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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Cristo, Bom Samaritano

 

 

De acordo com um ancião que quis interpretar a parábola do Bom Samaritano, o homem que descia de Jerusalém em direcção a Jericó representa Adão, Jerusalém o paraíso, Jericó o mundo, os salteadores as forças malignas, o sacerdote a Lei, o levita os profetas, o samaritano Cristo. As feridas simbolizam a desobediência, a montada o Corpo do Senhor. [...] E a promessa de voltar, feita pelo samaritano, prefigura, de acordo com este intérprete, o segundo advento do Senhor. [...]
Este Samaritano carrega os nossos pecados (cf. Mt 8, 17) e sofre por nós. Pega no moribundo e condu-lo à estalagem, ou seja, à Igreja. A Igreja está aberta a todos, não recusa o seu socorro à ninguém e todos são convidados por Jesus: «Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos que Eu hei-de aliviar-vos» (Mt 11, 28). Após ter conduzido o ferido, o Samaritano não parte de imediato, mas fica todo o dia na hospedaria junto do moribundo. Trata-lhe das feridas não apenas durante o dia, mas também de noite, abraçando-o com dedicada solicitude. Verdadeiramente este guardião de almas mostrou-se mais próximo dos homens que a Lei e os profetas «dando prova de bondade» para com aquele «que tinha caído nas mãos dos salteadores» e «mostrou ser o seu próximo» mais pelos actos do que pelas palavras
Segundo a palavra: «Sede meus imitadores como eu o sou de Cristo» (1Cor 11, 1), é possível imitar Cristo e ter piedade dos que «caem nas mãos dos salteadores», aproximando-nos deles, ligando-lhes as feridas, vertendo óleo e vinho sobre elas, carregando-os sobre a nossa própria montada e transportando-lhes os fardos. É por isso que, para nos estimular, o Filho de Deus diz, dirigindo-se a todos nós, mais ainda que ao doutor da lei: «Vai, e faz o mesmo».

 

Orígenes (c. 185-253), presbítero e teólogo
Homilias sobre o Evangelho de Lucas, 34, 3.7-9; GCS 9, 201-202.204-205 (a partir de trad. Delhougne, Les Péres commentent, pp. 419-420)

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