço e humildade, pois nele se manifesta o amor, a entrega e a oblação pelo irmão.
«O Filho do Homem veio para servir e dar a sua vida em resgate de muitos».
Nesta frase Jesus revela o porquê de sua morte: quer redimir os filhos de Deus e quer resgatá-los para Deus, através do serviço e da entrega.
O poder no Reino de Deus consiste no servir. O poder no reino do mundo consiste em ser servido. No Reino do amor é diferente. O amor só tem poder enquanto ele é doado e se coloca a serviço. Servir é ser pequeno, frágil. Frente ao pequeno nós, ou nos revelamos solidários, ou sedentos e despóticos . Diante do irmão que parece ser simples, sem importância descobriremos a nossa capacidade de amar.
A Festa de Santa Maria do Egito nos faz corajosos em seguir o Senhor, no serviço aos irmãos. De grande pecadora transformou-se em grande Santa da Igreja. Aquela que estava perdida foi encontrada pelo Senhor. Não desanimemos, pois, em nossas quedas e pecados. Que eles sejam transformados em trampolins que nos jogarão para os braços misericordiosos do Pai.
Santo do Dia
Aconteceu isto assim: Por força das circunstancias, Maria se juntou a um grupo de peregrinos, que estavam se dirigindo para a Terra Santa. Durante a viagem no navio, Maria não parava de seduzir os romeiros e a pecar. Ao chegar em Jerusalém, ela se juntou a um grupo de pessoas que iam para a igreja da Ressurreição.
Todos os homens entravam livremente na igreja, porém Maria foi parada por uma mão invisível e não conseguia entrar de jeito algum. Aí ela compreendeu, que Deus não a deixava entrar num lugar santo por causa da sua devassidão. Ela ficou possuída de um grande temor e de um grande desejo de penitencia, e começou a pedir a Deus o perdão dos pecados, prometendo se regenerar. Maria viu logo na entrada o ícone de Nossa Senhora e começou a Lhe pedir interceder por ela perante Deus. Imediatamente sentiu um grande alívio e entrou livremente na igreja. Chorando muito no Santo Sepulcro, ela saiu da igreja completamente transformada.
Maria cumpriu sua promessa de mudar a sua vida. Ela se retirou de Jerusalém para o deserto de Jordão e lá viveu quase meio século em solidão, rezando e jejuando. Assim, com estes atos de penitencia ela se livrou completamente de todo desejo pecaminoso e purificou o seu coração para que este se transformasse num templo do Espírito Santo.
O ancião Zossima, no mosteiro do Profeta João o Precursor, por providencia de Deus, encontrou santa Maria no deserto, quando esta já era uma anciã. Ele ficou maravilhado com sua santidade e seu dom de prever as coisas. Uma vez ele a viu levitar enquanto orava e outra vez, quando ela atravessava o rio Jordão como uma terra firme.
Na despedida do velho Zossima, Maria pediu-lhe que ele voltasse dentro de um ano, para dar-lhe a comunhão. Zossima voltou para o deserto conforme combinado e lhe deu a Santa Comunhão. Depois, após um ano voltando mais uma vez, ele a achou morta. O velho Zossima enterrou as santas relíquias lá mesmo no deserto. Santa Maria faleceu em 521.
Assim, de uma grande pecadora, santa Maria se transformou, com a ajuda de Deus, numa grande justa, numa das maiores santas e nos deixou um grande exemplo de penitencia. Ela é lembrada pela igreja em 1 de abril e no 5o domingo da Quaresma.
sábado, 12 de abril de 2008
Dom Tarásios Visita o Brasil
quarta-feira, 9 de abril de 2008
Porventura, És Maior Que o Nosso Pai Abraão?
Muito haveria a dizer acerca da fé. Basta-nos lançar uma vista de olhos sobre um dos modelos que o Antigo Testamento nos dá, Abraão, pois somos seus filhos pela fé. Este não foi justificado só pelas obras, mas também pela fé. Ele praticara muitas boas ações, mas, só depois de ter feito prova da sua fé, é que ele foi chamado amigo de Deus. Todas as suas obras tiraram a perfeição da sua fé. Foi pela fé que deixou os seus pais; foi pela fé que deixou a pátria, o país, a casa. Da mesma forma que ele foi justificado, também tu te tornas justo! Logicamente, o seu corpo tornou-se incapaz de ser pai, porque era demasiado velho. Sara, a quem ele se unira, era também já idosa. Não tinham, pois, nenhuma esperança de descendência. Ora Deus anuncia a esse ancião que seria pai e a fé de Abraão não vacilou. Considerando que o seu corpo estava já próximo da morte, ele não tem em conta a sua impotência física, mas o poder daquele que prometera, pois julgava digno de fé aquele que lhe fizera essa promessa. Foi assim que, de dois corpos já marcados de algum modo pela morte, nasceu um filho, maravilhosamente...
É o exemplo da fé de Abraão que nos torna a todos filhos de Abraão. De que maneira? Os homens consideram inacreditável uma ressurreição dos mortos, como é inacreditável que os velhos, marcados já pela morte, possam gerar descendência. Mas quando nos anunciam a boa nova de Cristo, crucificado na cruz, morto e ressuscitado, nós acreditamos. É, pois, pela semelhança da sua fé que entramos na filiação de Abraão. E, então, com a fé, recebemos como ele o vaso espiritual, circuncisos no Batismo pelo selo do Espírito Santo.
Catequeses batismais, nº 5
O Reino De Deus É Que Creais Naquele Que Ele Enviou
Tende pois cuidado em participar numa única eucaristia; não há, com efeito, senão uma só carne de Nosso Senhor, um só cálice para nos unir no seu sangue, um só altar, como não há senão um só bispo rodeado de padres e de diáconos. Assim, tudo o que fizerdes, vós o fareis segundo Deus... Meu refúgio é o Evangelho, que é para mim o próprio Jesus na carne, e os apóstolos, que incarnam o presbitério da Igreja. Amemos também os profetas, porque também eles anunciaram o Evangelho; eles esperaram em Cristo e esperam-no; acreditando nele, foram salvos e, permanecendo unidos a Jesus Cristo, santos dignos de amor e admiração, mereceram receber o testemunho de Jesus Cristo e ter lugar no Evangelho, nossa esperança comum...
Deus não habita onde reina a divisão e a cólera. Mas o Senhor perdoa a todos os que se arrependem, se o arrependimento os levar à união com Cristo que nos libertará de toda a opressão. Suplico-vos, não ajam no espírito de querela, mas segundo os ensinamentos de Cristo. Ouvi que diziam: «O que não encontro nos arquivos, não o acredito no Evangelho»... Para mim, os meus arquivos, é o Cristo; os meus arquivos invioláveis são a cruz, a sua morte e a sua ressurreição, e a fé que vem dele. Eis donde espero, com a ajuda das vossas orações, toda a minha justificação.
terça-feira, 8 de abril de 2008
Liturgia No Polo Norte
Agir como Abraão
Pois bem, se formos vigilantes, veremos que nos foram feitas promessas ainda mais maravilhosas e seremos compensados muito mais do que pode sonhar o pensamento humano. Para isso, temos apenas que confiar no poder daquele que nos fez essas promessas, a fim de merecermos a justificação que vem da fé e de obtermos os bens prometidos. Porque todos esses bens que esperamos ultrapassam toda a concepção humana e todo o pensamento, de tal forma é magnífico o que nos foi prometido!
Com efeito, essas promessas não dizem respeito apenas ao presente, à realização plena das nossas vidas e ao gozo dos bens visíveis, mas dizem também respeito ao tempo em que tivermos deixado esta terra, quando os nossos corpos tiverem sido sujeitos à corrupção, quando os nossos restos mortais forem reduzidos a pó. Então Deus promete-nos que nos ressuscitará e nos estabelecerá numa glória magnífica; "porque é preciso, assegura-nos S. Paulo, que o nosso ser corruptível revista a incorruptibilidade, que o nosso ser mortal revista a imortalidade" (1 Co 15,53). Além disso, depois da ressurreição dos nossos corpos, recebemos a promessa de gozarmos do Reino e de beneficiarmos durante séculos sem fim, na companhia dos santos, desses bens inefáveis que "os olhos do homem não viram, que o seu ouvido não ouviu e que o seu coração é incapaz de sondar" (1 Co 2,9). Vês a superabundância das promessas? Vês a grandeza destes dons?
sexta-feira, 4 de abril de 2008
Refletindo os Salmos (II) - Salmo 138(139)
2 Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.
3 Cercas o meu andar e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos.
4 Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó SENHOR, tudo conheces.
5 Tu me cercaste em volta e puseste sobre mim a tua mão.
6 Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta, que não a posso atingir.
7 Para onde me irei do teu Espírito ou para onde fugirei da tua face?
8 Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também;
9 se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar,
10 até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.
11 Se disser: decerto que as trevas me encobrirão; então, a noite será luz à roda de mim.
12 Nem ainda as trevas me escondem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa.
13 Pois possuíste o meu interior; entreteceste-me no ventre de minha mãe.
14 Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.
15 Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra.
16 Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia.
17 E quão preciosos são para mim, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grande é a soma deles!
18 Se os contasse, seriam em maior número do que a areia; quando acordo, ainda estou contigo.
19 Ó Deus! Tu matarás, decerto, o ímpio! Apartai-vos, portanto, de mim, homens de sangue.
20 Pois falam malvadamente contra ti; e os teus inimigos tomam o teu nome em vão.
21 Não aborreço eu, ó SENHOR, aqueles que te aborrecem, e não me aflijo por causa dos que se levantam contra ti?
22 Aborreço-os com ódio completo; tenho-os por inimigos.
23 Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos.
24 E vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.
Encontrando o Mistério - Livro do Patriarca Ecumênico Bartolomeu I
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Escada de São João Clímaco I
2. Os amigos de Deus, venerável Pai, conforme entendemos – ignorantes e rudes como somos – são os seres racionais e incorpóreos que O rodeiam. Fiéis servidores de Deus são aqueles que em tudo – sem fadiga e nem hesitação – fazem a Sua santíssima vontade. Temos por servos inúteis aqueles que sendo regenerados pelas águas do Santo Batismo, negligenciam os compromissos assumidos. Consideramos como estranhos e inimigos de Deus a todos que vivem sem o batismo ou cuja fé está maculada pelas heresias. Finalmente, inimigos de Deus, são todos que, não satisfeitos com o rebelar-se contra a vontade de Deus, perseguem com todas as suas forças aqueles que buscam satisfazê-la.
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Encontro dos Patriarcados de Constantinopla e Moscou
A delegação do Patriarcado Ecumênico foi liderada pelo Metropolita de Pérgamo, Ioannes Zizioulas e a delegação de Moscou pelo Metropolita de Krutitsy e Kolomna, Juvenaly.