No
ano de 980, durante os reinados de Basílio e Constantino os Porfirogênitos,
filhos de Romano o Novo, e do Patriarca de Constantinopla Nicolas Chrisobergos,
produziu-se no Monte Athos o seguinte milagre:
Nas
proximidades do Skite do Pantocratos, em Karyes, lugar onde se encontra o Santo
Mosteiro do Todo Poderoso (Pantocrator), existia uma cavidade natural onde
algumas celas monásticas eram edificadas. Dentre elas havia uma dedicada à
Dormição da Mãe de Deus, onde um Staretz (ancião) vivia com seu discípulo.
Certo
dia, este Ancião dirige-se à Vigília noturna, realizada todos os Domingos na
igreja daquele Skite, ordenando a seu discípulo que ficasse na cela em vigília
e oração. Ao anoitecer, um monge estrangeiro, completamente desconhecido daquele
discípulo, bate-lhe a porta. Ele abre e convida-o a passar a noite na cela.
Chegada a aurora daquele Domingo, eles levantam para celebrarem juntos o Ofício
de Orthros (Matinas). Na nona Ode do Cânone (parte do ofício citado) dá-se
início ao antigo hino “Tu mais Venerável
que os Querubins...”. O monge estrangeiro, no entanto, começa
diferentemente e canta: “Verdadeiramente é digno e justo, que Te bendigamos, ó
Bem-aventurada Mãe de Deus”, acrescentando em seguida “Tu mais venerável que os
Querubins... ".
O
discípulo ouve-o e admirado diz: habitualmente, nós cantamos: “Tu mais
venerável que os Querubins...” e esta é a primeira vez que escuto estas
palavras. Poderias, por favor, escrever-me este hino para que eu também possa
assim glorificar a Santíssima Mãe de Deus?”. Não havendo, no entanto, papel, o
monge estrangeiro escreve o hino numa placa de mármore com o seu dedo e ordena
ao jovem discípulo de glorificar sempre desta forma a Santíssima Mãe de Deus,
desaparecendo subitamente. As letras se gravam sobre a pedra como sobre a
argila e o discípulo entende que aquilo tratava-se de um Anjo de Deus.
Ao
retornar à cela, o Ancião encontra seu discípulo. Este conta-lhe o
acontecimento e mostra-lhe a placa. Ambos, juntos, dirigem-se ao Protaton,
descrevem a nova e mostram o mármore onde o hino estava inscrito.
Os
Padres convencem-se da aparição de um Anjo, louvam a Deus e ordenam que a
partir de então a Theotokos (Mãe de Deus) seria assim louvada e glorificada. A
placa de mármore foi enviada à piedosa comunidade da Santa Montanha, à
Constantinopla, ao Patriarca e ao rei, explicando aquilo que havia acontecido. A
partir de desta época o Hino foi difundido e cantado por todos os Ortodoxos em
honra à Santíssima Mãe de Deus.
O
Ícone da Mãe de Deus, diante do qual o Anjo cantou foi transferido para a
igreja do Pantocrator, onde permanece até hoje; ele encontra-se ao interior do
Santuário, sob o Trono. A cela toma e guarda, desde então, o nome de “Axion
Estin”, e o lugar foi nomeado “Adein” (cantar, louvar).
O
milagre está descrito nos Menaias (livros litúrgicos) de Junho e designado como
Synaxis do Arcanjo Gabriel no Monte Athos, de onde torna-se evidente, que os
Padres atônitas, em honra ao Anjo e em memória do milagre, ordenaram que uma
comemoração (uma espécie de coletânea) fosse celebrada aos 11 (24) de Junho e
que o Anjo que ali apareceu, fosse louvado nesta ocasião.
A
Synaxis do Arcanjo Gabriel à Adein: Desde sempre Tu cantas “Rejubila” à serva
de Deus e desde então louva-a dignamente.
Aos
11(24) do mês de junho, a venerável igreja da Mãe de Deus à Aiden recebe a
visita do Arcanjo Gabriel.
Pelas
orações e pela intercessão da Mãe de Deus, salva-nos, ó Senhor!
"Boletim
Interparoquial", dezembro de 2001