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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Chefe do centro cultural russo, em Tel Aviv debate com a Sua Beatitude o Patriarca Teófilo áreas de cooperação

Руководитель Российского культурного центра в Тель-Авиве обсудил с Блаженнейшим Патриархом Иерусалимским Феофилом направления сотрудничества

02 de agosto de 2010 reunião de Sua Beatitude o Patriarca da Cidade Santa de Jerusalém e toda Palestina, Teófilo III , com AA Kryukov, o chefe do Centro Cultural da Rússia em Tel Aviv (representante da Agência Federal para a Comunidade de Estados Independentes, os compatriotas que vivem no exterior e cooperação internacional humanitário - Rossotrudnichestvo).
A reunião foi realizada na cidade de Nazaré, no norte de Israel, onde Sua Beatitude o Patriarca esquerda para obter informações sobre a construção de um site de preparação de novas escolas ortodoxas que vai ensinar as crianças de diferentes credos que vivem nesta cidade sagrada para os cristãos. Director do Centro Cultural russo manifestou vontade de proporcionar no futuro uma nova escola, toda a assistência possível a finalidades educativas, metodológicas e materiais informativos. A oferta foi aceita com gratidão.
AA Kryukov felicitou Sua Beatitude o Patriarca Teófilo e acompanhado Sua indivíduos Beatitude com comemorado em 02 de agosto um dia de recordação do santo profeta de Deus, Elias, e apresentou um presente para o álbum de cor Jerusalém Igreja Primaz de material e de informação realizada em Moscou no Museu Nacional de Belas Artes. AS exposição de Púchkin "Os ícones gregos séculos XV - XX". representante Rossotrudnichestvo também disse ao seu interlocutor sobre a história eo estado actual de actividades culturais e humanitárias realizadas pela Sociedade All-União para Relações Culturais com Países Estrangeiros - União das Sociedades de Amizade e Relações Culturais com Países Estrangeiros - Estrangeiros - Centro Rossotrudnichestvo aqui há 85 anos.
Em uma entrevista também foi assistido pelo hierarcas da Igreja Ortodoxa de Jerusalém e presidente da Associação dos diplomados da URSS - Rússia, Dr. Khalil Andraus.
As partes concordaram em continuar reuniões, troca de ideias ea cooperação.

RossotrudnichestvoBritannica /

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Jejum da Dormição da Santa Mãe de Deus*


Durante os primeiros quatorzes dias de agosto, durante cada ano, a Santa Igreja Ortodoxa entra em um período de jejum rigoroso, em honra da Mãe de Deus, a Virgem Maria. O eminente teólogo ortodoxo, padre Sergei Bulgakov, lindamente expressa a alta consideração que os cristãos ortodoxos têm à Virgem Maria, Mãe de Deus, por seu papel especial na salvação da humanidade, quando ele afirma: "A fervente veneração da Theotokos é a alma da Piedade Ortodoxa." S. João Damasceno, um dos grandes padres ortodoxos, salientou que, quando a Virgem Maria se tornou a Mãe de Deus e deu à luz a Cristo, o Redentor da humanidade, ela se tornou a mãe da humanidade. Chamamos a Virgem Maria "Theotokos" (termo grego que significa "genitora de Deus” ou “portadora de Deus”). Este é o mais alto título que pode ser concedido a qualquer membro da raça humana.

A Theotokos, a Virgem Maria, foi "bendita entre as mulheres", e ela foi escolhida "para amparar o Salvador das nossas almas." Portanto, nós, como cristãos ortodoxos, a consideramos rainha de todos os santos e anjos. Sabendo que ela tem um lugar tão elevado no Reino do Céu e que ela é eternamente presente no trono de Deus intercedendo pela humanidade, nós, como bons cristãos ortodoxos que somos, devemos rezar por seu amor, orientação e proteção. Nunca devemos nos esquecer de pedir sua intercessão em casos de doença e perigo, e devemos sempre agradecer a sua atenção e suas orações em nosso favor.

Anualmente, a Igreja Ortodoxa dedica os primeiros quatorzes dias de agosto em homenagem a Virgem Maria. Este período é rápido, atingiu o clímax em 15 de agosto, quando a Igreja se reúne para celebrar a grande festa da Dormição (falecimento), da Theotokos. Durante este período de jejum de quatorze dias, a Igreja Ortodoxa prescreve que o Ofício de Paraclesis seja realizado em honra da Mãe de Deus.

A palavra “paraclesis" tem dois significados diferentes: o primeiro é "consolação”, a partir da qual o Espírito Santo é chamado de “Paráclito", ou "Consolador"; o segundo é "súplica" ou "petição". O Ofício de Paraclesis a Theotokos é composto de hinos de súplica para obter consolação e coragem. Deve ser recitado em momentos de tentação, desânimo ou doença. É utilizado mais particularmente durante as duas semanas antes da Dormição ou Assunção, da Theotokos, a partir de 1 de agosto a de 14 agosto. O tema central destes Ofícios de Paraclesis é em torno da petição:  "Santíssima Mãe de Deus, salvai-nos.

Se você tem um problema ou se algo está sobrecarregando a sua alma; se você se sente espiritualmente inquieto e se você não estiver em paz consigo mesmo e com aqueles que estão ao seu redor, então, você deve vir para a Igreja durante a primeira quinzena de agosto e pedir a intercessão da Mãe de Deus. Mesmo que você seja afortunadamente um dos poucos que estão em paz consigo mesmo e com Deus, então, estes tais bem aventurados devem vir a esses ofícios e agradecer a Deus e a Sua Mãe Santíssima as bênçãos que eles derramaram sobre você e sua família.

Uma vez que estes Ofícios de Paraclesis a Theotokos são principalmente petição para o bem da vida, permita que toda a Igreja ore por você durante os primeiros quinze dias do mês de Agosto e, especialmente, sobre a Grande Festa da Dormição da Theotokos, 15 de agosto. Não deixe sua preguiça e sua apatia fazer com que você perca esta grande bênção e inspiração que a Igreja pode lhe conceder. Deixe que a paz e santidade que a Mãe de Deus pode lhe dar entrar em sua vida. "Deixemos de lado todas as preocupações terrenas", e participemos, verdadeiramente, durante estes quinze dias, do jejum e oração da vida da Igreja, para que possamos "provar e ver que o Senhor é bom" e para que possamos experimentar totalmente as bênçãos espirituais que a Igreja oferece-nos neste momento sagrado. "Bem aventurado aquele a quem ele achar vigiando." Venha rezar à Theotokos conosco e com a Igreja, pois, por suas orações e intercessões, nossas almas podem ser salvas!

Santíssima Theotokos, salvai o Brasil**!


Fonte: Igreja de Antioquia (Arquidiocese Norte-Americana)
 * Tradução do original inglês (Google Tradutor)
** Originalmente "Estados Unidos da América"

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Rússia Reza Por Chuvas

Patriarca Kiril (Cirilo)

Onda de calor tem fustigado a Rússia com incêndios que já causaram dezenas de mortos.O Patriarca Kiril de Moscovo, pede aos seus fiéis que rezem pedindo chuva para o país.

“Peço a todos os filhos e filhas fiéis da Igreja Ortodoxa Russa que se unam numa oração a Deus, que Ele mande chuva à nossa terra queimada”, disse Kiril.

O Patriarca sugeriu que as orações fossem feitas, suplicando especialmente a intercessão do do Profeta Elias, que foi comemorado no dia 20 de julho, segundo o calendário litúrgico ortodoxo, no qual já é hábito rezar por chuva.

A par desta solicitação, o líder da Igreja russa solicitou generosidade para com as vítimas que perderam os seus bens e casas nos incêndios que têm devastado o país.

Num gesto de solidariedade cristã, a agência noticiosa russa Interfax informa que o Metropolita Nicolau de Mesogia e Lavreotiki, da Igreja Ortodoxa Grega, em peregrinação à Rússia, fez uma doação do seu bolso de cerca de cinco mil euros, recordando que o seu país passou pelo mesmo problema recentemente.

Ao mesmo tempo que realça que esta tragédia natural não deve ser vista como um castigo divino, a Igreja Ortodoxa considera que esta não deixa de ser uma boa oportunidade para as pessoas refletirem sobre a sua vida espiritual.

Contudo, algumas vozes na Igreja estão chamando a atenção para os efeitos que as ações do homem têm sobre as condições meteorológicas:

“Frequentemente os autores destes castigos somos nós”, avisa Vladimir Legoyda, chefe do Departamento de Informação do Sínodo da Igreja Ortodoxa Russa.


COMENTÁRIO:

Profeta ElíasA Igreja Ortodoxa no Brasil se une em oração, rogando a Deus, pelas orações do Santo Profeta Elias, que atente para a oração do seu povo e tenha piedade da Rússia.


Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra.
E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto.
São Tiago 5: 17,18 



O QUE ACONTECE QUANDO VOCÊ ACABA DE BEBER UMA LATA DE REFRIGERANTE


Primeiros 10 minutos:
10 colheres de chá de açúcar batem no seu corpo, 100% do recomendado diariamente. Você não vomita imediatamente pelo doce extremo, porque o ácido fosfórico corta o gosto.
20 minutos:
O nível de açúcar em seu sangue estoura, forçando um jorro de insulina. O fígado responde transformando todo o açúcar que recebe em gordura (É muito para este momento em particular).
40 minutos:
A absorção de cafeína está completa. Suas pupilas dilatam, a pressão sanguínea sobe, o fígado responde bombeando mais açúcar na corrente. Os receptores de adenosina no cérebro são bloqueados para evitar tonteiras.
45 minutos:
O corpo aumenta a produção de dopamina, estimulando os centros de prazer do corpo. (Fisicamente, funciona como com a heroína.)
50 minutos:
O ácido fosfórico empurra cálcio, magnésio e zinco para o intestino grosso, aumentando o metabolismo. As altas doses de açúcar e outros adoçantes aumentam a excreção de cálcio na urina, ou seja, está urinando seus ossos, uma das causas das OSTEOPOROSE.
60 minutos:
As propriedades diuréticas da cafeína entram em ação. Você urina. Agora é garantido que porá para fora cálcio, magnésio e zinco, os quais seus ossos precisariam. Conforme a onda abaixa você sofrerá um choque de açúcar. Ficará irritadiço. Você já terá posto para fora tudo que estava no refrigerante, mas não sem antes ter posto para fora, junto, coisas das quais farão falta ao seu
organismo.

Pense nisso antes de beber refrigerantes. Se não puder evitá-los, modere sua ingestão!
Prefira sucos naturais.O corpo agradece!

domingo, 1 de agosto de 2010

Patriarca Ecumênico Comenta Desastre Ecológico no Golfo do México


Patriarca Ecumênico Bartolomeu I

A explosão da plataforma Deepwater Horizon no Golfo do México vem se constituindo num dos maiores desastres ecológicos dos últimos tempos, ampliando o número de tragédias ecológicas de 2010.

Sua Santidade, o Patriarca Ecumênico e de Constantinopla Bartolomeu I, que recebeu carinhosamente da imprensa mundial o cognome de "Patriarca Verde" em virtude de sua atuação em defesa do meio-ambiente, fez pronunciamento oficial publicado no sitio do Patriarcado Ecumênico. O texto está em grego e inglês, mas pode ser facilmente lido em português com o tradutor do Google.

sábado, 31 de julho de 2010

Septuaginta em Espanhol

O sítio da Igreja Ortodoxa no Brasil (sob jurisdição da UOCA*) está disponibilizando uma versão em espanhol da Bíblia Septuaginta (versão grega do Velho Testamento usada pelos Santos Apostólos na redação do Novo Testamento.

É muito importante que os cristãos conheçam esta Bíblia posto que os texto do Velho Testamento em que se baseia a maioria das edições da Igreja Católica Romana e todas as edições Protestantes, estão baseadas no texto hebraico produzido pelos massoretas**.

Por ser o Antigo Testamento o Livro que está circunscrito à história da aliança de Deus com o povo hebreu, equivocadamente se presume que o texto em hebraico tem prioridade ao texto grego (Septuaginta).

No entanto, a tradução dos massoretas não é o texto original do Velho Testamento, mas uma reedição atualizada do antigo texto hebraico, cerca de 600 anos depois de Cristo e, as edições que hoje temos, estão baseadas em cópias do século IX depois de Cristo.

Esta edição dos massoretas é de cunho anti-cristão, pois os judeus da época, procurando demover as bases bíblicas do cristianismo, modificaram a redação de textos cruciais em que se fundamenta a mensagem cristã, como por exemplo, o de Isaías 7:14 (que fala do nascimento virginal do Messias): Enquanto o texto grego diz: "a virgem conceberá...", o texto massoreta reza: "eis que uma jovem conceberá..." dando uma outra conotação. É por esta razão que muitos textos citados do Velho Testamento pelos Apóstolos no Novo Testamento, não batem com a redação que consta nas Bíblias Católicas e Protestantes, dando a entender que os Apóstolos citavam equivocadamente as Sagradas Escrituras. Um outro grande exemplo disto está na profecia de Moisés sobre a encarnação e o nascimento do Messias (Dt. 32:43), citada por Paulo na Epístola aos Hebreus:

Septuaginta (versão Grega)
Texto Massoreta (versão Hebraica)
Alegrai-vos, ó céus, com Ele, e todos os anjos de Deus o adorem; alegrai-vos gentios, com todo seu povo, e fortalecei-vos nele, vós todos os filhos de Deus, pois o Senhor vingará...
Louvai, ó nações, o seu povo, porque o SENHOR vingará o sangue dos seus servos, tomará vingança dos seus adversários e fará expiação pela terra do seu povo.


A versão massoreta ignora totalmente as referências ao Messias.

Portanto, é preciso que os cristãos que eliminaram a Septuaginta de suas versões da Bíblia, reconsiderem os fatos e, quem sabe, não será este um passo muito decisivo ao retorno à Tradição comum da Igreja indivisa.

* Igreja Ortodoxa Ucraniana na América.

**Os massoretas eram judeus estudiosos que se dedicavam à tarefa de guardar a tradição oral (massora) da vocalização e acentuação correta do texto. À medida que um sistema de vocalização foi sendo desenvolvido, entre 500 e 950 AD, o texto consonantal que receberam dos soferim foi sendo por eles cuidadosamente vocalizado e acentuado. Além dos pontos vocálicos e dos acentos, os massoretas acrescentavam também ao texto as massoras marginais, maiores e finais, calculadas pelos soferim (Ordem dos escribas que originou-se com Esdras, e que se estendeu até 200 AD, cuja função era preservar puro o texto bíblico). 



quarta-feira, 28 de julho de 2010

O Nascimento Espiritual da Pátria


© da ilustração: V.M.Vasnetsov/ru.wikipedia.org

O Dia da Cristianização da Rússia que este ano adquiriu o estatuto da festa nacional é comemorado no nosso país no dia 28 de julho. A Igreja Ortodoxa Russa honra o seu príncipe Santo Vladimir que batizou a Rússia em 988.

A nova festa russa faz pensar não apenas sobre a escolha histórica dos antepassados, mas também sobre a definiçaõ do caminho na vida. Foi isso que o grande príncipe Vladimir Sviatoslavovitch fez mais de um mil anos atrás. Primeiro convidou a Kiev sábios de vários países, depois enviou os seus mensageiros ao estrangeiro para ter uma ideia dos tipos principais da civilização mundial, como dizem os geopolíticos.
Os mensageiros russos que visitaram o Império Bizantino ortodoxo, foram fascinados pela beleza da missa na Basílica de Santa Sofia em Constantinopla. Segundo o cronista antigo, foi isso que definiu a escolha do príncipe Vladimir a favor do cristianismo. Contudo, relatando aqueles eventos, o autor da crónica não menciona os detalhes essenciais. Naquela altura havia igrejas cristãs na Rússia e em Kiev. De acordo com os dados das crónicas da Grécia Antiga, o apóstolo André Santo chegou a Quersoneso numa escuna de pesca. As pesquisas históricas modernas indicam que alcançou a Rússia Noroeste. A partir de Nóvgorod seguindo pelo rio Volkhov chegou até o Lago Ládoga e depois até Valaam. Durante o caminho batizou milhares de pagãos.
Na altura do reino do grande príncipe Vladimir a Rússia tornou-se um país poderoso e próspero. Tinha o objetivo da terminar a cristianização do país. Estudando a fé e os costumes dos estados vizinhos, buscava o caminho de desenvolvimento que correspondesse às aspirações espirituais do povo. O Império Bizantino ortodoxo era o ideal para ele.
A cristianização da Rússia definiu o destino histórico da Rússia. Esta data tornou-se a festa nacional de maior importância para todos os russos independentemente da fé e religião, diz o chefe do Serviço de comunicação no Departamento das relações exteriores da Igreja Ortodoxa Russa Vladimir Zaverchinski.
A cristianização da Rússia é a escolha histórica que definiu o futuro desenvolvimento do país.
O batismo é o nascimento espiritual da pessoa, a autodeterminação de todo o povo. O batismo é a escolha do modelo particular de cultura no desenvolvimento do povo.
O caminho ao festejo do Dia da Cristianizsação da Rússia foi aberto em 1988 quando foram comemorados 1000 anos desde este evento. O estatuto da festa nacional, aceitado neste ano, indica que na consciência da sociedade a Igreja tornou-se o apoio espiritual da Pátria, como era na altura do príncipe santo Vladimir.

Fonte: Voz da Rússia

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Encontrado na Etiópia o que pode ser o mais antigo exemplar da Bíblia ilustrada no mundo

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Etiópia - Um manuscrito encontrado no monastério do Abade Garima, região próxima a Tigray, no norte da Etiópia pode ser o mais antigo  exemplar da Bíblia ilustrada no mundo, segundo especialistas britânicos. Exames de datação  feitos pelo método do carbono 14  permitiram datar o achado entre os anos 330 e 650. Esta Bíblia tinha sido examinada anteriormente por outros estudiosos que, inicialmente,  tinham-na datada do século XI.  Exames mais precisos e mais rigorosos  informam que sua origem é mais antiga . Estudos informam que os textos  de mais de 1.600 anos foram copiados por um monge de Constantinopla  que chegou à Etiópia em 494 dC. Segundo a tradição, ele teria copiado os Evangelhos em poucos dias. Eles foram escritos sobre peles  de cabra em a língua semítica, vigente no sudeste da Etiópia desde o século III e  que desapareceu como língua falada no século XIV, mas sobreviveu como língua literária. As páginas do manuscrito ricamente ilustrada e muito bem preservadas, contém  ilustrações das passagens dos quatro evangelistas, Mateus, Marcos, Lucas e João. Segundo especialistas, os manuscritos estão compilados em dois volumes; mas o segundo está escrito em um estilo diferente do primeiro. Ao contrário de outros códices que foram objeto de restauração, os Evangelhos de Garima - como agora são chamados- foram mantidos secos e protegidos da luz, o que permitiu a preservação e manutenção da intensidade de todas as suas cores. Os evangelhos nunca deixaram o mosteiro e os peritos querem mantê-los lá. As negociações estão em curso com as autoridades etíopes e com autoridades da Igreja Ortodoxa Etíope, a fim de submeter o manuscrito a visitação pública.

Artista usa Google Earth para recriar passagens bíblicas

Um artista australiano resolveu usar computação gráfica e imagens colhidas no Google Earth para recriar algumas das mais famosas passagens bíblicas. James Dive, de 31 anos,quis mostrar como Deus teria visto os grandes acontecimentos bíblicos do céu.
A idéia do designer australiano foi mostrar como Deus teria visto do céu acontecimentos como a crucificação de Jesus Cristo e a travessia do Mar Vermelho. Confira.

sábado, 24 de julho de 2010

Sérvios recebem decisão de Haia com surpresa e decepção


Às cinco da tarde desta quinta-feira (22/7), os sinos das igrejas ortodoxas de Belgrado podiam ser escutados em toda a cidade, anunciando a declaração favorável à independência do Kosovo pela Corte Internacional de Justiça, em Haia. Mas, tirando essa manifestação de lamento, a população nas ruas da capital sérvia parecia ter outras preocupações mais importantes.

Em Belgrado, a decisão de Haia foi recebida com surpresa, mas não chegou a levar as pessoas às ruas. O clima na cidade era de normalidade e muitos não entendiam o porquê dos sinos. "Pensei que o presidente havia morrido. Não sei por que estão tocando o sino de maneira tão insistente", declarou o professor Aleksej
Kisa. "A independência do Kosovo não é um assunto de agora. Muitos políticos falam sobre o assunto há anos", disse Kisa, depois de ser informado da decisão de Haia.

"Eu não me preocupo muito com o que acontece no Kosovo, mas a decisão de hoje pegou todos os sérvios de surpresa. Tiraram um pedaço importante do nosso país e não podemos fazer nada", lamentava a estudante Marijana Jovanović em depoimento ao Opera Mundi. "O Kosovo é o coração da Sérvia. É como se arrancassem uma parte do nosso corpo", desabafou, sem esconder as lágrimas.

Os principais jornais da capital anunciaram a decisão de Haia sem enfatizar as possíveis consequências políticas internas. A aproximação da Sérvia com а União Europeia foi o foco do jornal vespertino Vecernje Novosti, que destacou o não-reconhecimento do Kosovo por países como Brasil e Espanha.

Os fiéis se reuniram para rezar pela situação do Kosovo depois do anúncio de que o tribunal decretara que a declaração unilateral de independência, feita em fevereiro de 2008, não violou as leis internacionais. Sérvios contrários à independência chegavam pouco a pouco às igrejas ortodoxas, como a de São Sava e São Marcos, depois de quase dez minutos de badaladas ininterruptas.


Religião

Já em Kosovska Mitrovica, cidade dividida entre sérvios e albaneses no norte do Kosovo, centenas de pessoas se reuniram para protestar contra a decisão de Haia.

O patriarca Irineu, chefe da Igreja Ortodoxa Sérvia, declarou que os albaneses estão "tomando o lugar sagrado dos sérvios". Ao de pedir que os sérvios permaneçam unidos a despeito do que aconteça, disse acreditar que "as palavras de Deus vão convencer as pessoas do erro que estão cometendo".

Atualmente, 69 países reconhecem a independência do Kosovo, considerado província da Sérvia até 2008. Mas países como China, Índia, Rússia, Espanha e Brasil continuam sem reconhecer a independência do país. Diplomatas no Brasil e na Rússia afirmam que "o Brasil tradicionalmente não reconhece independências
unilaterais", mas a decisão de Haia "fará com que o país pense mais nas relações com países estratégicos".

Fonte: Opera Mundi


sexta-feira, 16 de julho de 2010

Matrimônio gay?


O noticiário sobre uniões homossexuais abençoadas por clérigos, em breve deixará o campo do exótico para assumir lugar comum nos meio de comunicação em nosso país. E isto é algo que os fiéis em Cristo devem encarar com certo grau de naturalidade, bem como sinal de alerta e motivo de caótico júbilo.

Com “naturalidade”, porque o próprio Cristo e depois os apóstolos nos alertaram para estes tempos: falsificações (falsos cristos e falsos profetas), escândalos, mentalidade pervertida (aumento da iniqüidade) e etc (Mateus 24).

Como sinal, porque nos alerta para a necessidade de aumentarmos os nossos esforços pessoais para viver uma vida de santidade (quem for santo, santifique-se mais ainda – Apocalipse 22:11).

Com caótico júbilo, porque estas coisas nos convidam a olhar para os céus e ver que a nossa redenção se aproxima (Lucas 21:28). Cristo nos convida a encarar estes tempos obscuros como uma mulher que sente dores de parto; pois a dor da agonia é suplantada pela felicidade de uma criança vir ao mundo (João 16:21). Assim, a realidade caótica deve servir como preâmbulo do novo dia que se aproxima, porque quanto mais próxima a aurora, mais fria é a madrugada.

Os cristãos latentes ou simpatizantes com o cristianismo, algumas vezes questionam o porquê da condenação da Igreja ao homossexualismo e o repúdio a grupos e entidades que utilizem os sacramentos e símbolos cristãos para legitimar tal prática.

Todo o sacramento (este termo é a tradução latina do grego “misterion”) é em essência um ícone de Cristo, ou seja, possui duas naturezas: a humana e a divina. A sua dimensão visível está na forma (símbolo) que encerra uma realidade invisível, incapaz de ser delineada por qualquer forma ou palavras; realidades que transcendem toda e qualquer racionalização ou paradigma da natural razão.

Bodas em Caná
O matrimônio, por exemplo, não pode ser reduzido ou encerrado aos limites da sexualidade erótica, reprodutiva ou da satisfação psicológica. Estas dimensões se fazem presentes no mistério (sacramento) do matrimônio, mas não o encerra nelas. Segundo o ensino apostólico (Efésios 5:31,32) o matrimônio aponta para a união entre Cristo e a Igreja, para a realização do projeto Divino de deificar a humanidade (João 17). A união homossexual não alcança esta dimensão, uma vez que lhe faltam os elementos indispensáveis para compor a imagem de Deus no homem (o macho e a fêmea – que formam uma pluri-unidade); ou seja, à união homossexual, ou lhe falta o elemento masculino ou o feminino, a bipolaridade necessária, reflexo (imagem, ícone) de Deus (Gênesis 1:26). Sendo, em sua realidade última, a prefiguração da união entre Cristo e a Nova Humanidade (Igreja), o matrimônio é um caminho espiritual que nos leva à união com Deus e não encontra sua plenitude na mera satisfação dos sentidos. Este é o vinho que se acaba e que foi primeiro servido por ser julgado o melhor. No entanto, é o segundo vinho, aquele que foi transformado, que surpreende a todos e confere perenidade à festa, conforme é narrado o milagre em Caná da Galiléia, o primeiro sinal messiânico de Cristo entre os homens (João 2:1-11). Não é por acaso que a Igreja Ortodoxa lê obrigatoriamente este texto no Rito do Noivado e Matrimônio. É, portanto, muito significativo que Cristo tenha iniciado seus sinais messiânicos exatamente em uma festa de casamento, ícone verdadeiro da salvação Divina.

A filosofia gay despreza esta dimensão sacramental porque ela é fruto da mentalidade secular e materialista que se estabeleceu na sociedade ocidental, que tem como uma de suas principais características o reducionismo do sagrado. Nesta mentalidade a religião deve se limitar ao campo do privado e os conceitos que dela emergem, subordinados aos das ciências humanas. Por isto freqüentemente a religião é confundida com cultura e todos os seus componentes - como, por exemplo, seus ritos e dimensões simbólicas - tratados como folclore e suas compreensões não-científicas como mito. Daí que tudo que provém do universo religioso deve ser tratado como relativo e circunstancial.

A segunda razão pela qual a Igreja desaprova o homossexualismo está na herança recebida dos nossos pais, ou seja, a Tradição Sagrada. Tanto na pedagogia da Primeira Aliança (Velho Testamento), como na da Nova e Eterna Aliança (Novo Testamento) existe reprovação à prática homossexual. Segundo o ensino apostólico esta prática constitui um dos elementos que apodrece o tecido da atual sociedade e que ficará de fora do mundo vindouro (a nova ordem cósmica a ser estabelecida por Deus ou Nova Criação). Na antropologia apostólica, esta prática é fruto de uma degeneração do conhecimento de Deus (Romanos1:18-31), não sendo compatível ao novo homem que é criado segundo Deus (Efésios 4:24). Mas, na compreensão “gay”, toda esta pedagogia não pode ser evocada porque ela faz parte de uma mentalidade pré-científica (e aqui vem o reducionismo do Divino às limitações humanas do qual falamos antes). É certo que alguns “exegetas” pro-homossexualismo, procuram abordar estas tradições com falácias hermenêuticas, de maneira que todo texto que deslegitima a homossexualidade, num passe de mágica, passa a não dizer o que a razão primeira compreende que eles estão dizendo. Estes, conforme nos diz São Pedro, distorcem as Escrituras para suas próprias perdições.

Nenhum dado “científico” aponta para uma dimensão gay do ser humano, quer seja na anatomia, na fisiologia e na genética humana: nada nos leva à esta direção. O resto são digressões científicas, estribadas em hipóteses. As tendências homossexuais estão encerradas no campo psicológico, numa configuração da alma que a ciência humana não conseguiu precisar clara e seguramente: nem no que se refere à sua gênesis e nem quanto às suas estruturas subjetivas.

Na perspectiva da Teologia, a homossexualidade está situada na dimensão passional da alma que sofre influências de elementos diabólicos [a tradição cristã chama de diabolos literalmente, aquele ou aquilo que divide (dia) o homem em si mesmo, que o dilacera; essa é, igualmente, a etimologia da palavra hebraica shatan, “o obstáculo”, o que se opõe à unidade do homem, à união com os outros, à união com Deus]. Trata-se sempre de discernir no homem o que cria obstáculo à realização de seu verdadeiro ser, o que impede o desabrochamento da vida do Espírito (Pneuma) em seu ser, seu pensamento e seu agir [Jean-Yves Leloup, Os verdadeiros Filósofos]. No caso da homossexualidade, o elemento diabólico o impede de desfrutar da interação com o seu outro-oposto, frustrando sua vocação para a plena identidade com Deus (imagem e semelhança).

amaglebaPortanto, a Igreja considera a prática homossexual como pecado (aquilo que nos faz desviar do alvo), o que lha impede de abençoar as uniões gays com o sacramento do Matrimônio. No entanto, devemos estar vigilantes para que a reprovação de tais práticas não gere um estigma contra as pessoas que se sentem, a partir de pulsões interiores, estimuladas a vivenciá-las. O pecado é uma deformidade da alma - que tem muitas nuanças e características diversas – e que se faz presente em toda a humanidade. Ninguém é mais pecador do que o outro por sentir impulsos homossexuais. A cada um de nós se impõe o dever de resistir ao pecado em sua multiforme manifestação (Gênesis 4:7). E nisto consiste a essência do Cristianismo: o Amor que socorre e transforma. Deus, em Cristo, vem em socorro do homem, não para despir de maldade as forças que subjugam nosso ser, contemporizando com as tais, mas para triunfar sobre elas e nos resgatar da tirania destes poderes. E para isto nos deixou, por meio do Seu Espírito, uma série de recursos eficazes que nos auxiliam neste combate (2 Coríntios 10:3-5). O amor de Deus convida a todos – sem descriminações – a participar desta Graça a provar da Fonte Vivificante. Assim como uma semente só gera a vida se primeiro morrer, também o é conosco. Só quando assumimos voluntariamente a morte para o pecado poderemos experimentar a vida que vem de Deus. É isto que o Cristianismo chama de nascer do alto, ou, novo nascimento.

Contudo, é pertinente dizer, que a homossexualidade em si, não pode ser classificada como imoralidade. A promiscuidade, sim, e esta pode ser de natureza homo ou heterossexual. A questão da homossexualidade não é de natureza moral, assim como o pecado também não o é. A imoralidade é um dos frutos do pecado. A raiz da homossexualidade está na estrutura do ser, portanto é de natureza ontológica e é uma das conseqüências do pecado.

Em sua natureza terapêutica a Igreja se posta ao lado dos homens, não para lhes legitimar as paixões, mas, sim, para ajudá-los a transfigurá-las. No caso do homossexual a ação catequética buscará ajudá-lo(a) a compreender que as compulsões que lhes direcionam a prática homossexual são de natureza coercitiva, sim, mas não determinante. Instrui-los-á sobre como em Deus se buscar o auxílio e as forças necessárias para o redirecionamento do desejo. Que Deus nos fez seres relacionais numa fragmentação bipolar para que encontrássemos a nossa unidade no outro (heteros- termo grego que designa um objeto de natureza diferente). "Assim, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher. E serão os dois uma só carne" (Gênesis 2:24). A transfiguração das paixões é na maioria das vezes um processo lento e as virtudes da paciência e da perseverança são indispensáveis neste processo.

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Madre Maria
A Madre Maria (Skobtzoff), uma monja ortodoxa que vivia na França no período da 2ª Guerra e foi martirizada por proteger judeus da perseguição nazista, em seu estudo sobre o Segundo Mandamento do Evangelho (amar ao próximo como a si mesmo), esboça as grandes linhas de uma ascese de encontro e de amor. Diz a santa monja:

“É necessário evitar projetar o próprio psiquismo sobre os demais. É necessário compreender o outro em um extremo despojamento de si, até descobrir nele a imagem de Deus. Então se descobre de que modo essa imagem pode estar apagada, deformada pelos poderes do mau". (A Oração do Coração, Olivier Clèment).

Vê-se o coração do homem como o lugar onde o bem e o mau, Deus e o diabo, travam uma luta incessante. E se deve intervir nesse combate, não pela força exterior, que não poderia chegar mais que a este "pesadelo do mau- bem", do bem imposto, denunciado por Berdiaev, senão pela oração:

"Pode-se intervir, se se coloca toda confiança em Deus, se se despoja de todo o desejo interessado, se, tal como Davi, se joga fora suas armas e entra no combate sem outra arma que não seja o Nome do Senhor. Então o Nome, chegando a ser Presença, inspira-nos as palavras, o silêncio, os gestos indispensáveis” (Ibid).

O mundo contemporâneo sofre de grande confusão mental. São muitas vozes falando coisas diferentes. A tendência da mente, diante do que é confuso, é relativizar os elementos e classificá-los como a verdade de cada um. No Éden, a primeira estratégia do Diabo foi a confusão dos conceitos e apelar para os impulsos do desejo (Gênesis 3:1-6). A Igreja deve ser paciente com os que são cativos por esta confusão e canalizar todas as suas forças espirituais em favor da salvação de todos, com amor e verdade que são em Deus, realidades convergentes:

“A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram” [Salmo 84:10 (85:10)].

Por isto a Igreja rechaça com veemência as vozes "teologais" que se levantam em apologia à prática homossexual porque vê nelas a fala de Satã (o opositor), que busca impedir o encontro da humanidade com Aquele que é a Fonte de todo bem, da nossa unidade e plenitude. Rejeita-se àqueles que adulteram o ensino Divino (2 Coríntios 4:1,2), os quais usando de artifícios retóricos e dissimulações, procuram desviar os indoutos da verdade, prometendo-lhes libertação quando eles mesmos são escravos de suas paixões (2 Pedro 2:-19). Tendo aparência de piedade, mas negando-lhe a eficácia (2 Timóteo 3:5). Despossuídos de todo senso (2 Timóteo 3:13), falam de forma soberba procurando impressionar julgando-se possuidores de ciência (Judas 16). Muitos destes saíram do meio de nós e criaram para si grupos que indevidamente chamam de igrejas. Usam de adjetivações pejorativas (homofóbicos, preconceituosos, discriminatórios e etc) visando desqualificar os que ensinam a verdade.

Mas, o Supremo Juiz virá repentinamente e as obras de cada um serão reveladas.

Seja sobre nós a Graça do nosso Deus.

Pe. Mateus (Antonio Eça)

terça-feira, 13 de julho de 2010

A Virgindade Perpétua da Mãe de Deus - Diálogo com um Adventista - Parte II


Santíssima Theotokos
Em sua abordagem ao meu comentário (“Comentando o Comentário”) o Sr. Clacir procura esclarecer as bases de seu raciocínio. E é exatamente aí onde se encontra o ruído de comunicação. Por isto, antes de aprofundar os argumentos sobre a virgindade perpétua da Toda Santa Mãe de Deus, necessário se faz uma análise das nossas bases de abordagem.
AS BASES DA ABORDAGEM DO SR. CLACIR
Uma primeira questão a ser revista é o conceito de tradição. No mundo Protestante se faz uma dicotomia entre Santa Tradição e Sagradas Escrituras. Neste conceito, em geral, a Tradição não passa de “coisa dos homens”, e por isto passível de erros. As Escrituras, ao contrário, são infalíveis, porque são inspiradas pelo Espírito Santo; e via de regra, segundo esta concepção, a Tradição se encontra em oposição às Santas Escrituras. Este tipo de raciocínio é desenvolvido porque comumente se ignora o que vem a ser a Santa Tradição, identificando-a como apenas uma elucubração pautada em digressões de uma mentalidade mítica, ou como lendas habilmente engendradas por um clero inescrupuloso, ávido por manter o povo na ignorância a fim de perpetuar o seu poder (do clero) sobre as massas. Logo mais farei uma consideração sobre isto.
Como veículo “libertação” desta realidade “obscurantista” surge um conceito confuso e contraditório como o é a “Sola Scriptura”.
Confuso, porque em geral se confunde uma compreensão pessoal com aquilo que a Bíblia diz, e contraditório porque cada Denominação Protestante interpreta a Bíblia pela hermenêutica de uma confissão de fé, ou seja, uma tradição particular. E é por este entendimento (tradição hermenêutica) que cada uma pauta suas compreensões dos temas teológicos.
Como fruto dessa confusão e contradição conceitual, o movimento que procurava restaurar a fé primitiva no Ocidente, tendo a Bíblia como a bússola, se vê fragmentado desde o céu nascedouro com os seus líderes discordando entre si em questões como lista do Cânon Sagrado, natureza dos sacramentos, forma de governo, liturgia e etc.; sendo esta fragmentação aprofundada na medida em que a história avançava. Hoje são mais de 80.000 denominações protestantes, todas elas afirmando ser sua teologia a legítima expressão do que a Bíblia diz.
Isto é muito estranho, porque o Espírito que inspirou as Santas Escrituras (conferindo uma harmonia entre tantos textos e autores diversos e distantes um dos outros às vezes em séculos) não consegue produzir uma interpretação igualmente harmoniosa, ou seja: Ele inspira a redação, mas não consegue inspirar a compreensão destes textos, contradizendo o que se revela no ensino apostólico, segundo a Bíblia: (Mt. 13:11; 1 Tm 3:15, Ef. 4:4-6). Nesta experiência, a “Sola Scriptura” se apresenta muito mais como uma nova Babel do que um outro Pentecostes. Parafraseando Tiago, de uma mesma fonte não pode jorrar tipos diferente de água (Tg 3:11,12).
Alguns, tentando encobrir este triste realidade, procuram classificar tal fragmentação na dimensão da diversidade natural da Igreja.
A diversidade da qual falam as Escrituras não pode ser confundida com fragmentação. Os Textos Sagrados modelam a diversidade denominando a Igreja de Corpo de Cristo; portanto, se utilizando da representação iconográfica do corpo humano, o qual consiste de uma diversidade de membros formando uma unidade orgânica na qual todos os membros subsistem nesta unidade e em função dela, e não como unidades isoladas e auto-existentes por si mesmas. Não podemos confundir uma colcha de retalhos com um tecido único que foi tingido por cores diversas.
Coexistindo com esta fragmentação externa existem, numa mesma denominação, fragmentações internas. Isto porque a maioria dos pastores e líderes de cada Denominação - além da Confissão de Fé das Denominações as quais pertencem, têm, individualmente, a sua maneira particular de enxergar determinado ensino bíblico. Quando esta consciência individual se conflita com a da Denominação, então, gera-se um cisma, e surge mais uma Denominação que crer na infalível Palavra de Deus, rasgando mais ainda o retalho da colcha. Portanto, as Denominações, além de cada uma já ser, em si mesma, um fragmento da Reforma em nome da “Sola Scriptura”, torna-se internamente fragmentária, em nome da “Sola Scriptura”. E assim, cada qual acusa a outra de “heresia” ou melhor falando, de ser “anti-bíblica”.
Tomemos, por exemplo, a própria Igreja Adventista no cenário das Igrejas da Reforma: Os Adventistas têm o mesmo princípio de todos os outros grupos Protestantes (o da “Sola Scriptura”), e além das cisões internas, fruto das divergências hermenêuticas, o Adventismo sofre a rejeição das denominações mais antigas, que o acusam de distorção das Escrituras por ensinar a guarda do Sábado. Por outro lado, os Adventistas acusam as outras denominações de desobediência e desonra do que a Bíblia ensina. Mas todos se julgam fiéis a Bíblia.
Isto acontece porque no mundo Protestante se confunde “o que eu interpreto que a Bíblia diz” com o que está registrado no Texto Sagrado. E é com esta confusão conceitual que o Sr. Clacir argumenta. Se não, vejamos:
SOBRE O QUE “A BÍBLIA DIZ”:
O artigo do Sr. Clacir, pautado em inferências bíblicas construídas a partir do texto de Mateus 1:25 afirma que a virgindade da Santa Mãe de Deus encerrou-se com o nascimento do seu Filho, sustentando categoricamente que este é o ensino da Bíblia. O desconcertante para esta suposição, é que os pais da Reforma e da “Sola Scriptura” (Lutero, Calvino e Zuwinglio), analisando o mesmo texto chegam a uma compreensão diferente da dele, tendo a Tradição como certíssima em seu ensino.
Eis o comentário de Calvino (o mais radical dos Reformadores) sobre este texto de Mateus 1:25

João Calvino
“And knew her not. This passage afforded the pretext for great disturbances, which were introduced into the Church, at a former period, by Helvidius. The inference he drew from it was, that Mary remained a virgin no longer than till her first birth, and that afterwards she had other children by her husband. Jerome, on the other hand, earnestly and copiously defended Mary’s perpetual virginity. Let us rest satisfied with this, that no just and well-grounded inference can be drawn from these words of the Evangelist, as to what took place after the birth of Christ. He is called first-born; but it is for the sole purpose of informing us that he was born of a virgin. It is said that Joseph knew her not till she had brought forth her first-born son: but this is limited to that very time. What took place afterwards, the historian does not inform us. Such is well known to have been the practice of the inspired writers. Certainly, no man will ever raise a question on this subject, except from curiosity; and no man will obstinately keep up the argument, except from an extreme fondness for disputation” (Harmony of Gospel, Part I).
Assim, o grande sistematizador da Reforma, não só reafirma a crença na virgindade perpétua de Maria, como classifica de perturbadores da Igreja os que querem inferir, desta passagem, que Maria teve outros filhos com José. Calvino entende que a Tradição tem copiosos argumentos para se crer na virgindade perpétua de Maria e, que esta expressão “e não a conheceu até (kai. ouvk evgi,nwsken auvth.n e[wj)” utilizada por São Mateus, nada mais objetiva senão afirmar o nascimento virginal de Cristo, não podendo ser utilizada para se especular o que aconteceu depois, classificando estas especulações como nocivas, posto que são movidas pelo espírito de contenda. Calvino admite que esta é uma crença consensual na igreja e que deve ser preservada.
Veja a que situação nos leva a “Sola Scriptura”: usando o mesmo instrumento, a Bíblia, Calvino afirma o que o Sr. Clacir nega. E até desqualifica a posição por ele assumida.
Quem está com a razão?
O que realmente a Bíblia diz?
Como podemos saber que a interpretação do Sr. Clacir é o que a Bíblia realmente diz e a dos Reformadores, não?
Portanto, melhor seria o Sr. Clacir dizer que sua crença está pautada numa compreensão particular das Escrituras do que classificá-la como sendo aquilo que a Bíblia diz, dando caráter autoritativo ao seu posicionamento.
Embora, ainda não seja o momento para entrar no mérito dos textos bíblicos, quero tecer uma pequena apreciação da expressão contida em Mateus: 1:25.
É fato que “atétem o sentido primeiro de delimitação de tempo. Porém, usando uma regra protestante básica de hermenêutica (a de comparar Escritura com Escritura), vemos que ela também pode ser usada como ênfase a uma realidade que se queira destacar, mas não necessariamente delimitá-la temporalmente. Este é o caso de Mat. 28:28, “e eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século . Com o emprego do termo “até, o Evangelista mostra querer enfatizar que a ausência física de Cristo não implica em uma ausência de fato, real. Se aplicarmos o raciocínio do Sr. Clacir para interpretar Mat. 1:25, então chegaremos à conclusão de que depois da consumação dos séculos, Cristo não estará mais conosco. Isto seria um absurdo. Portanto, Mateus, tanto no início como no fim do seu Evangelho, usa o termo “até (e[wj)” para dar ênfase a uma realidade, e não para delimitá-la[1]. Ele queria dar ênfase ao fato de que em Maria cumpria-se a profecia da Virgem Parturiente de Isaías 7:14. E esta é a interpretação da Tradição, com a qual todos os Pais da Reforma (os mesmos que criaram a “Sola Scriptura”), concordam.
SOBRE A SANTA TRADIÇÃO E AS SAGRADAS ESCRITURAS
A palavra "Tradição" (do grego "paradossei") aparece diversas vezes nos Textos Sagrados que compõem o Novo Testamento, e literalmente aponta para um conjunto de ensinamentos que são preservados por um grupo e transmitidos sucessivamente de geração em geração. Estes tesouros devem ser guardados por fiéis depositários (do grego "paratheken", aquilo que é confiado aos cuidados de alguém). O escriba que é versado no reino dos Céus (teólogo) deste tesouro “tira coisas novas e velhas” (Mt. 13: 52).
Ao citar o texto de Mat. 15: 26 como condenatório da Tradição, se faz violência ao ensino bíblico sobre o tema, pois, conforme o ensino de Jesus, devemos distinguir entre tradições e tradições (as coisas velhas e as novas); expressão esta que no Evangelho de Mateus se refere a uma distinção entre as tradições antigas:“ouviste o que foi dito aos antigos” (as coisas velhas) e aos novos ensinamentos de Cristo, “eu, porém, vos digo... (coisas novas). Assim, é que Paulo nos ensina a guardar as tradições que vem de Cristo por meio dos Apóstolos:
“Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa” (2 Tess. 2:15).
Ou seja, a Igreja deve preservar tanto as tradições orais quanto as escritas, as quais, juntas, formam a Santa Tradição. E, falando a Timóteo, diz:
“E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros... Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra” (2 Tm. 2:2; 3:16,17).
Timóteo deve zelar e transmitir as tradições orais, cuidando para que elas se perpetuem, ao mesmo tempo em que se alimenta das Santas Escrituras.
Quando Cristo enviou seus Apóstolos ao mundo não lhes ordenou que eles escrevessem uma Bíblia, mas, sim, que transmitissem (tradição) a todos os povos os seus ensinamentos (Mt 28: 19). A compilação deste Tesouro em um documento textual (Bíblia) é uma ferramenta eficaz na transmissão (tradição) desses ensinamentos. A Igreja Ortodoxa não vê distinção entre Tradição (Depósito da Fé) e Escritura. Tudo é Tradição. As Santas Escrituras constituem as peças mais valiosas do grande tesouro deixado por Cristo para a Sua Igreja (Depósito da Fé). Quando o alguém afirma que a Bíblia é maior do que a Igreja, assim o faz porque possui um conceito limitado ou equivocado sobre o que vem ser a Igreja. Esta concepção tem em sua base a idéia de que a Igreja sofreu uma espécie de descontinuidade histórica, estando hoje, e desde cedo, apartada dos Apóstolos e da Igreja Primitiva. Isto sim, contraria frontalmente todo o ensino das Santas Escrituras. A Igreja, em comunhão e guiada pelo Espírito da Verdade (João 16:13,14) não somente gerou a Bíblia, como também, pelo mesmo Espírito a preservou de erros em sua transmissão (Tradição) e por meio do mesmo Espírito em comunhão com Ele, interpreta corretamente a vontade de Deus (Santa Tradição):
“Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras e transtornaram a vossa alma (não lhes tendo nós dado mandamento), pareceu-nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns varões e enviá-los com os nossos amados Barnabé e Paulo, homens que já expuseram a vida pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais de boca vos anunciarão também o mesmo. Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias...”. Atos 15:24-28
Vemos neste texto a Igreja definindo matéria de prática da fé por meio de um Concílio, e vendo em seu consenso a manifestação da vontade do Espírito Santo. E esta prática, iniciada pelos Apóstolos se perpetuou na História (Concílios Ecumênicos ou Locais) para dirimir questões de fé e prática (cânones). E, entre estes cânones consta a definição dos livros que são sagrados (Bíblia).
Antes de se tornar um livro (tradição documental), o testemunho da Revelação é transmitido oralmente (tradição oral). A Bíblia é, portanto, fruto do labor da Igreja, do seu consenso, guiada pelo Espírito Santo.
O Cânon não tem a mesma história das Tábuas da Lei. Ele não desceu dos céus, escrito pelo dedo de Deus. Nem tampouco é auto-existente, como o É o Verbo de Deus. A Igreja, por meio dos seus concílios, definiu que livros eram e os que não eram sagrados, usando a tradição apostólica preservada pelos bispos como critério de aferição (cânon). O Sr. Clacir até lançou mão de um deles para julgar os apócrifos: o critério da apostolicidade. Pois, bem, este critério não está na Bíblia, mas foi estabelecido pela Igreja. Outro critério usado para avaliar um livro, era a ortodoxia do seu conteúdo, ou seja, se estava consoante ou não com a Tradição ensinada e preservada pelos Bispos. Portanto, para definir o Cânon, a Igreja julgou as Escrituras (o termo “cânon” significa “vara de medir”). As Escrituras que temos, hoje são tidas por Sagradas porque a Igreja disse que Elas são sagradas.
Ou seja, foi a Tradição que gerou a Bíblia. Ora, se os Concílios não foram guiados pelo Espírito Santo, então, o cânon que nós temos tem uma boa probabilidade de conter erros e equívocos, o que faria cair por terra a tese da “Sola Scriptura”.
No Oriente, embora não tenhamos esta tradição de “Sola Scriptura” pelas razões já alegadas, não temos divisões doutrinárias e não temos muitas formas de interpretação. Isto só é possível porque preservamos a Santa Tradição. Se o Espírito Santo inspirou uma redação harmoniosa dos Textos Sagrados, também sua interpretação deve ser harmoniosa, se esta provém do mesmo Espírito, pois:
“Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” (Ef. 4:4-6).

Septuaginta - Velho Testamento

Os Quatro Evangelhos
Portanto, se a peça mais preciosa do Depósito da Fé (As Santas Escrituras) são o testemunho fiel da Revelação, da mesma forma, a Santa Tradição, constitui-se na Fiel interpretação (vivência) dos Mistérios do Reino dos Céus (Mt. 13:11), posto que provém de um só e mesmo Espírito. Assim, a Bíblia é, em suma, a natureza documental da Tradição e, os atos (vivência) da Igreja no Espírito Santo, a natureza experimental da Tradição; mas, ambas as naturezas, provém de um só e mesmo Espírito. Tentar dissociar as Sagradas Escrituras da Santa Tradição, é a mesma coisa que tentar separar as naturezas humana e divina de Cristo (A Verdadeira Palavra de Deus e Fiel Testemunha), posto que elas (as Sagradas Escrituras) nada mais são do que o reflexo (ícone) do Verbo Eterno de Deus, do qual, a Igreja, coluna e baluarte da verdade (1 Tm. 3:15) é corpo indivisível.
A Igreja é maior testemunha da revelação do que a Bíblia; e embora nesta se encerre tudo o que o homem precisa saber para ser perfeito diante de Deus (2 Tm 3:16,17), foi à Igreja (e não na Bíblia) que se revelou a plenitude dos atos de Cristo. E disto testifica o Apóstolo João, o Teólogo, dizendo:
Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amém. (João 21:25). Ou seja, a Igreja testemunhou muito mais coisas do que está escrito. E podemos dizer que esta experiência se perdeu? Claro que não. Elas serviram para interpretar tudo que foi dito na Lei, nos Profetas e nos Salmos e, assim, formar o texto do Novo Testamento.
  1. 1. A Tradição e A Preservação das Santas Escrituras
Eu tenho a absoluta certeza de que se o povo protestante conhecesse a história das muitas edições da Bíblia que são publicadas e aceitas por suas Igrejas, entrariam em crise de fé, porque os dados relativos às suas compilações os levariam a duvidar substancialmente da inspiração da Bíblia. Que dados são estes?

  1. Que nenhuma Bíblia, seja Ortodoxa, Romana ou Protestante, é traduzida dos originais gregos e hebraicos porque estes, simplesmente, não existem. Todas as versões da Bíblia são cópias de cópias que distam séculos dos textos originais. O texto grego mais antigo data do séc. IV e o texto hebraico mais antigo - o texto massoreta - adotado tanto por Protestantes como por Católico-Romanos, data do fim do século IX;
  2. Que além dos textos não serem originais, apresentam enormes divergências entre si. Por isto as muitas edições (corrigidas, revistas, atualizadas, revisadas, etc), pois a cada achado arqueológico de textos, se vêem praticamente na obrigação de avaliar o texto. Por exemplo, o texto que lhe serve de base (Mt. 1:25) em alguns manuscritos “originais” não traz a palavra primogênito. Se esta fonte for uma cópia fiel dos originais, parte das bases daqueles que dele se utilizam para dizer que Maria gerou outros filhos cai por terra.
  3. Que as edições Protestantes não são feitas a partir de um mesmo códice (família de textos).Quando uma editora decide publicar uma versão da Bíblia, ela também tem que definir o códice em que baseará sua edição. A maioria das Bíblias protestantes em português se baseia no “Aparato Crítico” produzido no fim do século XIX por dois eruditos britânicos, Brooke Foss Westcott e Fenton John Anthony Hort; aparato que ficou mais conhecido como Westcott-Hort, os quais abandonaram o texto bizantino e fizeram uma edição crítica baseada nos Códices Ocidentais e nos “últimos” achados arqueológicos (da época) que apontavam para textos supostamente mais antigos do que o bizantino. Esta mudança sofreu forte oposição de grupos fundamentalistas e, recentemente, os eruditos protestantes têm criticado o trabalho de Westcott-Hort por desconsiderar as inumeráveis contradições internas deste aparato, e têm defendido a volta ao texto bizantino, o qual, embora tenha redação posterior aos textos adotados por Westcott-Hort, no entanto evidenciam uma tradição bem mais antiga do que a redação deles e da dos textos de Westcott-Hort, além de uma quase perfeita harmonia interna. Assim, os editores da Bíblia King James, logo se apressam a publicar uma Nova Edição (a New King James Version), adotando novamente o texto bizantino.
  4. Que existem muitas dificuldades para se traduzir com precisão vários textos, ficando o sentido destes comprometido com a posição doutrinária dos editores. Temos como exemplo o célebre (entre os protestantes) “Mulher, que tenho eu contigo” de João 1:4. Literalmente, o texto grego diz: “mulher, o que a mim e a ti?” Então, retornando, assim, a Nova Versão Internacional da Bíblia (NVI) em sua edição inglesa, revisando a citada passagem, diz:
“Cara Senhora, por que você me envolve neste assunto?”
E a versão espanhola da mesma Bíblia, diz:
“Mulher, o que tem isto a ver comigo?”
Já a versão em português, assim traduz:
“Mulher, o que temos nós em comum?”
Em uma conferência promocional desta Bíblia realizada aqui em Recife, perguntei ao Dr. Luiz Sayão, um dos seus editores e palestrante do dia, o porquê desta diferença entre a versão portuguesa e a dos outros idiomas. Ele respondeu que como o texto tinha sentido incerto, eles (os editores) optaram por uma tradução coerente com as suas posições doutrinárias. Isto quer dizer que quando um leigo ler as Santas Escrituras, não imagina que além de não estar lendo uma tradução dos originais, também não pode ter certeza de que o texto reflita fielmente o que diz as cópias nas quais se baseou a edição que ele possui; ele simplesmente pode estar lendo uma adulteração do texto original, como também tomando a compreensão do seu tradutor como a expressão fiel do que a Bíblia diz. Percebemos que na base desta compreensão inocente, está uma plena confiança nos editores da Bíblia. O que no fundo é uma crença na autoridade eclesiástica para definir o texto e o seu sentido.
Diante destes dados, podemos de sã consciência, dizer que a nossa compreensão dos Textos Sagrados é o que a Bíblia diz, sem a mediação da Igreja?
Por isto, uma parte crescente dos hodiernos eruditos protestantes, vem defendendo a tese de que só os textos originais é que são inspirados, pois eles se aperceberam que defender a inspiração dos textos que se possuem, implica, necessariamente, reconhecer a Tradição como também inspirada, contrariando toda tese Protestante. Mas, eles têm sofrido oposição, pois, admitir a inspiração somente dos originais é, também, admitir a fabilidade das Bíblias que se possuem. Veja a que beco sem saída nos leva a “Sola Scriptura”.
O Evangelho de Tiago
A critica de certos eruditos ao Evangelho de Tiago não é justa e nem coerente; porque se aplicadas aos Evangelhos Canônicos a mesma medida, nem um deles subsiste. Por quê?
  1. Cientificamente não podemos identificar a autoria de nenhum deles. Foi a Tradição que atribuiu autoria de Mateus, Marcos, Lucas e João aos quatro Evangelhos Canônicos;
  2. A Crítica reconhece que cada um dos Quatro Evangelhos teve redações complementares ou adicionais aos textos originais e que refletiam disputas doutrinárias nas comunidades aos quais eles foram originalmente destinados (kümmel, Joaquim Jeremias, Culmman, C.H. Dodd e etc). Portanto, a redação final de cada um deles não pertence aos autores originais. No caso do Evangelho de Mateus, por exemplo, alguns estudiosos afirmam que a data da sua redação final se deu por volta do final do segundo século, ou seja, em data posterior ao do Evangelho de Tiago.
Este processo de uma redação posterior ou complementar de uma tradição antiga é característica de quase todos os livros do Cânon da Bíblia. O Maior exemplo disto é o Livro de Jó (que a crítica acredita ser uma redação pós-exílica de uma tradição que remonta aos tempos abraãmicos. Assim, a história de Jó é uma tradição que vinha sendo transmitida oralmente por cerca de 2.000 anos (?), a qual, somente no período pós-exílico recebe de um redator anônimo uma forma textual.
Muitas tradições em torno da vida e dos ensinamentos de Cristo foram preservadas oralmente, as quais, logo cedo se transformaram em texto. Disto dá testemunho São Lucas no prólogo de seu Evangelho. Lucas (que não foi testemunha ocular dos ditos e feitos de Jesus), relata a existência de outras redações anterior à dele, baseada na tradição (transmissão das testemunhas oculares); redações esta que também ele utilizou como fonte (Lucas 1:1-3).

Tiago, o Irmão do Senhor
Maria e Tiago, o irmão do Senhor e primeiro Bispo de Jerusalém, certamente foram muitas vezes entrevistados por líderes da Igreja e fiéis que não conheceram a Jesus fisicamente, acerca de sua infância e vida familiar etc. Todos, provavelmente, queriam saber tudo sobre Ele. Os autores destas fontes anônimas que Lucas cita dispensariam consultar a Mãe e o Irmão do Senhor? Portanto, se Tiago não é o redator final do Evangelho que leva o seu nome (assim como os autores dos Canônicos), certamente ele está na base destas tradições que depois seriam preservadas de forma textual (assim como, segundo a crítica, se deu com os Evangelhos Canônicos e quase todos os outros Textos Sagrados). Portanto, uma possível redação posterior não seria empecilho para que constasse entre os Canônicos, se isto pesasse, nenhum dos Evangelhos que temos por Canônicos poderiam ser considerados (também seus autores são textualmente anônimos. Ele, o Evangelho de Tiago, de fato, não se tornou canônico por omitir os ensinos e os eventos pascais, base do kerigma primitivo. E isto é testemunhado pela Igreja de Jerusalém, a qual existe até os dias de hoje. Esta Igreja está sob o Patriarcado de Jerusalém. O Livro de Tiago goza de grande autoridade (embora não seja canônico), não só na Igreja de Jerusalém, como de Antioquia e Alexandria. Convém lembrar que a tradição que atribui a Mateus e Marcos autoria dos Evangelhos que levam seu nome procede destas Igrejas, e são elas mesmas que testificam sobre o Livro de Tiago.
Conclusão
Quanto a Uma Base Bíblica
Um parecer histórico de cunho teológico que busque se estribar no que “a Bíblia diz” desconsiderando a mediação da Tradição, se apóia em bases muito frágeis, pois todos os dados da história da formação do Cânon Sagrado e de sua manuscritologia nos revelam ser esta uma pretensão baseada numa ilação falaciosa. Pois:
  1. A Bíblia que hoje temos não veio dos céus, como as Tábuas da Lei que foram dadas a Moisés ou Cristo que desceu dos Céus, mas é fruto de um longo processo histórico;
  2. Este processo não foi e não é consensual, pois cada Igreja possui cânon próprio que se mostra divergente em relação ao Velho Testamento, mas convergente em relação ao Novo Testamento.
  3. Esta convergência em relação ao Novo Testamento é fruto de uma decisão de Concílios, os quais, mediante a Tradição, arbitraram os diversos manuscritos que eram tidos como sagrados ou se apresentavam como sendo escritos por um apóstolo ou algum dos seus discípulos. A uns aprovou e a outros rejeitou, e mais uma vez a Tradição se apresenta como mediadora do texto bíblico;
  4. Os textos que possuímos não são os originais, mas cópias das cópias, que foram preservadas (tradição) de formas distintas e contendo discrepâncias entre si;
  5. Para solucionar estas discrepâncias se faz necessário o arbítrio humano, o qual é mediado por uma crença teológica (tradição);
  6. Para que o produto final deste labor (a Bíblia como hoje a temos) mereça credibilidade, é necessário acreditar que não somente os autores originais foram inspirados, mas também os seus copistas, os críticos que determinam quais textos refletem o original e os tradutores para poder determinar o sentido exato de termos e expressões obscuras; ou seja, é preciso crer na inspiração da Igreja.
Por tudo isto, estabelecer uma tensão entre a Santa Tradição e as Escrituras Sagradas e uma escala de valores que as distingam é provocar um falso conflito e uma valoração improcedente, fruto de uma compreensão reducionista da natureza ontológica da Igreja.
O Oriente Cristão não concebe esta tensão e a escala de valores que graça nos meios Protestantes. Para a Igreja Ortodoxa a Santa Tradição e as Sagradas Escrituras estão tão unidas entre si como a alma e o corpo, formando as duas (Tradição e Bíblia) uma unidade composta e indivisível, assim como marido e mulher, como a natureza humana e divina em Cristo. Todas elas têm como fonte a Igreja, Corpo de Cristo, a Ele unida indivisivelmente, Templo e Habitação do Espírito que a guia em toda a verdade.
Toda esta tensão e confusão teológica é fruto da “Sola Scriptura”, que não é outra coisa senão uma compreensão fragmentária (individual) da letra dos Textos Sagrados, não alcançando o espírito que os anima, posto que a este só se tenha acesso pelo Espírito que está em todos (a Igreja), age por meio de todos (o consenso da Igreja) e é sobre todos (Guia a Igreja na verdade).
Quanto Aos Irmãos de Jesus
Uma tradição (ensino) proveniente de Tiago, o Irmão do Senhor e primeiro Bispo de Jerusalém, que mais tarde tomou forma redacional em um documento conhecido como o Proto-Evangelho de Tiago, considerado como o primeiro relato evangélico, revela que José, o pai de Jesus, ao desposar Maria, era um ancião viúvo que tinha filhos do primeiro casamento, sendo um deles, Tiago. Portanto, os irmãos de Jesus mencionados nos Evangelhos Canônicos, eram na verdade, irmãos por parte de pai, não sendo eles filhos da Virgem.
Esta tradição preservada pelo Patriarcado de Jerusalém, sucessor histórico da cátedra de São Tiago, o Irmão do Senhor, e pelas Igrejas irmãs de Antioquia e Alexandria, corroboram com a teologúmena (opinião teológica, diferente de dogma), profundamente arraigada na alma da Igreja Ortodoxa como da Igreja Latina (Católica Romana), de que a Mãe do Senhor permaneceu Virgem, não tendo relações maritais com José, seu esposo, mesmo depois de dar à luz o Filho de Deus. As bases teológicas desta teologúmena, pelo fato de abordar um mistério incomum (uma virgem que concebe sem esperma humano), busca apoiar suas percepções na razão incomum e não na razão comum; por isto não está estribada em percepções de natureza sociológica, biológica e da mora sexual, como alguns erroneamente pensam, que nesta posição, se concebe as relações sexuais conjugais como sendo impuras. Portanto, não tem por base nem a razão científica e muito menos o preconceito moral.
Desta razão falarei na próxima postagem que será publicada, possivelmente, na segunda-feira, dia 1 de fevereiro.
Com atenção, fraternidade e zelo pelo Depósito da Fé,
Padre Mateus

[1] Existem pelo menos outras duas passagens em que o Evangelista Mateus utiliza a expressão “até que” como ênfase a uma realidade, mas sem delimitá-la: é o caso de Mateus 12: 18-20 onde se lê:
“Eis aqui o meu servo que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz; porei sobre ele o meu Espírito, e anunciará aos gentios o juízo. Não contenderá, nem clamará, nem alguém ouvirá pelas ruas a sua voz; não esmagará a cana quebrada e não apagará o morrão que fumega, até que faça triunfar o juízo”. Isto quer dizer que depois que o juízo triunfar, o Messias poderá contender, gritar, e esmagar a cana quebrada? E em Mateus 20:44 lemos:
“Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés”. Podemos deduzir que após os inimigos serem vencidos o Filho não mais exercerá o Governo junto com Seu Pai?